quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Redação:O aborto é uma questão de saúde pública.


O ABORTO : um problema de saúde pública, uma questão religiosa ou um direito individual da mulher?



Uma pesquisa à página da Câmara dos Deputados informa que há 17 Projetos de Lei que tramitam há vários anos na casa, com propostas de relaxamento ou endurecimento quanto à lei que trata do aborto.


13/10/ 2010 Datafolha


O apoio à proibição do aborto é o mais alto no Brasil desde 1993, quando o Datafolha começou a série histórica de perguntas sobre o tema. Segundo pesquisa realizada na última sexta-feira (08) em todo o país, 71% dos entrevistados afirmam que a legislação sobre o aborto deve ficar como está, contra 11% que defendem a ampliação das hipóteses em que a prática é permitida e 7% que apoiam a descriminalização.


Atualmente, o Código Penal brasileiro classifica o aborto entre os crimes contra a vida. A pena prevista para a mulher que o provocar ou permitir a prática em si mesma vai de um a três anos de detenção (artigo 124). O código prevê duas situações em que o aborto não é crime (artigo 128): se não há outro meio de salvar a vida da gestante e se a gravidez é resultado de estupro.


Segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, a rejeição recorde ao aborto pode ser resultado da ampla exposição que o tema teve nas últimas semanas.


Viajando na história...


Fragmentos de documentos antigos nos revelam que a prática do aborto é tão antiga quanto a capacidade humana de decisão. Técnicas anticoncepcionais podem ser identificadas em papiros egípcios de 1850 a 155 a.C, em que se prescrevem combinações de ervas, mel, água e outros elementos, com o fim de se evitar a concepção. Algumas afirmações deixam entrever que ocorria o aborto quando os métodos falhavam.


Um dos antigos documentos escritos a que temos acesso é o códigode Hamurabi de 1700 a.C, que menciona o aborto como uma realidade e o tipifica como um crime contra os interesses do pai e marido e também como lesão contra a mulher (PRADO, 1985).


Na Grécia antiga as posições são variáveis. Platão (427-347 a.C), na sua obra“República”, recomendava o aborto a mulheres acima de 40 anos e também como meio de contenção populacional (PLATÃO, 2002).


Seguindo seu mestre Platão, Aristóteles (383-322 a.C) no escritos denominados “Ética a Nicômaco”, também admitia o aborto para fins de controle demográfico, desde que se respeitasse o período de animação. Para ele, há uma diferenciação entre “feto formado e não-formado”. Está relacionado com a recepção da alma, que acontecia entre os 40 dias após a concepção para o sexo masculino e 80 dias para o feminino(ARISTÓTELES). Depois da recepção da alma não se poderia mais abortar.


Em Esparta, por causa dos interesses bélicos, o aborto era proibido. Contudo, o Estado poderia eliminar os malformados (PRADO, 1985).


Na Roma antiga, com a conversão ao cristianismo do Imperador Constantino, no século IV, há uma incorporação dos valores cristãos em defesa da vida. Neste viés, o aborto passa a ser considerado crime grave.


A história do ocidente é fortemente marcada pelos valores cristãos que vão dar a tônica subsequente à recusa ao aborto em todas as nações cristãs


No Brasil, o Código Penal através do Artigo 128:


Contempla os dois casos em que não se pune o aborto praticado pelo médico:


I - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante.


II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal .




A legislação específica do aborto não inclui como permissivas as interrupções de gravidezes de anencéfalos e anomalias fetais graves que não estejam colocando em risco a vida da mãe. Contudo, observa-se que tem aumentado o número de autorizações judiciais para que tais abortos aconteçam, não obstante a indefinição do Supremo Tribunal Federal quanto à questão.


As tentativas de descriminalização do aborto no Brasil nunca cessaram, desde os casos previstos no Código Penal de 1940. Quando recorremos à lista de Projetos de Lei e outras proposições quanto ao tema, encontramos mais de uma centena.


Apesar de o aborto ser legalmente aceito apenas em casos restritos no Brasil, cerca de 1 a 1,2 milhões de mulheres se submetem a este procedimento a cada ano, e 250.000 mulheres são atendidas em hospitais públicos em decorrência de complicações de aborto.


O que é aborto?
O “Dicionário de Termos Técnicos de Saúde” define aborto como a “Expulsão espontânea ou provocada do embrião ou feto de menos de 500 g de peso ou de até 20 semanas de idade gestacional, quando tem pouca ou nenhuma chance de sobrevivência fora do organismo materno. A expulsão do feto após essa idade gestacional é considerada internacionalmente como parto prematuro”. As notas definitórias aqui elencadas permitem balizar mais precisamente o que se considera aborto, fornecendo os seguintes elementos: inclui o embrião, fixa o tempo, restringindo a 20 semanas e ressalta que não tem condições de sobrevivência fora do útero materno.


Há no imaginário popular uma série de práticas e métodos, com o fim de se provocar a perda do embrião ou do feto. Destacam-se: introdução de sondas através do colo do útero, objetivando produzir contrações; injeção uterina de substâncias químicas como água sanitária e sabão; introdução de objetos em formato de bastão fino, como o talo da mamona e agulhas de tricô; instrumentos não apropriados com o intuito de se conseguir o efeito da curetagem; choques elétricos premeditados; bolsas de água quente; quedas e levantamento de pesos propositais (CESCA, 1996).


Os efeitos dessas práticas são os mais funestos, a saber: hemorragias, perfurações no útero, intoxicações, mutilações do colo e do útero, infecções graves e septicemia, entre tantos outros.


