quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Arte de Ser Feliz.


Cecília Meirelles

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas, todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e , em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual para que o jardim não morresse.E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros ,e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes , abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola.Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham a boca sonhando com pardais.Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta.Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela,uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

(Quadrante- 2ª edição, Rio, 1962)



Leia atentamente o texto e observe que a autora desperta o leitor para enfoques bem distintos:

• Não percebemos que somos felizes, no cotidiano, vivendo acontecimentos corriqueiros e habituais.
• Frequentemente, olhamos “sem ver” , ou seja, não conseguimos avaliar com profundidade o que está ao nosso alcance.
• Aprender a “ olhar e ver” –“leitura” do mundo.


Um recadinho:
Eu, o outro, o mundo, a felicidade...é isso que vivemos no cotidiano, sem nos darmos conta de quanto é difícil perceber o que nos rodeia, quando nem sabemos olhar para nós próprios.
Um desafio: escreva sobre os tópicos selecionados.Se quiser que eu corrija seu texto envie-o para o email acima, identificando-se.Relaxe, solte-se,sinta-se livre, o papel permite tudo , até errar, porque erros podem ser corrigidos.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Leonardinho, um " senhor" malandro...





Esse livro está na lista da Fuvest( e da Unicamp!) há " séculos"...pelo menos é o que me parece porque de todos os nove selecionados , sem dúvida, é aquele que eu gostaria de trocar por qualquer um de Guimarães Rosa.

Mas,é apenas minha opinião. Acredito que muitos o adoram, e esse é mesmo o grande sentido da literatura : cada um escolhe o autor e obra com os quais se identifica.

Beijos.


Memórias de um Sargento de Milícias
Manuel Antônio de Almeida


Contexto Histórico:

O autor : MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA
Tempo Literário : 1850/60 / ultra-romantismo( o sentimentalismo mórbido)
Pós- Independência ( busca de identidade nacional)

O tempo da obra : extemporânea


A obra :
1852/1853 ( em folhetins /Correio Mercantil)
1854/1855 ( em livro /2 volumes)


Foco narrativo : terceira pessoa (?) onisciente leitor incluso ( histórias de um colega de repartição- Antônio César Ramos)


Espaço : a periferia do Rio de Janeiro ? ruas, casebres e o Zé-povinho.


Tempo: “Era no tempo do rei...”
Dois tempos: 1850/ o da narração
1810? O dos fatos narrados/ a vinda da família real.

Linguagem : jornalística ( ágil, dinâmica, moto-contínuo) e coloquial.


Estrutura : 2 partes ? 23 e 25 capítulos interligados pelas aventuras de Leonardo ( pai e filho)


Digressão e Metalinguagem / leitor incluso


Dinâmica da narrativa : amoralidade e bom humor.


Personagens : o Zé-povinho;
Tipos;
Sem letramento;
Transitam entre a ordem e a desordem.


Leonardo, o filho : anti-herói, golpista, sem ética, esperto, simpático.
Leonardo, o pai: ocioso, sem sorte, pouco inteligente, excessivamente sentimental.


Maria da Hortaliça : volúvel e desprovida de caráter.

A comadre – parteira/ o exercício da profissão permite-lhe arranjar a vida segundo seus interesses.

O Compadre : barbeiro/ identifica-se com o afilhado .

Major Vidigal : a repressão, a lei.

Luisinha : a heroína “às avessas”- tímida, feia e mal ajambrada.


Vidinha – a mulatinha sensual..

Somam-se a esses dezenas de personagens secundários que, anonimamente, imprimem velocidade , ritmo às ações e soluções.


A difícil classificação da obra :


Romântica?-
sim / há triângulo amoroso, sofri,mento, final feliz.


Realista?
Sim / há crítica, ironia, amor não idealizado, cenas cotidianas reais.


Documental?
Sim/ é o registro de uma época – o tempo do rei.

Costumes?
Sim/ as festas,as procissões,superstições,a igreja, a polícia descrevem costumes prenunciando as ações.

Picaresco?
Sim/ o personagem é oriundo de classes populares, é abandonado, sobrevive na semi- marginalidade.

