terça-feira, 30 de agosto de 2011

Escrever é arte e, também ,treino.Acostume-se.



 Redação  : texto adaptado da Fuvest 2004.

Não tenhas medo do passado. Se as pessoas te disserem que ele é irrevogável, não acredites nelas. O passado, o presente e o futuro não são mais do que um momento na perspectiva de Deus, a perspectiva na qual deveríamos tentar viver. O tempo e o espaço, a sucessão e a extensão, são meras condições acidentais do pensamento. A imaginação pode transcendê-las, e mais, numa esfera livre de existências ideais. Também as coisas são na sua essência aquilo em que decidimos torná-las. Uma coisa é segundo o modo como olhamos para ela.
Oscar Wilde, in 'De Profundis'


Nos três textos abaixo, manifestam-se diferentes concepções do tempo; o autor de cada um deles expõe uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:

Texto I
Mais do que nunca a história é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva a seus objetivos. (...) Os negócios da humanidade são hoje conduzidos especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a história é quase irrelevante; por isso, ela passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.
(Eric Hobsbawm, Tempos interessantes: uma vida no século XX)

Texto II
O que existe é o dia-a-dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a ver com o presente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo, não entende nada do que está acontecendo.
(Herberto Linhares, depoimento)

Texto III

Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar...
E quem sabe, então,
O Rio será
Alguma cidade submersa.
Os escafandristas virão
Explorar sua casa,
Seu quarto, suas coisas,
Sua alma, desvãos...
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,
Vestígios de estranha civilização.
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
Amores serão sempre amáveis.
Futuros amantes quiçá
Se amarão, sem saber,
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.

(Chico Buarque, “Futuros amantes”)



Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva.

Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além. O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o tempo passe e já não sejamos mais.

Montaigne



PROPOSTA:Redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, na qual você apontará, sucintamente, as diferentes concepções do tempo, presentes nos três textos, e argumentará em favor da concepção do tempo com a qual você mais se identifica.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

FUVEST 2011 acertou em cheio! Belíssima proposta.


REDAÇÃO FUVEST  / Janeiro 2011

      Observe esta imagem e leia com atenção os textos abaixo.


Texto 1

Um grandioso e raro espetáculo da natureza está em cena no Rio de  Janeiro. Trata-se da floração de palmeiras  Corypha umbraculifera, ou  palma talipot, no Aterro do Flamengo.
Trazidas do Sri Lanka pelo paisagista Roberto Burle Marx, elas florescem uma única vez na vida, cerca de cinquenta anos depois de  plantadas. Em seguida, iniciam um longo processo de morte, período em que produzem cerca de uma tonelada de sementes.
http://veja.abril.com.br, 09/12/2009. Adaptado.

Texto 2
Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot, um visitante teria comentado: “Como elas levam tanto tempo para florir, o senhor não estará mais aqui para ver”. O paisagista, então com mais de 50 anos, teria dito:
“Assim como alguém plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que outros também possam  contemplar”.
http://www.abap.org.br. Paisagem Escrita. nº 131, 10/11/2009. Adaptado.

Texto 3
Onde não há pensamento a longo prazo, dificilmente pode haver um senso de destino compartilhado, um  sentimento de irmandade, um impulso de cerrar fileiras, ficar ombro a ombro ou marchar no mesmo passo. A solidariedade tem pouca chance de brotar e fincar raízes. Os relacionamentos destacam-se sobretudo pela  fragilidade e pela superficialidade.
Z. Bauman. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Adaptado.

Texto 4
A cultura do sacrifício está morta. Deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver em nome de qualquer  coisa que não nós mesmos.
G. Lipovetsky, cit. por Z. Bauman, em A arte da vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

Como mostram os textos 1 e 2, a imagem de abnegação fornecida pela palma talipot, que, de certo modo, “sacrifica” a própria vida para criar novas vidas, é reforçada pelo altruísmo* de Roberto Burle Marx, que a  plantou, não para seu próprio proveito, mas para o dos outros. Em contraposição, o mundo atual teria escolhido  o caminho oposto.
Com base nas ideias e sugestões presentes na imagem e nos textos aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o seguinte tema:
O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?

*Altruísmo = s.m. Tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.
Instruções:
1- Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua  portuguesa.
2- A redação deverá ter entre 20 e 30 linhas.
3- Dê um título a sua redação.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"Dica" UFPR : um texto brilhante.