Aspectos éticos do aborto


Quando se discute o aspecto ético, moral e legal do aborto, quase sempre nos deparamos com argumentos repetitivos. Os favoráveis apelam para a autonomia da mulher que decide ou não levar a termo uma gravidez. Os contrários apelam para a dignidade da vida humana embrionária e fetal desde o início da vida.


Thomson (Apud PALMER, 2002) lança mão de três argumentos para fundamentar o direito ao aborto: no primeiro, afirma que a mulher tem direito à autodefesa, enquadrando o embrião e o feto indesejado, como um parasita que deve ser eliminado a todo custo. No segundo, ressalta o direito de posse do próprio corpo, permitindo à mulher o direito de usá-lo como quiser, o que inclui a possibilidade de não cedê-lo a alguém não desejado como o embrião e o feto. No terceiro, coloca o embrião e o feto como parte do corpo da mulher e não como unidade autônoma. Mantê-lo ou eliminá-lo, diz respeito somente à sua vontade. Justifica que ninguém está moralmente obrigado a fazer grandes sacrifícios.


Para Purdy e Tooley (Apud PALMER, 2002) os adversários do aborto são responsáveis por um prazer sexual menor ao criar a idéia de proibição do mesmo, além da culpa por falta de saúde física e mental da mulher, ao insistir que gravidezes indesejadas devem ser levadas a termo. Impõe, ainda, o ônus por mortes de mulheres que procuram o aborto clandestino, pelos maus-tratos de crianças, por crimes cometidos por indivíduos frustrados que deveriam ter sido abortados, pela perda da liberdade da população ao se sentir coibida por elementos rejeitados e não abortados.


Na fundamentação contrária, encontramos a reflexão da Igreja Católica que percorre duas vertentes: uma ética, gravitando em torno do valor da pessoa humana, cognominada Personalismo. Esta, funda-se na constatação de que o ser humano é pessoa, porque é o único ser no qual a vida torna-se capaz de uma reflexão sobre si mesma. É o único vivente que tem a capacidade de captar e descobrir o sentido das coisas e dar significado às suas expressões e à sua linguagem. É no corpo que se tem a consciência, que se encarna no tempo e no espaço, que se comunica, que manifesta sua individualidade.


Neste contexto de valorização da pessoa, no seu todo, a vida física ganha valor notável, porque valores como a liberdade e a consciência, entre outros,pressupõem a existência física da pessoa. Portanto, “o ser humano deve ser respeitado como pessoa, desde o primeiro instante da sua existência”

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Como será a prova de redação UNICAMP / 2011?

A prova de Redação, composta de três tarefas obrigatórias, leva em conta muito mais que o conhecimento da modalidade culta da língua. É um instrumento de avaliação da forma de escrever sobre um determinado assunto, e escrever implica processos de leitura e de elaboração de argumentos a partir de uma determinada situação. Cada proposta é acompanhada por instruções específicas que delineiam o propósito e o gênero do texto a ser elaborado com indicações dos interlocutores em jogo. Essas instruções devem ser rigorosamente seguidas. Cada proposta é acompanhada também de texto(s) para leitura que serve(m) de subsídio para sua elaboração.


Para que um texto se configure como bom, é preciso que o autor tenha uma experiência de leitura, que delineie um projeto de texto em função de um objetivo específico e o formule através da escrita. Nesse sentido, os parâmetros de avaliação de uma redação são as próprias condições de produção que lhe são fornecidas: o gênero e a interlocução que lhe é própria, o propósito (o tema, a motivação da escrita, as instruções que recortam esse tema de modo específico), a leitura, e a articulação escrita (modalidade/coesão).

Assim, o candidato, em relação:

1) à leitura: deve elaborar pontos de contato com a leitura do(s) texto(s) fornecido(s). Deve mostrar a relevância desses pontos para o seu projeto de texto e não simplesmente reproduzir o(s) texto(s) ou partes do(s) mesmo(s) em forma de colagem, sem elaboração dos elementos selecionados.

2) ao propósito: deve elaborar um texto que atenda ao propósito solicitado.

3) ao gênero e interlocução: deve elaborar seu projeto de texto de acordo com as características do gênero solicitado e dos interlocutores nele implicados.

4) à articulação escrita: deve elaborar um texto cuja leitura seja fluida e envolvente, resultante de uma estruturação sintático-semântica bem articulada pelos recursos coesivos. Deve, ainda, demonstrar o domínio de um conjunto lexical amplo e do padrão normativo das regras de acentuação, ortografia, concordância verbo-nominal, entre outras.



Os grifos são nossos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Questões discursivas...um bom treino.



01.
Leia o seguinte texto:

Verão excessivo
Eu sei que uma andorinha não faz verão, filosofou a andorinha-de-barriga-branca.
Está certo, mas agora nós somos tantas, no beiral, que faz um calor terrível, e eu não agüento mais! (Carlos Drummond de Andrade – Contos plausíveis)

a) Com base na queixa da andorinha-de-barriga-branca, reformule o provérbio “Uma andorinha não faz verão”.

b) Está adequado o emprego do verbo “filosofou”, tendo em vista que ele se refere ao provérbio citado no texto? Justifique sucintamente sua resposta.

02
Leia o seguinte texto:
Os irmãos Villas Bôas não conseguiram criar, como queriam, outros parques indígenas em outras áreas. Mas o que criaram dura até hoje, neste país juncado de ruínas novas.

a) Identifique o recurso expressivo de natureza semântica presente na expressão “ruínas novas”.

b) Que prática brasileira é criticada no trecho “país juncado (=coberto) de ruínas novas”?