Precursor do Romance Moderno : apresenta o anti-herói, vilão, não amoral e representa a dialética da malandragem ( ordem e desordem).

domingo, 16 de maio de 2010

Escolher uma profissão na adolescência...


Há quatro décadas tenho assistido à mesma cena : jovens angustiados e inseguros , tentando parecer maduros às vésperas de um vestibular.Nada os convence de que essa é uma escolha reversível, aliás, como qualquer outra pela qual passamos na vida.

Parece que eles constroem um muro em torno de si, gritam por socorro, mas não permitem uma ponte de comunicação capaz de ouvir quem quer que seja.Estão na melhor fase de suas vidas, incapazes de perceber quão efêmera ela é.

A todos que se sentem assim : Rubem Alves é uma chance de refletir e perceber que nada é definitvo nessa vida.Ser feliz é o que conta não importa em que profissão.

Muito cedo para decidir
Rubem Alves

Gandhi se casou menino. Foi casado menino. O contrato, foram os grandes que assinaram. Os dois nem sabiam direito o que estava acontecendo, ainda não haviam completado 10 anos de idade, estavam interessados em brincar. Ninguém era culpado: todo mundo estava sendo levado de roldão pelas engrenagens dessa máquina chamada sociedade, que tudo ignora sobre a felicidade e vai moendo as pessoas nos seus dentes. Os dois passaram o resto da vida se arrastando, pesos enormes, cada um fazendo a infelicidade do outro.

Vocês dirão que felizmente esse costume nunca existiu entre nós: obrigar crianças que nada sabem a entrar por caminhos nos quais terão de andar pelo resto da vida é coisa muito cruel e... burra! Além disso já existe entre nós remédio para casamento que não dá certo.

Antigamente, quando se queria dizer que uma decisão não era grave e podia ser desfeita, dizia-se: "isso não é casamento!". Naquele tempo, sim, casamento era decisão irremediável, para sempre, até que a morte os separasse, eterna comunhão de bens e comunhão de males. Mas agora os casamentos fazem-se e desfazem-se até mesmo contra a vontade do Papa, e os dois ficam livres para começar tudo de novo...

Pois dentro de poucos dias vai acontecer com nossos adolescentes coisa igual ou pior do que aconteceu com o Gandhi e a mulher dele, e ninguém se horroriza, ninguém grita, os pais até ajudam, concordam, empurram, fazem pressão, o filho não quer tomar a decisão, refuga, está com medo. "Tomar uma decisão para o resto da minha vida, meu pai! Não posso agora!" e o pai e a mãe perdem o sono, pensando que há algo errado com o menino ou a menina, e invocam o auxílio de psicólogos para ajudar...

Está chegando para muitos o momento terrível do vestibular, quando vão ser obrigados por uma máquina, do mesmo jeito como o foram Gandhi e Casturbai (era esse o nome da menina), a escrever num espaço em branco o nome da profissão que vão ter.

Do mesmo jeito não: a situação é muito mais grave. Porque casar e descasar são coisas que se resolvem rápido. Às vezes, antes de se descasar de uma ou de um, a pessoa já está com uma outra ou um outro. Mas, com a profissão não tem jeito de fazer assim. Pra casar, basta amar.

Mas na profissão, além de amar tem de saber. E o saber leva tempo pra crescer.

A dor que os adolescentes enfrentam agora é que, na verdade, eles não têm condições de saber o que é que eles amam. Mas a máquina os obriga a tomar uma decisão para o resto da vida, mesmo sem saber.

Saber que a gente gosta disso e gosta daquilo é fácil. O difícil é saber qual, dentre todas, é aquela de que a gente gosta supremamente. Pois, por causa dela, todas as outras terão de ser abandonadas. A isso que se dá o nome de "vocação"; que vem do latim, vocare, que quer dizer "chamar". É um chamado, que vem de dentro da gente, o sentimento de que existe alguma coisa bela, bonita e verdadeira à qual a gente deseja entregar a vida.

Entregar-se a uma profissão é igual a entrar para uma ordem religiosa. Os religiosos, por amor a Deus, fazem votos de castidade, pobreza e obediência. Pois, no momento em que você escrever a palavra fatídica no espaço em branco, você estará fazendo também os seus votos de dedicação total á sua ordem. Cada profissão é uma ordem religiosa, com seus papas, bispos, catecismos, pecados e inquisições.

