terça-feira, 25 de setembro de 2012

Relatório? Será?!!!!!





Bem...nunca se sabe. Em se tratando da Unicamp , tudo é possível.Depois do Verbete, por que não solicitar que os alunos façam um relatório? Desejo que isso não ocorra, mas ...aí está o básico.

Conceito de  RELATÓRIO

"É a exposição escrita na qual se descrevem fatos verificados mediante pesquisas ou se historia a execução de serviços ou de experiências. É geralmente acompanhado de documentos demonstrativos, tais como tabelas, gráficos, estatísticas e outros." (UFPR, 1996)

Objetivos
De um modo geral, podemos dizer que os relatórios são escritos com os objetivos:
  • Divulgar  os dados técnicos obtidos e analisados;
  • Registrá-los em caráter permanente.
Como fazer um relatório?
Basicamente,  pode-se considerar dois tipos de relatórios: o profissional e o acadêmico. Ambos possuem regras , e o mesmo objetivo : relatar o desenvolvimento de um trabalho ou de uma pesquisa, informando e quantificando os seus resultados de forma detalhada. Poderíamos ainda citar relatórios de gestão, de inquérito, de atividades, e outros, mas todos são tão específicos que , dificilmente, seriam solicitados fora do seu âmbito particular.

Qualquer que seja o relatório, ele  deve se realizado para justificar  o resultado de uma atividade ou pesquisa. Logo, há necessidade de material de apoio para o seu desenvolvimento, sendo fundamental que, enquanto estiver realizando a ação objeto do relatório, pesquisa, trabalho, estágio, e outros, sejam feitas anotações sobre todos os pontos relevantes que forem acontecendo merecedores de  atenção.
Isso pode complementar de maneira enriquecedora o relatório de um livro, de estágio, de uma pesquisa ou de uma atividade qualquer. Salientar os pontos relevantes, dúvidas, pormenores, principais personagens, curiosidades e outros pontos que detalhem ser a redação do parágrafo final. Obviamente, há que se fazer uma seleção criteriosa e descartar o menos interessante.

O relatório  acadêmico precisa necessariamente ter objetivos bem definidos e deve ser dividido em introdução, desenvolvimento e conclusão. O título deve ser simples e vir seguido da identificação ( turma,nome,  departamento).

Estrutura:
Introdução : deve constar  nela ,de modo sintético, todo o conteúdo do relatório, assim como os objetivos, a abrangência da pesquisa  trabalho  e a metodologia utilizada.

Desenvolvimento: listam-se  os dados, depoimentos e estatísticas que  em textos,  gráficos e tabelas para ampliar o trabalho de maneira a não deixar dúvidas. Trata-se de discussão e análise de dados.
O relatório não pretende argumentar sobre coisa alguma, mas apenas de relatar dados ou informações pesquisadas e selecionadas de modo a justificar um a pesquisa.

Conclusão: deve conter o resultado dos dados apresentados no desenvolvimento .Pode, inclusive, recomendar /sugerir alguma modificação que se fizer pertinente aos dados analisa

Linguagem: formal e/ou técnica quando necessário,  clara, objetiva e concisa. Utiliza-se a ordem direta em língua formal.

Publico-alvo:normalmente, os leitores de relatórios são pessoas de perfis bem definidos, capazes de entenderem o trabalho que está sendo exposto porque faz parte do seu universo profissional.

No mais, capricho, correção, clareza e ...boa sorte!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Unicamp 2013 ...já chegou!




A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) recebeu 67.403 inscrições para o vestibular 2013 e registrou recorde de número de inscritos. Segundo a assessoria de imprensa da universidade, é o quarto ano consecutivo que a Unicamp registra crescimento do número de candidatos. No ano passado, foram recedidas 61.509 inscrições. 
Medicina é o curso mais concorrido, como acontece desde que a Unicamp desenvolveu vestibular próprio, com 13.998 candidatos - são 127,3 candidatos por vaga. Em seguida, aparece o curso de arquitetura e urbanismo (97,1 c/v), medicina na Famerp (72,0 c/v), engenharia civil (51,9 c/v) e engenharia química - Integral (44,7 c/v). 
No total, são oferecidas 3.444 vagas em 68 cursos da Unicamp e dois cursos da Famerp.

UOL /20/09/2012

Redação:
No vestibular do ano passado, os candidatos deveriam redigir três textos na prova de redação. Nesse ano houve alterações, e os candidatos deverão produzir apenas dois textos de gêneros distintos e de execução obrigatória na prova de redação.

Esse fato melhora as condições de realização da produção de textos?

 No quesito tempo, sim. Sem dúvida, redigir dois textos em vez de três demanda menos tempo.

No quesito nota , não. Mais textos, maiores as chances de nota, obviamente.

Porém, quando você tem 67.403 inscritos e só 3.444 vagas, sendo 127,3 candidatos a uma vaga em Medicina, não há dúvida de que...

você vai precisar de excelência na prova.

Ser bom é muito pouco!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Aprendeu a escrever um artigo de opinião? Não? Então , aprenda!


Se a resposta for "sim", ponto prá você! Se for "não", leia com atenção o texto publicado pela Folha de SP em 16 /07/2012. Perfeito!