>“Novas Diretrizes em Tempos de Paz”, de Bosco Brasil



TEMPOS DE PAZ!
( Filme de Daniel Filho -2009)

 Qual a função da Arte num mundo conturbado? Esta é a pergunta presente neste magnífico filme de Daniel Filho,extraído da peça de Bosco Brasil “Novas Diretrizes em Tempo de Paz”. Toda a ação,restrita praticamente a dois personagens,se passa no Porto do Rio de Janeiro,anos 40,quando milhares de refugiados da guerra procuravam a América do Sul para começar vida nova. Quando o navio encostava no cais da Praça Mauá era feita a triagem que decidiria quem ficava ou quem partia de novo,numa peregrinação sofrida até encontrar um país que os aceitasse.

 O embate entre os dois personagens, um,funcionário da Alfândega no governo Vargas e o outro,um famoso ator polonês,que,desencantado com a arte queria virar agricultor,passa-se numa pequena sala,onde ambos sós consigo mesmos,confrontaram seus demônios. O funcionário(Tony Ramos),ex-torturador,agora um homem assustado,pois,com o governo soltando comunistas e presos políticos barbaramente torturados por ele,sentia-se ameaçado. Queime os arquivos e suma!diziam seus chefes sob as ordens de quem ele fazia o trabalho sujo. O ator,que emocionava multidões no seu país,se perguntava qual a função do teatro,num mundo destroçado pela guerra e pela brutalidade,as quais ele assistiu impassível,sem nada fazer. 

Quem era mais culpado:o que obedecia ordens e torturava e matava sem contestar nem discutir ou quem assistia impassível a tudo isso,quando tinha o dever (e os meios)de denunciar? O filme nos leva a fortes emoções.A magistral interpretação de Dan Stulbach como o ator Clausewistz,é o ponto alto do filme. Ameaçado de ter seu visto negado pelo funcionário,quando ambos travam diálogos memoráveis,recorre á emoção que o teatro passa ao público para direcionar o seu destino. Ambos,decepcionados com suas profissões,ambos batidos pela vida e mergulhados num torvelinho de culpas e horrores. 
Dois personagens frente a uma câmera,num espaço exíguo;e,nem por um momento o espectador consegue tirar os olhos da tela! Daniel Filho,o diretor,faz um breve aparecimento na tela,como um médico torturado e Louise Cardoso faz a irmã do torturador,preocupada com o futuro dele neste mundo de novas diretrizes. O filme homenageia alguns famosos atores,escritores,cientistas e dramaturgos que pularam deste navio para a fama,bem merecida,em terras brasileiras.


O entusiasmo na recepção da obra se reflete na conquista de dois prêmios importantes na categoria melhor texto: Shell e Associação Paulista dos Críticos de Artes - APCA, 2001.
VALE A PENA : LER O TEXTO E ASSISTIR AO FILME.



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Unicamp ...treinando!

Normas para um bom resumo.

1.
Separar os dados essenciais dos secundários.
2. Selecionar as ideias principais.
3. Considerar o que deve ser anotado de acordo com o uso que se vai fazer.
4. Relacionar os elementos destacados e condensá-los.
5. Não resumir antes de ler, de esclarecer todo o conteúdo, de sublinhar e fazer anotações na margem do texto.
6. Desenvolver o assunto com as próprias palavras, de maneira dissertativa, usando frases curtas.
7. Usar parágrafos para separar os elementos importantes e diferentes. 

8. Em cada parágrafo, deverá haver um só elemento importante 03

Faça um resumo, de até 10 linhas, do texto abaixo.