Se você disser que a decisão não é tão séria assim , que o que está em jogo é só o aprendizado de um ofício para se ganhar a vida e, possivelmente, ficar rico, eu posso até dizer: "Tudo bem! Só que fico com dó de você! Pois não existe coisa mais chata que trabalhar só para ganhar dinheiro."

É o mesmo que dizer que, no casamento, amar não importa. Que o que importa é se o marido — ou a mulher — é rico. Imagine-se agora, nessa situação: você é casado ou casada, não gosta do marido ou da mulher, mas é obrigado a, diariamente, fazer carinho, agradar e fazer amor. Pode existir coisa mais terrível que isso? Pois é a isso que está obrigada uma pessoa, casada com uma profissão sem gostar dela. A situação é mais terrível que no casamento, pois no casamento sempre existe o recurso de umas infidelidades marginais. Mas o profissional, pobrezinho, gozará do seu direito de infidelidade com que outra profissão?

Não fique muito feliz se o seu filho já tem idéias claras sobre o assunto. Isso não é sinal de superioridade. Significa, apenas, que na mesa dele há um prato só. Se ele só tem nabos cozidos para comer, é claro que a decisão já está feita: comerá nabos cozidos e engordará com eles. A dor e a indecisão vêm quando há muitos pratos sobre a mesa e só se pode escolher um.

Um conselho aos pais e aos adolescentes: não levem muito a sério esse ato de colocar a profissão naquele lugar terrível. Aceitem que é muito cedo para uma decisão tão grave. Considerem que é possível que vocês, daqui a um ou dois anos, mudem de idéia. Eu mudei de idéia várias vezes, o que me fez muito bem. Se for necessário, comecem de novo. Não há pressa. Que diferença faz receber o diploma um ano antes ou um ano depois?

Em tudo isso o que causa a maior ansiedade não é nada sério: é aquela sensação boba que domina pais e filhos de que a vida é uma corrida e que é preciso sair correndo na frente para ganhar. Dá uma aflição danada ver os outros começando a corrida, enquanto a gente fica para trás.

Mas a vida não é uma corrida em linha reta. Quando se começa a correr na direção errada, quanto mais rápido for o corredor, mais longe ele ficará do ponto de chegada. Lembrem-se daquele maravilhoso aforismo de T. S. Eliot: "Num país de fugitivos os que andam na direção contrária parecem estar fugindo."

Assim, Raquel, não se aflija. A vida é uma ciranda com muitos começos.

Coloque lá a profissão que você julgar a mais de acordo com o seu coração, sabendo que nada é definitivo. Nem o casamento. Nem a profissão. E nem a própria vida...
O escritor responde a uma estudante angustiada e dá aos pais motivos para meditarem sobre a escolha da profissão.


O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 31.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Quando o ontem torna-se hoje:A Barca do Inferno




Oi...
Se você não leu essa obra, faça-o.
É impressionante como um clássico, 500 anos depois, pode ser tão atual. Perceba que os tipos sociais aqui descritos "vivem" ao seu lado no cotidiano .
É um texto que aguça o senso crítico e que pode ser muito útil para intertextualizar uma proposta de redação.



AUTO DA BARCA DO INFERNO –sinopse


Contexto:(1517)


O autor : Gil Vicente
Tempo literário : Humanismo ( XV) –Fase de Transição .


Teocentrismo ------------------------------Antropocentrismo
Deus HUMANISMO Homem


Fatos Relevantes :

A Revolução de Avis.
A Tomada de Ceuta.
A Imprensa ( Gutemberg)
A Bússola.
A Escola de Sagres.
A Expansão marítima.
O Fortalecimento da Monarquia.
A decadência do Feudalismo.
A burguesia emergente.
A Igreja perde poder sobre a cultura.
As bibliotecas situam-se fora dos conventos.
Valorização do saber e – conseqüentemente – do homem.


A Obra:

Auto ; representação teatral predominantemente religiosa.

Sátira : “ Ridendo castigat mores”.

Texto moralizante : exalta as virtudes.
Alegórico : simbólico.