03
Costuma-se exaltar a cabeça como fonte da razão e denunciar o coração como sede da insensatez, como músculo incapaz de ter autocrítica e de ser original. Que seja assim. E daí? Nada pior do que uma idéia feita, mas nada melhor do que um sentimento usado. A cabeça pode gostar de novidade, mas o coração adora repetir o já provado. Se as idéias vivem da originalidade, os sentimentos gostam da redundância. Não é por acaso que o prazer procura repetição.
(Zuenir Ventura. Crônicas de fim de século)

.a) Substitua a expressão “Que seja assim” por outra de sentido equivalente, tendo em vista o contexto.

b) Explique por que o autor considera que tanto a novidade quanto a redundância podem ser desejáveis.


O gabarito?...virá daqui a alguns dias.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

De olho no ENEM : Proposta de redação


A mulher brasileira no século XXI

O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, em 2010, completa 100 anos. Para marcar a data, no continente americano, o centenário foi dedicado a três líderes feministas haitianas que morreram no terremoto ocorrido recentemente no Haiti. No Brasil, a defesa integral do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) também mobiliza o movimento de mulheres para garantir os seis eixos considerados polêmicos, que inclui a questão da descriminalização do aborto.


Autonomia, liberdade e direitos iguais para as mulheres.

Educação - Ao longo da vida, as mulheres vivem várias situações de opressão e exploração. Na infância, a educação em casa e na escola é diferente para meninos e meninas. Para as meninas, ainda se exige "bom comportamento", obediência e a responsabilidade pelas tarefas domésticas.As mulheres com nível superior ganham, em média, 40% a menos que os homens com a mesma escolaridade (IBGE).

Trabalho - Apesar de as mulheres serem hoje a maioria nas universidades, elas ainda são também maioria entre as pessoas desempregadas e no trabalho informal, sem carteira assinada e sem direitos. Aquelas que conseguem emprego trabalham nas piores funções e com menores salários. As mulheres são minoria em todos os cargos de poder, nas chefias das empresas e no Congresso Nacional, apesar de constituírem mais da metade da população.

Lesbofobia - A orientação sexual afeta de forma decisiva a trajetória de vida das mulheres lésbicas. Dificuldades de relacionamento na escola, por chacotas de colegas e professores/as, muitas vezes resultam em abandono ou fracasso nos estudos. Também dificultam relações de vizinhança, além dos conflitos familiares. Nos processos de profissionalização e no ambiente de trabalho, os conflitos se tornam obstáculos para a construção de carreiras e para inserção no mundo do trabalho.

Violência - Onde há desigualdade e violência, não há democracia. Apesar de termos várias conquistas por meio de convenções e tratados internacionais, e na legislação de diversos países, em todo o mundo a violência contra as mulheres persiste. No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência. A maioria das mulheres assassinadas é morta pelo marido ou namorado, atual ou ex (OMS - Organização Mundial da Saúde).No Brasil, há pelo menos duas décadas o movimento de mulheres tem denunciado a violência doméstica como uma das mais graves expressões das desigualdades e da opressão vividas pelas mulheres na sociedade brasileira. No âmbito das relações afetivas, o ciúme ainda é usado para justificar intimidações (ora mais sutis, ora mais explícitas), além de agressões físicas e a violência sexual contra as mulheres

Racismo - Em nosso país, as relações sociais - histórica e culturalmente construídas - carregam uma forte marca patriarcal e racista, que se revela na violência sexual e na violência simbólica que atinge sobretudo as mulheres negras.Entre as categorias profissionais do país, a de trabalhador/a doméstico/a é exercida majoritariamente por mulheres negras. Mesmo após a Constituição de 1988, que ampliou direitos para as/os trabalhadoras/es no Brasil, ainda são negadas a essas trabalhadoras 27 direitos, garantidos a todas as outras categorias. A renda média das mulheres negras, em 2007, era de R$ 436,00; dos homens negros era de R$ 649,00; das mulheres brancas de R$ 797,00 e dos homens brancos de R$ 1.278,00 (IPEA-20070

ADITAL, Agência de Informação Frei Tito para América Latina,

No Brasil, mais mulheres são chefes de família

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que, nos últimos 10 anos, a participação feminina no mercado de trabalho no País subiu de 42% para 47,2%. E, entre elas, o número de mulheres chefes de família saltou de 25,9% para 34,9%.
Mas isso não significa que elas tenham se livrado das tarefas domésticas. Entre as que têm emprego, 87,9% cuidam dos afazeres do lar. O número médio de horas semanais dedicado a essas tarefas pelas mulheres é de 20 horas, enquanto para os homens, apenas nove horas.
.Dieese

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Apesar de ocuparem cada vez mais espaço nas fábricas, as mulheres ganham em média 27% menos do que os homens metalúrgicos, informa relatório produzido pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que, na média geral, as mulheres ganham 70% dos salários dos homens.
14/2/2010 / Jornal de Jundiaí.

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Entre os trabalhadores com nível superior no mercado de trabalho, 54% são mulheres. Há 65 anos, a mão-de-obra feminina correspondia a somente 19% da força de trabalho brasileira. Hoje, as mulheres ocupam cerca de 42% do mercado. No âmbito corporativo, cerca de 16% das empresas no Brasil são presididas por mulheres, o dobro do percentual registrado há dez anos. Elas já chefiam 25% das famílias, expandindo de maneira crescente sua participação no mercado de trabalho.