A Vida após a Morte

Muitos cientistas, talvez a maioria, não acreditam em Deus, muito menos na vida após a morte. Os argumentos não são fáceis de contestar. Um professor de matemática me perguntou o que existia de mágico no número 2. "Por que você não acredita que teremos três ou quatro vidas, cada uma num estágio superior?" O que faria sentido, disse ele, seriam os números zero, 1 e infinito. Zero vida seria a morte; uma vida, aquela que temos; e infinitas vidas, justamente a visão hinduísta e espírita.
Outro dia, um amigo biólogo me perguntou se eu gostaria de conviver bilhões de anos ao lado dos ectoplasmas de macaco, camundongo, besouro e formiga, trilhões de trilhões de vidas após a morte. "Você vai passar a eternidade perguntando: ‘É você,mamãe?’, até finalmente encontrá-la." Não somos biologicamente tão superiores aos animais como imaginávamos 2 000 anos atrás. "É uma arrogância humana", continuou meu amigo biólogo, "achar que só nós merecemos uma segunda vida."
O cientista Carl Sagan adverte, como muitos outros, que vida só se tem uma e que devemos aproveitar ao máximo a que temos. "Carpe diem", ensinava o ator Robin Williams, "curtam o sexo e o rock and roll." Sociólogos e cientistas políticos vão argumentar que o céu é um engenhoso truque das classes religiosas para manter as massas "bem-comportadas e responsáveis".
Aonde eu quero chegar é que, dependendo de sua resposta a essa questão, seu comportamento em terra será criticamente diferente. Resolver essa dúvida religiosa logo no início da vida adulta é mais importante do que se imagina. Obviamente, essa questão tem inúmeros ângulos e dimensões mais completas do que este curto ponto de vista, mas existe uma dimensão que poucos discutem, o que me preocupa. Eu, pessoalmente, acredito na vida após a morte. Acredito que existem até provas científicas compatíveis com as escrituras religiosas. A genética mostra que você continuará vivo, depois de sua morte, no DNA de seus filhos. Seu DNA poderá ser eterno, ele continuará "vivo" em nossa progênie, nos netos e bisnetos. "Nossa" vida continua;
geração após geração, teremos infinitas vidas, como pregam os espíritas e os hindus.
Mais interessante ainda, seus genes serão lentamente misturados, através do casamento de filhos e netos, com praticamente os de todos os outros seres humanos da Terra. Seremos lentamente todos irmãos ou parentes, uma grande irmandade, como rezam muitos textos místicos e religiosos. Por isso, precisamos ser mais solidários, fraternos uns com os outros, e perdoar, como pregam todas as religiões. A pessoa que hoje você está ajudando ou perseguindo poderá vir a ser o bisavô daquela moça que vai um dia se casar com seu bisneto.
Seremos todos um, católicos, anglicanos, protestantes, negros, árabes e judeus, sem guerras religiosas nem conflitos raciais. É simplesmente uma questão de tempo. Por isso, temos de adotar um estilo de vida "bem-comportado e responsável", seguindo preceitos éticos e morais úteis às novas gerações.
Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia-a-dia, mas nunca à custa de nossos filhos, deixando um planeta poluído, cheio de dívidas públicas e previdenciárias para eles pagarem. Estamos deixando um mundo pior para nós mesmos, são nossos genes que viverão nesse futuro. Inferno nessa concepção é deixar filhos drogados, sem valores morais, sem recursos, desempregados, sem uma profissão útil e social. Se não transmitirmos uma ética robusta a eles, nosso DNA terá curta duração.
"Estar no céu" significa saber que seus filhos e netos serão bem-sucedidos, que serão dignos de seu sobrenome, que carregarão seus genes com orgulho e veneração. Ninguém precisa ter medo da morte sabendo que seus genes serão imortais. Assim fica claro qual é um dos principais objetivos na vida: criar filhos sadios, educá-los antes que alguém os "eduque" e apoiá-los naquilo que for necessário. Por isso, as mulheres são psicologicamente mais bem resolvidas quanto a seu papel no mundo do que os homens, com exceção das feministas.
Homens que têm mil outros objetivos nunca se realizam, procurando a imortalidade na academia ou matando-se uns aos outros. Se você pretende ser imortal, cuide bem daqueles que continuarão a carregar seu DNA, com carinho, amor e, principalmente,
dedicação.
(Stephen Kanitz, Veja, edição 2061, maio 2008.)

Não se engane...sem treino ninguém escreve! Vá á luta!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

De olho no ENEM... Trote, uma prática medieval.

A porta dos fundos do ensino “superior”


Primeiro contato de muitos jovens com a faculdade começa com trotes violentos e humilhantes. O que esperar depois? 

Todos os anos, nesta época, a triste cena se repete em dezenas de universidades. Calouros chamados de bichos são agredidos e obrigados a cumprir ordens de veteranos alterados e histéricos. Por vezes alguns desses novos universitários enfrentam situações ainda mais graves sofrendo traumas psicológicos, ferimentos e nos casos extremos, até mesmo a morte.
O mais comum é vermos jovens cobertos de tinta pedindo dinheiro nos cruzamentos para a compra de bebidas alcoólicas. As pessoas, com algumas poucas exceções, observam esse espetáculo, mais parecido com um circo de horrores, com complacência e mesmo simpatia. Claro, diriam muitos deles, são jovens comemorando um momento especial de suas vidas. Será mesmo?