Estrutura :

Quadros justapostos,
Sem unidade de ação,
Sem conflito,
Sem coesão narrativa ( gótico),
Cenas interligadas pela presença do Anjo e do Diabo.


Cenário : um ancoradouro
Duas barcas – a do céu e a do inferno.


Estilo : Coloquial
Poético.
Redondilhas maiores

Tema : a morte.


Personagens -tipo: representativas de classes sociais.
Almas de mortos submetidas a julgamento sobre seus atos em vida.

Obra moralizante: combate aos vícios e ao apego a bens materiais.


Personagens:

O Diabo : inquieto,astuto, dissimulado, ambíguo, mordaz
Linguagem picante,argumenta poderá antes de condenar.

O Anjo : autoritário e arrogante.


O nobre (D.Anrique) – vazio,vaidoso, presunçoso, abusou dos pobres.
( o pajem, o manto e a cadeira)

O Onzeneiro : o agiota, ganancioso,e usurário.
( a bolsa vazia)

O Parvo (Joane): tosco e simples, é recebido pelo Anjo pela ausência de malícia em seu comportamento.

O sapateiro : O roubo atenuado pela freqüência à Igreja e por auxílio aos semelhantes.
( as formas)

O Frade ( Brabriel) e a namorada ( Florença)>
Vivaz, sensível, ama a vida e vive um desencontro profissional.
( a espada, o escudo e o capacete)

A Alcoviteira ( Brísida Vaz):
Personagem repugnante , atrativo poderoso para o Diabo.
( seiscentos virgos).

O judeu : rejeitado pelo Anjo e pelo Diabo acaba indo a reboque na Barca do Inferno.
( o bode)

O corregedor ( autos)
O procurador ( livros)
O enforcado ( a corda) : os três representam a Justiça corrupta. Privilegiam-se nas instituições legais.

4 cavaleiros cruzados :
mártires mortos em defesa da fé.Entoam hinos e são recebidos pelo Anjo.
(escudos )

quarta-feira, 12 de maio de 2010

No" meu mundo" tem FUVEST! Desde...adivinhem!

...e , por esse motivo vai aqui a entrevista concedida à imprensa por Maria Theresa F. Rocco, sobre FUVEST . 11/05/2010 - 12h10 - UOL Fazer duas ou três redações por semana ajuda a ir bem no vestibular, diz diretora da Fuvest Ana Okada /Em São Paulo Escrever dois ou três textos por semana é a dica de Maria Thereza Fraga Rocco, diretora da Fuvest, para ir bem nas redações dos vestibulares. "Não adianta achar que vai redigir bem na hora, você não faz um bom redator de um dia para o outro. Percebo que quem escreve bastante adquire prática, e isso é fundamental para se obter uma boa redação", diz. A Fuvest divulgou nesta terça-feira (11) as 53 melhores redações do vestibular 2010. Apesar de o tema "Um mundo por imagens" ter sido considerado difícil por professores e vestibulandos ouvidos pelo UOL Vestibular, a diretora observa que o desempenho geral em redação foi bom e está melhorando ao longo dos anos. "A pessoa tinha que trabalhar mais com ideias, foi um tema que exigiu mais reflexão. No entanto, isso não alterou a qualidade dos textos", pondera Maria Thereza. • Redação foi parte mais difícil da prova de português da Fuvest 2010, avaliam professores • "Imagens" foram tema da redação da Fuvest 2010; candidatos acharam o assunto abstrato O que tem uma boa redação? A professora Maria Thereza explica que a boa redação deve ter progressão temática, argumentação sólida e deve responder ao que foi pedido na proposta. Erros de gramática podem tirar pontos de acordo com seu nível de gravidade: "Às vezes você faz um errinho que não interfere em nada; no entanto, se o texto interferir no sentido, aí será considerado", diz. A diretora explica também que os candidatos podem escrever com letra cursiva ou de forma: "A letra não tem que ser bonita, mas sim legível, senão não dá nem para corrigir", conta. Fugir completamente do tema, fazer um texto que não seja uma dissertação ou escrever a lápis podem levar o candidato a zerar na redação. Como é feita a correção? Para ser avaliada, a redação da segunda fase da Fuvest é, primeiramente, escaneada. Depois, ela é corrigida por dois corretores -um não toma conhecimento da nota dada pelo outro. Caso haja discrepância de mais de três pontos, o texto é avaliado por um terceiro corretor, que é supervisionado pela diretora da Fuvest. A correção demora 14 dias e mobiliza cerca de 70 corretores. "É uma parte muito bem feita, com professores, mestres, doutores... a correção está cada vez melhor", diz a professora. Aqui tem uma dica para quem gosta de escrever...sem Fuvest: só se aprende a escrever, escrevendo! Errando,relendo, corrigindo, enfim...trabalhando. A palavra -chave é PERSISTIR. Beijos.