Esses são alguns dos números a comprovar que a mulher ocupa hoje um papel central na vida brasileira a dar um claro sinal de mudanças no mercado, nos valores culturais, nos padrões comportamentais, na comprovação definitiva de que a mulher passou a acreditar em seus potenciais criativos e intelectuais para galgar degraus em campos historicamente dominados por homens.

Urge, contudo, reconhecer que o preconceito resiste, muitas vezes velado, refletindo-se, por exemplo, na remuneração. Em geral, as mulheres ainda ganham menos que os homens mesmo que ocupam as mesmas funções. Cerca de 19% dos homens economicamente ativos e com mais de 15 anos de estudos ganham mais de 20 salários mínimos. Entre as mulheres em situação semelhante, esse número é de apenas 5%.

Os casos de violência doméstica - tendo a mulher como seu alvo principal - vêm de todas as partes , são extremamente corriqueiros e os números alarmantes. 11% das mulheres com mais de 15 anos admitiram ter sido vítimas de espancamento, ou seja, cerca de sete milhões de brasileiras foram agredidas pelo menos uma vez. Pior: os companheiros, familiares, parentes e pessoas próximas são os maiores agressores.

Relatório da Anistia Internacional revela que uma em cada três mulheres do planeta é espancada, abusada, estuprada, mutilada, escravizada ou morta por conta da violência doméstica. Vale dizer, mais de um bilhão de mulheres sofrem algum tipo de agressão física ou psicológica.

Continuam, também, sendo uma dura realidade os assédios sexual e moral , razão pela qual temos orientado as nossas ações e mobilizado as nossas energias para alterar essas realidades. Novas e importantes frentes de atuação se apresentam impondo novos sacrifícios, energias renovadas, coragem, determinação.

E, nessa trilha, a Ordem dos Advogados do Brasil, por suas diversas Seccionais, por suas Comissões de Mulheres Advogadas, têm liderado ações e iniciativas visando à promoção da condição feminina, promovendo cursos e discussões, onde as mulheres se preparam para atuar politicamente e mostrar seu talento no espaço do mercado. Neste Conselho Federal da OAB, a Comissão da Promoção da Igualdade tem contribuído sobremaneira para abrir os novos horizontes de lutas. A Comissão surgiu para atuar como bastião na defesa dos legítimos interesses de grupos alijados de seus plenos direitos constitucionais por preconceito e ignorância, estendendo, desta forma, os limites de sua ação institucional.

OAB_SP em 8 de março de 2010 / Excerto da homenagem à mulher prestada por Márcia Mellaré-Diretora da OAB

Proposta:
Enquanto a mídia exalta caras , bocas e corpos de 5% do contingente feminino, fazendo crer que mulheres são hedonistas,exibicionistas,fúteis e vazias, a verdade é que em pleno século XXI, mais de 70% delas são discriminadas e vítimas de preconceito.Muitas batalham , cotidianamente, para se imporem como profissionais competentes e seres humanos perseverantes e lutadores.
Como se pode considerar evoluído um país que se comporta assim? Campanhas tentam salvar a Mata Atlântica, o mico-leão dourado e reificam as mulheres?

Redija um texto de , aproximadamente, 25 linhas sobre o tema proposto .Prime pela língua culta. Dê título ao seu texto.

OBS IMPORTANTE :esse texto oferece dados preciosos para o desenvolvimento de uma outra proposta cujo tema é ‘ A nova constituição da família”.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Gabarito : Fuvest 2007-primeira fase


Desejo que você tenha realizado os exercícios e fique feliz com o resultado:



62-Em “Senti que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo“, o contexto determina que o anafórico destacadorecupera o efeito das luzes do anúncio no braço da personagem feminina.

Resposta: c

63- Há evidente contraste entre a cor vermelha intensa do luminoso e a palidez e suavidade da pele da
personagem. Os trechos reproduzidos na alternativa e mantêm o confronto entre as cores vermelha e branca
e o valor subjetivo que o contexto lhes confere: “banhos intermitentes de sangue” e “havia luz”. Em outro
nível de análise, é possível avaliar também que a oposição entre “banho vermelho” e os trechos “luar”/”ela
era toda pálida e suave” remete, respectivamente, aos universos da cultura e da natureza.

Resposta: e

64- No discurso direto, a pergunta assumiria a seguinte forma: Você gostou do quadro? Isso porque, na citaçãoliteral, os tempos verbais são balizados em função do momento da fala da personagem citada. O que
aconteceu anteriormente a essa fala, portanto, apareceria no pretérito perfeito. Já o discurso indireto tem
balizado o momento da fala do narrador. Logo, o que aconteceu num passado mais próximo a essa fala
aparece no pretérito perfeito; uma ocorrência anterior, no pretérito mais-que-perfeito.

Resposta: c

65- Sem dúvida, o autor do texto mostra-se atento aos variados usos da língua em contextos diferentes.
Percebe-se claramente isso quando ele argumenta que os “mineiros da roça” fariam “troça” se, seguindo o
padrão formal, o enunciador deixasse de usar a forma popular “varreção” para adotar “varrição”, obedecendo ao dicionário. Já no trecho “Fi-lo sofrer”, Rubem Alves observa com rigor as normas da língua culta escrita,pois agora seu interlocutor é outro — um amigo oculto, letrado, identificado como “paladino da língua portuguesa”.