Então, vejam abaixo algumas das manchetes de imprensa selecionadas aleatoriamente nas duas últimas semanas:
- Trotes com álcool levam calouros a posto médico;
- Faculdade é criticada por trote violento;
- Trote teve direito a desfile de “bixetes” sobre passarela de calouros;
- Universidade investiga trote com fezes de animal e urina;
- Três calouros são internados em coma alcoólico após trote.
(Tomei o cuidado de não citar os estabelecimentos e as cidades, pois fiz apenas um apanhado sem qualquer pretensão estatística, só ilustrativa).
Bem, diante desses fatos fartamente divulgados pelos veículos de comunicação, proponho uma reflexão:
O que esperar do futuro desses jovens? Qual a responsabilidade desses estabelecimentos ditos de ensino superior?


Os administradores dessas faculdades e universidades costumam fazer vistas grossas aos trotes. A alegação mais comum é de que não é possível controlar a ação dos estudantes que ocorrem em pontos diversos, muitas vezes fora do estabelecimento de ensino.
Lavar as mãos não parece ser a atitude correta de dirigentes universitários responsáveis pela formação das futuras lideranças do país. É preciso romper esse círculo vicioso e gratuito, e criar junto com seus estudantes, familiares e funcionários, alternativas mais amigáveis e construtivas.
Esses mesmos gestores, que nada fazem diante de casos de trotes violentos, deveriam refletir se estão realmente contribuindo para a formação de homens e mulheres aptos a construir um mundo melhor para se viver. Algo tão marcante para um jovem, que é o ingresso numa faculdade, não deveria ocorrer de uma maneira mais positiva e gratificante a ser lembrado pelo resto de suas vidas?
Ao permitir atos de barbárie logo na porta de entrada, dirigentes omissos, nada estarão contribuindo para a disseminação de valores como ética, respeito, solidariedade e compromisso com o futuro. Pelo contrário, estarão prestando seu apoio, mesmo que involuntário, a um mundo em que prevalece a prepotência, a selvageria e a truculência. Esse calouro maltratado, fatalmente tenderá, a reproduzir os mesmos atos nos anos seguintes.
A faculdade tem a obrigação de criar um ambiente propício ao desenvolvimento de seus estudantes.  É um tempo e espaço preciosos na vida dos jovens que deve ser bem aproveitado para a troca de experiências e enriquecimento pessoal.


Enxergar a importância da universidade
Mas se as faculdades possuem responsabilidades inerentes à formação e educação de seus alunos, estes por sua vez também devem assumir um compromisso junto à sociedade que representam.
Segundo dados do MEC, o Brasil possui 5 milhões de estudantes universitários, sendo que a esmagadora maioria, ou 90% cursam faculdades particulares.  No universo  populacional de quase 200 milhões de habitantes essa classe  com representação menor que 3% pode ser considerada a elite da elite ou como diriam os franceses .
Um jovem que tem a oportunidade de cursar uma universidade precisa ter em mente a responsabilidade de integrar um seleto grupo de privilegiados. Uma elite que deveria pensar e trabalhar pela construção de um Brasil melhor para o seu povo.
O desafio vai além de enxergar a faculdade como um mero caminho para se alcançar o mercado de trabalho. É preciso ser um profissional preparado a desempenhar habilidades técnicas, mas também repleto de valores fundamentais para o exercício de uma vida saudável em sociedade. Princípios éticos, solidários, livres de preconceito e com um olhar apurado para o respeito aos direitos das pessoas. Enfim, jovens com sólida formação humana e intelectual capazes de reverter em benefício de toda a sociedade, a confiança neles depositada.


Trotes solidários para o início de um processo de mudança
Uma maneira de romper com esse ciclo de inércia é exatamente colocar nossos jovens na linha de frente do voluntariado. Nesse sentido, as universidades deveriam criar condições e incentivar estudantes, por meio de palestras, eventos e programas específicos que envolvam atividades de cunho social e ambiental. Conhecer e colaborar com as diversas realidades que compõem o nosso país.  Valores como cidadania, solidariedade e tolerância poderiam ser cultivados, inclusive, logo na entrada desses estudantes na universidade. Essas ações poderiam muito bem substituir os trotes medíocres e sem sentido.
É preciso mudar essa rota e desde já trilhar o caminho da construção de uma nova visão.  Uma visão de sustentabilidade onde todos atuam e todos ganham, sejam eles estudantes, trabalhadores ou empresários.  A Sociedade brasileira, com certeza, irá agradecer e recompensar essa nova elite mais comprometida com o futuro do país.