domingo, 9 de maio de 2010

O prazer de aprender.


Oi...

Começar um blog é muito fácil e postar nele- quando se tem o que falar- mais ainda.
Mas , quando se trata de persuadir o leitor da importância de algo com o que ele é “obrigado” a conviver, já se torna mais complicado.

Entretanto, a Língua Portuguesa por si só já é um atrativo poderoso. Os que sabem usá-la descobriram do que ela é capaz ; os que não sabem , gostariam de fazê-lo, sentem-se estressados ao terem que enfrentá-la, porque “não gostam” dela (sem conhecê-la!).Este é o real problema : como gostar de algo que não entendo? Que não conheço? É difícil? Sem dúvida, como tudo aquilo que não conheço...mas posso aprender e gostar.

Sempre é hora de mudar . Comecemos, então...

A divisão didática : gramática/ redação/ literatura é apenas um arcabouço de ensino, nem sempre eficaz, uma vez que o aluno separa a língua portuguesa, tornando-se incapaz de relacionar o que a compõe,não percebendo que escrever pressupõe ler,conhecer elementos estruturais do idioma, interpretá-los, utilizá-los com clareza e coerência.E para tal é preciso conhecer todos os meandros do idioma, não apenas um deles.

É assustador o número de adolescentes que não consegue construir um texto com unidade e sequência lógica, seja ele crônica, carta, narração, dissertação ou outro qualquer. Como é que esse (a) menino(a) pode acompanhar um curso universitário? Não se trata aqui de “ passar no vestibular”, mas sim acompanhar o que virá depois dele. Facilitar a vida afetiva, social,estudantil, profissional... enfim, a vida!

Na verdade, tudo começa muito antes, quando não se sabe a regência de um verbo ou para que serve, quando não se percebe a importância de ler para formar uma consciência crítica, além do inenarrável prazer de descobrir um mundo novo nos livros.

NINGUÉM É OBRIGADO A GOSTAR DE UM LIVRO QUE LÊ, mas temos que desenvolver senso crítico a respeito do mundo que nos cerca. O livro é o começo disso, além de outros gêneros de leitura.

Tudo que aprendemos, sejam quaisquer as disciplinas,forma o que seremos , não como alunos, mas como PESSOAS. Há um velho e sábio ditado –“saber não ocupa lugar”- que diz isso de maneira simples e eficiente.

Pois bem, aqui entra a Língua Portuguesa. Para que todas as outras disciplinas transcorram sem problemas, é fundamental saber ler, interpretar, transmitir ideias , propor soluções, desvendar e resolver problemas, enfim, é através do português que chegamos lá.

Você será médico, engenheiro, jardineiro,matemático, professor, empresário, ou seja lá o que quiser e língua portuguesa não será um detalhe, será parte do seu sucesso. Não pense nela como algo para “nota” ou “ para passar no vestibular”. Será parte do seu cotidiano e pode mudá-lo para você.

Não sei se consegui convencê-lo, AINDA, mas quando entender e praticar o seu idioma, com certeza entenderá.

Passei dois terços da minha vida, sendo mais que um " dador" de aulas. Tenho tentado transformar pessoas em leitores,tenho tentado passar a beleza e clareza com que vejo o idioma. Conquistei alguns, o que já satisfatório, mas quero mais...

Assim,faço-lhe um convite...não é hora de começar a gostar da Língua Portuguesa , aprendendo-a?


Beijos.

Em tempo :Postaremos aqui preciosas dicas sobre a linguagem, a literatura,interpretação de textos...

Vamos aprender Língua Portuguesa porque vale a pena, para sermos melhores e não para "tirar nota".