Resposta: d

66- O termo “paladino” remete ao indivíduo destemido, que sempre está pronto a defender os oprimidos e
a luta por causas justas. No texto de Rubem Alves, a palavra “paladino” é associada a um defensor da variante culta da língua portuguesa, que acredita dever defendê-la dos “erros” cometidos pelo autor.

Resposta: a

67 Rubem Alves emprega as metáforas “sopa” e “prato”, respectivamente, para fazer referência ao conteúdo e à forma daquilo que escreve ou diz. No contexto, menciona o fato de o “amigo oculto” ler o que ele escreve (conteúdo) e, sem comentar se o texto é “bonito ou feio”, fixar-se na questão gramatical (forma): sempre lhe indica que o “prato está rachado”, ou seja, aponta o “descuido com o vernáculo”, tendo como parâmetro de qualidade o que é “certo” ou “errado” de acordo com o dicionário.

Resposta: b

68- O primeiro período do texto constitui claramente a formulação de uma tese, apresentando um comentário com elementos abstratos (“sutilezas”, “fúteis”, “vãs”, “atenção”) e genéricos: os “homens” não são particularizados, representam a totalidade dos seres humanos — o que atesta tratar-se de um período dissertativo.De “Aprovo” até a palavra “arte”, temos uma narrativa, caracterizada tanto por elementos concretos (personagens,“grão de alpiste”, “agulha”) quanto pela progressão temporal entre os enunciados. O trecho tem,assim, clara função de ilustrar a tese.No último período do texto a tese é ratificada e expandida, deixando explícito o posicionamento do enunciador.

Resposta: a

69- A expressão “muito embora” tem claro valor concessivo. Esse valor só é veiculado pela expressão “se bem que”, da alternativa e. Com efeito, “desde que”, “contanto que” e “a não ser que” têm valor condicional, e a expressão “uma vez que” tem valor explicativo.

Resposta: e

70- O romance A cidade e as serras traz algumas propostas de modernização da vida social portuguesa.Com a costumeira ironia, Eça de Queirós ataca tanto o atraso luso quanto a tendência a seguir um modelo de desenvolvimento que traria mais frustração do que felicidade. No entanto, tais propostas não tocam nas questões relativas à propriedade, sugerindo, ao contrário, uma defesa da aristocracia da terra. Nesse sentido, a proposição é mais conservadora e reformista do que transformadora e revolucionária.

Resposta: c

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Crônica é tudo que o autor chama de crônica".

A palavra crônica deriva do Latim chronica, que significava, no início da era cristã, o relato de acontecimentos em ordem cronológica (a narração de histórias segundo a ordem em que se sucedem no tempo). Era, portanto, um breve registro de eventos.


A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Este, como se sabe, é um veículo de informação diário e, portanto, veicula textos efêmeros. Um texto publicado no jornal de ontem dificilmente receberá atenção por parte dos leitores hoje.

O mesmo tende a acontecer com a crônica. O fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições.

Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se alimenta dos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica.

Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém.

Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.

A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista.

Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam.

Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.

Sobre a crônica
por Ivan Angelo
Texto publicado na VEJA SP, de 25/04/2007.

Uma leitora se refere aos textos aqui publicados como "reportagens". Um leitor os chama de "artigos". Um estudante fala deles como "contos". Há os que dizem: "seus comentários".
Outros os chamam de "críticas". Para alguns, é "sua coluna".
Estão errados? Tecnicamente, sim – são crônicas –, mas... Fernando Sabino, vacilando diante do campo aberto, escreveu que "crônica é tudo que o autor chama de crônica".


A dificuldade é que a crônica não é um formato, como o soneto, e muitos duvidam que seja um gênero literário, como o conto, a poesia lírica ou as meditações à maneira de Pascal. Leitores, indiferentes ao nome da rosa, dão à crônica prestígio, permanência e força. Mas vem cá: é literatura ou é jornalismo? Se o objetivo do autor é fazer literatura e ele sabe fazer...

Há crônicas que são dissertações, como em Machado de Assis; outras são poemas em prosa, como em Paulo Mendes Campos; outras são pequenos contos, como em Nelson Rodrigues; ou casos, como os de Fernando Sabino; outras são evocações, como em Drummond e Rubem Braga; ou memórias e reflexões, como em tantos. A crônica tem a mobilidade de aparências e de discursos que a poesia tem – e facilidades que a melhor poesia não se permite.


Está em toda a imprensa brasileira, de 150 anos para cá. O professor Antonio Candido observa: "Até se poderia dizer que sob vários aspectos é um gênero brasileiro, pela naturalidade com que se aclimatou aqui e pela originalidade com que aqui se desenvolveu".
Alexandre Eulálio, um sábio, explicou essa origem estrangeira: "É nosso familiar essay, possui tradição de primeira ordem, cultivada desde o amanhecer do periodismo nacional pelos maiores poetas e prosistas da época". Veio, pois, de um tipo de texto comum na imprensa inglesa do século XIX, afável, pessoal, sem cerimônia e no entanto pertinente.


Por que deu certo no Brasil? Mistérios do leitor. Talvez por ser a obra curta e o clima, quente.

A crônica é frágil e íntima, uma relação pessoal. Como se fosse escrita para um leitor, como se só com ele o narrador pudesse se expor tanto. Conversam sobre o momento, cúmplices: nós vimos isto, não é leitor?, vivemos isto, não é?, sentimos isto, não é? O narrador da crônica procura sensibilidades irmãs.


