quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Redação prá você: Liberdade : uma prisão sem muros?





PROPOSTA DE REDAÇÃO
                                 

O dicionário define “liberdade” como:
  • a qualidade ou estado de ser livre; e
  • a ausência de necessidade, coerção, ou restrição na escolha ou ação.

Texto 1-                                                                                                                                                                                                       Existe uma situação contraditória na vida humana e se apresenta a todas as pessoas com intensidades distintas, mas com clareza incontestável: a necessidade de ser livre e a dificuldade de sê-lo de maneira, se não absoluta, pelo menos satisfatória. A liberdade absoluta só é possível enquanto pura potência, enquanto é apenas possibilidade. Eu posso fazer qualquer escolha? Sim, sem dúvida. Mas, a partir do momento que escolho um bem, abro mão de outros tantos e limito, assim, minha liberdade ao bem escolhido. Essa limitação é necessária para que a liberdade seja efetiva. Se  quero a liberdade absoluta, terei que renunciar a qualquer tipo de escolha, de realização. Sendo assim, acabarei sem nada.

Texto 2-                                                                                                                                                                                               A primeira grande teoria filosófica da liberdade é exposta por Aristóteles em sua  obra Ética a Nicômaco e, com variantes, permanece através dos séculos, chegando  até o século XX, quando foi retomada por Sartre. Nessa concepção, a liberdade se  opõe ao que é condicionado externamente (necessidade) e ao que acontece sem  escolha deliberada (contingência). Diz Aristóteles que é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de não agir. A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma ou para ser autodeterminada. É pensada, também, como ausência de constrangimentos externos e internos, isto é, como uma capacidade que não encontra obstáculos para se realizar, nem é forçada por coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por nada e por ninguém.
Assim, na concepção aristotélica, a liberdade é o princípio para escolher entre alternativas possíveis, realizando-se como decisão e ato voluntário.                                                                                                     

Texto 3-                                                                                                                                                    
Segundo Filósofo Merleau-Ponty:
Escolhemos nosso mundo e nosso mundo nos escolhe… Concretamente tomada, a liberdade é sempre o encontro de nosso interior com o exterior, degradando-se, sem nunca tornar-se nula, à medida que diminui a tolerância dos dados corporais e institucionais de nossa vida. Há um campo de liberdade e uma “liberdade condicionada”, porque tenho possibilidades próximas e distantes…
A escolha de vida que fazemos tem sempre lugar sobre a base de situações dadas e possibilidades abertas. Minha liberdade pode desviar minha vida do sentido espontâneo que teria, mas o faz deslizando sobre este sentido, esposando-o inicialmente para depois afastar-se dele, e não por uma criação absoluta… Sou uma estrutura psicológica e histórica. Recebi uma maneira de existir, um estilo de existência. Todas as minhas ações e meus pensamentos estão em relação com essa estrutura.
No entanto, sou livre, não apesar disto ou aquém dessas motivações, mas por meio delas, são elas que me fazem comunicar com minha vida, com o mundo e com minha liberdade.

Texto 4                                                                                                                                                
  Realmente, só pelo fato de ser consciente das causas que inspiram minhas ações, estas causas já são objetos transcendentes para minha consciência; elas estão fora. Em vão tentaria apreendê-las. Escapo delas pela minha própria existência. Estou condenado a existir para sempre além da minha essência, além das causas e motivos dos meus atos. Estou condenado a ser livre. Isso quer dizer que nenhum limite para minha liberdade pode ser estabelecido, exceto a própria liberdade, ou, se você preferir; que nós não somos livres para deixar de ser livres                                                                          ( Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada)

Proposta :
Para Descartes, age com mais liberdade quem  melhor compreende as alternativas em escolha. Quanto mais claramente uma alternativa apareça como a verdadeira, mais facilmente se escolhe essa alternativa. Entretanto, pela coletânea acima, você pode perceber que o assunto propõe uma discussão mais ampla. Afinal,

Liberdade : uma prisão sem muros?

Redija um TEXTO DISSERTATIVO de aproximadamente 30 linhas. Utilize norma culta.

                                                                          Profª Gizelda

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