CARTA CAPITAL
Reinaldo Canto 24 de fevereiro de 2011

As primeiras universidades surgiram na Europa em plena Idade Média. Foram um sopro de liberdade. Permitiram progressivamente ao homem atuar segundo a razão, em vez de apenas obedecer a dogmas. Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que nasciam os centros de estudo, surgia uma instituição muito mais tributária da ideia que hoje fazemos da "Idade das Trevas": o trote. Os primeiros registros da prática datam do início do século XIV. Calouros da região correspondente à moderna Alemanha eram obrigados a andar nus e ingerir fezes de animais mediante a promessa de que poderiam se vingar nos novatos do ano seguinte. "Os alunos veteranos descontavam nos mais novos a repressão promovida em sala de aula por professores rigorosos", afirma Antônio Zuin, professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autor do livro O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação.
Neste ano, por exemplo, uma tropa de veteranos da Universidade de Brasília (UnB) exibiu sua porção medieval ao obrigar calouras a simular sexo oral com uma linguiça envolta numa camisinha e embebida em leite condensado. Americanos e franceses, entre outros, também tem motivos para lamentar. Lá, como aqui, o trote persiste, preocupa e escapa do controle.

Thiago Queirós/
www.unb.br/noticias/unbagencia/cpmod.php?id=84781


Proposta

Instituições tentam implementar programas de "boas-vindas aos calouros", mas ainda falham em coibir agressões e humilhações. Antonio Ribeiro de Almeida Júnior, professor de sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e autor do livro Universidade, Preconceito e Trote diz:A proibição por si só não funciona. É preciso punir aqueles que desrespeitam a norma. O problema é que normalmente as universidades se restringem a abrir inquéritos, mas ninguém é punido".                                                 

Trote, uma prática medieval que desafia as universidades.

Redija um texto dissertativo sobre o tema proposto, utilizando a norma culta. Dê título a seu texto.


Atualização :


22/03/2013 - 12h52 / Atualizada 25/03/2013 - 13h31

 

UFRGS irá investigar trote com cabeça de porco e vísceras de peixe

Do UOL, em Porto Alegre

Na última sexta-feira (15), calouros da faculdade de engenharia civil da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) participaram de trote envolvendo uma cabeça de porco, vísceras de peixe e ovos podres. Imagens do trote foram parar na internet e geraram repercussão negativa.
(...)

Sem violência física

A nota emitida pela universidade afirma que a recepção aos calouros, apesar de constrangedora, não utilizou violência física. "Os comportamentos inapropriados até o momento detectado no caso em questão, que envolvem o desnecessário uso de carcaças e vísceras de animais, apesar de sanitariamente inadequados e ambientalmente incorretos, não se comparam ao ocorrido em outras universidades, sendo muito mais um fruto da imaturidade do que de ações de posturas politicamente incorretas."


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“Trote racista na UFMG incita discriminação e preconceito”

 20 de março de 2013 às 1:02
                          
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apura se houve excessos por parte de estudantes em um trote promovido dentro Faculdade de Direito na última semana. Imagens do evento foram divulgadas nesta segunda-feira e já causaram polêmica nas redes sociais. Internautas ficaram revoltados com algumas fotos que mostram atos racistas durante a ação. Uma reunião extraordinária foi convocada para esta terça-feira pelo Centro Acadêmico Afonso Pena. 

Em uma das fotos, uma jovem aparece acorrentada e pintada com tinta preta. Em seu pescoço foi pendurada uma placa com o nome de "Chica da Silva", fazendo alusão a escrava que viveu em Diamantina, na Região Central de Minas Gerais, e que ganhou a alforria depois de se envolver amorosamente com um contador famoso no século 18. Uma segunda fotografia, mostra um calouro amarrado a uma pilastra e outros estudantes fazendo saudações nazistas. Entre os veteranos, um jovem ainda utiliza bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler (1889 -1945). 


Em nota, reitoria repudia ato contra calouros.