Se é tão antiga e íntima, por que muitos leitores não aprenderam a chamá-la pelo nome? É que ela tem muitas máscaras. Recorro a Eça de Queirós, mestre do estilo antigo. Ela "não tem a voz grossa da política, nem a voz indolente do poeta, nem a voz doutoral do crítico; tem uma pequena voz serena, leve e clara, com que conta aos seus amigos tudo o que andou ouvindo, perguntando, esmiuçando".

A crônica mudou, tudo muda. Como a própria sociedade que ela observa com olhos atentos. Não é preciso comparar grandezas, botar Rubem Braga diante de Machado de Assis. É mais exato apreciá-la desdobrando-se no tempo, como fez Antonio Candido em "A vida ao rés-do-chão": "Creio que a fórmula moderna, na qual entram um fato miúdo e um toque humorístico, com o seu quantum satis de poesia, representa o amadurecimento e o encontro mais puro da crônica consigo mesma". Ainda ele: "Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas".
Elementos que não funcionam na crônica: grandiloqüência, sectarismo, enrolação, arrogância, prolixidade. Elementos que funcionam: humor, intimidade, lirismo, surpresa, estilo, elegância, solidariedade.


Cronista mesmo não "se acha". As crônicas de Rubem Braga foram vistas pelo sagaz professor Davi Arrigucci como "forma complexa e única de uma relação do Eu com o mundo". Muito bem. Mas Rubem Braga não se achava o tal. Respondeu assim a um jornalista que lhe havia perguntado o que é crônica:


– Se não é aguda, é crônica.

COMO COMECEI A ESCREVER
Carlos Drummond de Andrade.

Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasil uma vez por semana aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois de publicadas no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia ensopada, uns sete dias mais tarde. Não dava para ler o papel transformado em mingau.


Papai era assinante da Gazeta de Notícias, e antes de aprender a ler eu me sentia fascinado pelas gravuras coloridas do suplemento de Domingo. Tentava decifrar o mistério das letras em redor das figuras, e mamãe me ajudava nisso. Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de um universo de palavras que era preciso conquistar.


Durante o curso, minhas professoras costumavam passar exercícios de redação. Cada um de nós tinha de escrever uma carta, narra um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever, que me permitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de expressão contido nos sinais reunidos em palavras.

Daí por diante as experiências foram se acumulando, sem que eu percebesse que estava descobrindo a leitura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ninguém falava em conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estavam germinando. Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. Depois, já rapaz, tive sorte de conhecer outros rapazes que também gostavam de ler e escrever.

Então começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões. Na mesa do café-sentado ( pois tomava-se café sentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar nem ser incomodado ) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas criticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza. Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não desfrutam desse tipo de amizade crítica.

domingo, 3 de outubro de 2010

A FUVEST está chegando...Exercícios para você!


FUVEST 2007 –PRIMEIRA FASE


Texto para as questões de 62 a 64

O anúncio luminoso de um edifício em frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face. Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos intervalos desse banho vermelho ela era toda pálida e suave.


Na roda havia um homem muito inteligente que falava muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu. Para que recensear a roda que falava de política e de pintura? Ela não dava atenção a ninguém. Quieta, às vezes sorrindo quando alguém lhe dirigia a palavra, ela apenas mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. “Muito!”, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro — e disse mais algumas palavras; mas mudou um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, interessada em si mesma, com um ar sonhador. (Rubem Braga, “A mulher que ia navegar”.)



62-O termo sublinhado no trecho “Senti que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo” refere-se, no texto,

a) ao sorriso que ela dava quando lhe dirigiam a palavra.
b) ao prazer silencioso e longo que ela fruía ao sorrir.
c) à percepção do efeito das luzes do anúncio em seu braço.
d) à falta de atenção aos que se encontravam ali reunidos.
e) à alegria da roda de amigos que falavam de política e de pintura.

63-Entre os dois segmentos “nos intervalos desse banho vermelho” e “ela era toda pálida e suave”, expressa-se um contraste que também ocorre entre

a) “O anúncio luminoso de um edifício” e “banhos intermitentes de sangue”.
b) “acendendo e apagando” e “banhos intermitentes de sangue”.
c) “acendendo e apagando” e “um edifício em frente”.
d) “Ela estava sentada junto à janela” e “havia luar”.
e) “banhos intermitentes de sangue” e “havia luar”.

64- “‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro.”
Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma verbal correspondente a “gostara” seria

a) gostasse.                                                    d) gostará.
b) gostava.                                                     e) gostaria.
c) gostou.

Texto para as questões de 65 a 67

Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no último “Quarto de Badulaques”. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo “varrer”. De fato, tratava-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário (...). O certo é “varrição”, e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim, porque nunca os ouvi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário (...). Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção”, quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.
 (Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques)

65-Ao manifestar-se quanto ao que seja “correto” ou “incorreto” no uso da língua portuguesa, o autor revela sua preocupação em

a) atender ao padrão culto, em “fi-lo”, e ao registro informal, em “varrição”.
b) corrigir formas condenáveis, como no caso de “barreção”, em vez de “varreção”.
c) valer-se o tempo todo de um registro informal, de que é exemplo a expressão “missivas eruditas”.
d) ponderar sobre a validade de diferentes usos da língua, em diferentes contextos.
e) negar que costume cometer deslizes quanto à grafia dos vocábulos.

66-O amigo é chamado de “paladino da língua portuguesa” porque

a) costuma escrever cartas em que aponta incorreções gramaticais do autor.
b) sofre com os constantes descuidos dos leitores de “Quarto de Badulaques”.
c) julga igualmente válidas todas as variedades da língua portuguesa.
d) comenta criteriosamente os conteúdos dos textos que o autor publica.
e) é tolerante com os equívocos que poderiam causar reprovação no vestibular.

67- “Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.”
Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o autor,

a) a forma e o conteúdo são indissociáveis em qualquer mensagem.
b) a forma é um acessório do conteúdo, que é o essencial.
c) o conteúdo prescinde de qualquer forma para se apresentar.
d) a forma perfeita é condição indispensável para o sentido exato do conteúdo.
e) o conteúdo é impreciso, se a forma apresenta alguma imperfeição.

Texto para as questões 68 e 69 -
Das vãs sutilezas

Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe três medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si. (


68-O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura:

a) formulação de uma tese; ilustração dessa tese por meio de uma narrativa; reiteração e expansão da tese inicial.
b) formulação de uma tese; refutação dessa tese por meio de uma narrativa; formulação de uma nova tese, inspirada pela narrativa.
c) desenvolvimento de uma narrativa; formulação de tese inspirada nos fatos dessa narrativa; demonstração dessa tese.
d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da narrativa; formulação de uma hipótese inspirada nos fatos narrados.
e) segmento dissertativo introdutório; desenvolvimento de uma descrição; rejeição da tese introdutória.

69-A expressão sublinhada no trecho “...ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si” pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido, por

a) desde que.                                                d) a não ser que.
b) contanto que.                                            e) se bem que.
c) uma vez que.

Texto para as questões 70 e 71

Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.Depois, muito gravemente:


— Tu dizes que na Natureza não há pensamento...


— Outra vez! Olha que maçada! Eu...


— Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós, desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se agita — que viva na paz de um sonho vago e nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes?


— Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos… (Eça de Queirós, A cidade e as serras.)

70-Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural

a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo, privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.
b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.
c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.



GABARITO??... VAI DEMORAR UM POUQUINHO!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vamos criar um artigo de opinião?



O artigo de opinião é um gênero jornalístico argumentativo escrito, publicado em jornais,revistas e internet, e sempre assinado. A assinatura identifica o autor, o responsável pela opinião.


A produção de um artigo de opinião pressupõe a existência de uma situação social de comunicação na qual estão envolvidos pelo menos um jornal ou uma revista, seu editor, um articulista por este convidado e leitores interessados em conhecer a opinião do referido articulista sobre determinados assuntos.

Os articulistas são em geral pessoas que não fazem parte do quadro de funcionários do jornal, mas especialistas no assunto que está sendo discutido, ou homens públicos que são convidados para escrever a sua opinião, não necessariamente a mesma do jornal. Eles representam áreas de atuação,como, por exemplo, a médica, a jurídica, a política, a sindical e outras, das quais são porta-vozes.

São homens reconhecidos por sua competência social ou profissional e, por isso mesmo, grandes formadores de opinião. São exemplos de articulistas Antônio Ermírio de Moraes, que representa parte do empresariado; José Sarney, uma certa posição política; e Ives Gandra da Silva Martins,advogado tributarista, porta-voz de parte do meio jurídico.

Esse reconhecimento é confirmado pelo jornal, que vê os articulistas como formadores de opinião e abre um espaço para que mostrem sua posição sobre um assunto, e pelo leitor, que os identifica como autoridades no tema tratado.

Como o artigo de opinião não é a divulgação de um fato, mas uma resposta ao que já se disse sobre ele, os articulistas tomam aquilo que já foi dito como objeto de crítica, de questionamento ou de concordância. Eles emitem seu ponto de vista e incorporam ao seu discurso a fala das outras pessoas que já se pronunciaram a respeito do tema, valorizando-a ou desqualificando-a. Dessa maneira, é como se eles se movimentassem em seus textos, ora se aproximando do que alguém já disse sobre o assunto e acolhendo-o, ora se afastando da opinião dos outros e contestando-a. No artigo, portanto, estão presentes diferentes vozes.

Todo esse movimento é feito tendo em vista o leitor, porque é para convencê-lo ou persuadi-lo que os articulistas escrevem. Para tanto, procuram engajá-lo na posição de aliado, antecipar suas possíveis objeções e levá-las em conta, incluindo-as em seu texto. Buscam também, na posição de articulistas que representam setores sociais, colocar seu ponto de vista como sendo “a verdade”.

O tom é o da persuasão.

O artigo de opinião é marcado por essa situação de produção, revelada, entre outras coisas, por marcas linguísticas que anunciam a posição dos articulistas (por exemplo, “penso que”, “do nosso ponto de vista”), introduzem os argumentos (“porque”, “pois”), trazem para o texto diferentes vozes (“alguns dizem que”, “as pesquisas apontam”, “os economistas argumentam que”), introduzem a conclusão (“portanto”, “logo”).

Resumindo:

Artigo de Opinião

Quem escreve: Um articulista que é autoridade em um assunto e é convidado por um jornal para dar sua opinião sobre algo polêmico que foi noticiado pelo jornal.

Para quem escreve: Para leitores interessados em saber sua opinião sobre a questão que causou polêmica.

Por que escreve: Para convencer seus leitores de que sua posição é a mais correta, argumentando sobre ela.

Onde circula o texto, habitualmente: Em jornais impressos ou virtuais e em revistas.

O que não pode faltar: A questão polêmica, as vozes que debatem a questão, a posição que o autor toma diante da polêmica, os argumentos que utiliza, a conclusão que fecha seu artigo.



Modelo de artigo de opinião.

FERNANDA TORRES

Eleições: o dom de iludir

O candidato é um ator em eterno teste; uma condição vexatória e desconfortável.

O que leva alguém a se candidatar à Presidência? A ser tão bisbilhotado, ofendido, pesquisado e aviltado? Que papel grandioso é esse cujo ensaio, estreia e temporada custam o fígado do próprio intérprete?

A política é um palco letal, o Coliseu romano da atualidade. Um lugar de ódios milenares, mágoas irreparáveis, conciliações imperdoáveis e, também, do temível ridículo. Eu seria incapaz de atuar sob tamanha pressão.

Não se trata apenas de dar conta de Rei Lear: tem que voar no jatinho, fazer a carreata, comer dobradinha, andar de mula e enfrentar a tempestade do Crato ao Pampa gritando “Uiva vento!” pelos palanques.

Tem que ter sangue de barata, paciência de Jó, cara de pau e vontade de elefante.

Outro dia me mandaram um link na internet onde a Dilma Rousseff se embananava toda para responder a uma simples questão: “Que livro a senhora está lendo?”

Qualquer um que cultive o prazer de ler sabe que um ser humano que está em plena campanha presidencial não tem cabeça nem tempo para se dedicar à leitura.

Talvez a “Arte da Guerra”, de Sun Tzu, entre um programa do Ratinho e outro, seja o único exemplar que resista ao tranco, por seu conteúdo bélico de autoajuda milenar.

Mas admitir que não está lendo porcaria nenhuma é encarar as manchetes do dia seguinte afirmando que fulano, ou fulana de tal, é um energúmeno, um(a) ignorante não afeito às letras.

Por isso Dilma se contorce, tentando se lembrar do último livro que leu, o que só consegue com a ajuda dos assessores. A duras penas acerta o título e a mais duras ainda arrisca um resumo dele. A pergunta corriqueira, quem diria, a colocou em um mato sem cachorro.

Se a tivessem arguído a respeito da política de juros, da dívida pública ou até mesmo de um espinhoso tema como o aborto, ela estaria apta a responder. Bastou uma perguntinha pessoal para que Dilma se afastasse brechtianamente da ciranda da candidata e caísse em si mesma, perdendo o fio do personagem.

O candidato é um ator em eterno teste. Uma condição vexatória e terrivelmente desconfortável.

José Serra escolheu o perfil do conciliador boa-praça, se manteve bem no personagem até que perdeu a paciência na rádio CBN diante da prensa de Míriam Leitão. Míriam, aliás, tem sido dos ossos mais duros de roer para os que estão na corrida presidencial.

Serra soltou um desabafo irritado a respeito do que pensava da relação entre a Presidência e o Banco Central. Depois, teve que remar forte para recuperar a imagem que passou semanas construindo, justificando de forma sincera que o horário matutino lhe havia puxado o tapete.

Qualquer razão idiota, como pular da cama cedo, pode colocar tudo a perder; da mesma forma que um celular que toca no meio de um espetáculo pode fazer Macbeth desencarnar de vez da alma de um ator.

A verdade e a franqueza são armas de destruição em massa na política, é necessário saber ocultá-las com desenvoltura e, muitíssimas vezes, mentir com convicção.

Marina Silva não titubeia, ela é a terceira via, pode dizer o que pensa. Apesar de ter sido ministra, ela não passa pelo comprometimento político dos dois outros adversários, pertencentes a partidos que já ocuparam o Planalto e fizeram alianças muitas vezes incompreensíveis para poder governar.

Marina está dentro e fora do jogo, uma posição importante e confortável.

Glorinha Beautmüller, fonoaudióloga e preparadora vocal de inúmeros atores e políticos, é uma figura lendária, dona de intuição aguçada, métodos nada ortodoxos e técnica que visa ancorar a palavra ao corpo e aos sentidos do palestrante.

Profissional ímpar, ela já botou de quatro modelos com ambições a atriz, para que perdessem a pose enquanto recitavam um texto, e aconselhou com veemência que Cláudia Jimenez falasse pela vagina na sua estreia no teatro profissional como uma das prostitutas de “A Ópera do Malandro”. Ao que Claudia, com seu talento e humor de sempre, respondeu, aplicada: “Eu estou tentando, Glorinha, estou tentando!”

Uma vez, a maga foi chamada às pressas a Brasília para atender um político repentinamente afônico e necessitado de discursar. Segura, não pestanejou no diagnóstico: “Meu filho, você está rouco desse jeito porque você mente demais!”

Hoje, o político ideal deve reunir o carisma de Sílvio Santos, a classe de Paulo Autran, a astúcia de Alexandre, o Grande, a retórica de Ruy Barbosa, o empreendedorismo de Antônio Ermírio, a responsabilidade do doutor Paulo Niemeyer, o desapego de Buda, a razão de Confúcio, a bondade de Cristo e ainda sair vivo da arena quando soltarem os leões famintos atrás da sua carne. Essa pessoa não existe. O político, portanto, tem que ter o dom de iludir.

Folha de S.Paulo / 29/05/2010
Proposta :

Selecione em um jornal – atualizado- um assunto/ fato em pauta nos editoriais e escreva um artigo de opinião sobre o tema escolhido.


OBS IMPORTANTE : Lembre-se de que o corretor não adivinha o que você quer dizer, assim como você não terá espaço ilimitado : seja claro e sucinto.