Ciúme, infelicidade e crime
LUIZA NAGIB ELUF

Supervalorizar a fidelidade é um erro. Os amores livres, sem mentiras, narrados por Stieg Larsson nos mostram: nossa natureza não é a exclusividade
O ciúme nasce com o ser humano. Irmãos lutam pela atenção dos pais, crianças têm apego possessivo pelos brinquedos. No entanto, além das tendências inatas, padrões culturais centenários insuflam o sentimento de posse, de domínio do outro nas relações afetivas e sexuais.
Ao contrário do que disse Vinícius de Moraes, o ciúme não é o perfume do amor -e pode ser sua desgraça. Impossível estabelecer uma relação gratificante quando as perseguições e as cobranças são a tônica da vida a dois.
A exclusividade entre parceiros não deveria merecer tanta prioridade. A supervalorização da fidelidade é um erro, é a maior causa de infelicidade conjugal. Não que se deva ignorar a importância de um parceiro fiel e dedicado, mas a obsessão pela exclusividade pode tornar a vida um inferno e levar à violência doméstica. Crime passional nada mais é do que homicídio por ciúme.
O que caracteriza a passionalidade é o motivo do crime. O Código Penal qualifica o homicídio, aumentando a pena, quando ele é praticado por motivo torpe. O ódio gerado pelo ciúme e a sede de vingança que atormentam a pessoa que foi trocada por outra configuram a torpeza.
O móvel do crime é uma combinação de egoísmo, de amor próprio ferido, de instinto sexual e, acima de tudo, de uma compreensão deformada da Justiça, pois o homicida acha que está no seu "direito".
A pena prevista é de 12 a 30 anos de reclusão. Quanto mais estreita a mentalidade do agente, maior sua insegurança, sua necessidade de dominar e de se autoafirmar às custas da companheira ou companheiro.
O homicídio entre casais é uma aberração que durante séculos foi avalizada pela sociedade, principalmente quando o autor era homem e a vítima, apontada como traidora, era mulher. Foi assim que morreram Ângela Diniz, Eliane de Grammont, Sandra Gomide e muitas outras.
O caso Matsunaga é uma exceção à regra do crime passional. Na esmagadora maioria das vezes, quem mata é o homem; a mulher é vítima do marido e da sociedade patriarcal.
A tragédia transcende o casal. No geral, há filhos que ficam órfãos, pais e mães que definham no desespero de perdas irreparáveis, futuras gerações que são obrigadas a suportar o estigma do assassinato em família.
Está na hora de corrigir padrões de comportamento que contrariam a natureza humana e por isso não são respeitados.
A natureza não ditou a fidelidade eterna. A exclusividade entre parceiros existe, mas em geral é apenas temporária.
Além disso, o ciúme é um mal a ser extirpado, não a ser incentivado, como se costuma fazer. Não se pode cultivar sentimento de posse e propriedade sobre um ser humano.
Leon Rabinowicz, em 1933, já mostrava perplexidade com o crime passional: "Curioso sentimento o que nos leva a destruir o objeto de nossa paixão! Mas não devemos nos extasiar perante o fato. É preferível deplorá-lo". O instinto de destruição é exatamente o instinto de posse exacerbado. A propriedade completa compreende também o poder de matar.
O ciúme incomoda, fere, humilha quem o sente. Diz Roland Barthes: "Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo por isso, porque temo que meu ciúme magoe o outro e porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, agressivo, louco e comum".
O sueco Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium, criou em sua obra personagens envolvidos em tramas intrincadas e fascinantes. Extremamente moderno e arrojado, ele construiu relações amorosas baseadas na liberdade individual, mostrando as variadas possibilidades de ser feliz no amor sem as amarras da exclusividade e da mentira.
Se conseguirmos lidar melhor com nosso egoísmo, o fim do amor será sempre resolvido nas varas da família, não no Tribunal do Júri.

LUIZA NAGIB ELUF, 57, é procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. É autora, entre outros livros, de "A Paixão no Banco dos Réus" (Saraiva), sobre crimes passionais

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.debates@uol.com.br

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Sentimento do mundo / Drummond...Que delícia!




Autor: Carlos Drummond de Andrade

Tempo Literário : Modernismo / Geração de 30 – Poesia Existencial

Contexto Histórico: O Estado Novo /A segunda Guerra Mundial / A militância esquerdista /Tempo de consciência político-social.

A Poesia de Drummond

A poesia de Carlos Drummond de Andrade pode ser abordada a partir da dialética “eu x mundo”, desdobrando-se em três atitudes:

Eu maior que o mundo – marcada pela poesia irônica. O poeta vê os conflitos de uma posição distante e sem envolvimento: daí o humor, os poemas-piada e a ironia. O poeta fotografa a província, a família. É sarcástico, de uma irreverência incontida, mas de um sentimento contido, o que vem a produzir um texto objetivo, seco, versos curtos e descarnados, sem transbordamento emocional. É o que ocorre em Alguma Poesia e Brejo das Almas.
 
 Eu menor que o mundo – marcada pela poesia social, tomando como temas a política, a guerra e o sofrimento do homem. Desabrocha o sentimento do mundo, marcado pela solidão, pela impotência do homem, diante de um mundo frio e mecânico, que o reduz a objeto. É o que ocorre em Sentimento do Mundo, José e especialmente em A Rosa do Povo. 
Os poemas Mãos Dadas, Os Ombros Suportam o Mundo e Confidência do Itabirano também estão incluídos nessa fase.

 Eu igual ao mundo – abrange a poesia metafísica, de Claro Enigma onde a escavação do real, mediante um processo de interrogações e negações, conduz ao vazio que espreita o homem e ao desencanto, e a “poesia objetual”, de Lição de Coisas, onde a palavra se faz coisa, objeto,, e é pesquisada, trabalhada, desintegrada e refundida no espaço da página.


A Obra:
Sentimento do Mundo (1940)
Foi publicado em plena Segunda Guerra Mundial, por isso muitos poemas funcionam como denúncia da opressão do período, com o mundo cheio de ditadores, inclusive o Brasil, com Getúlio Vargas. Nada pior para um artista que a falta de liberdade, pois ela tolhe a sua criatividade. Stalin - na União Soviética ,Hitler - na Alemanha
Franco - na Espanha ,Salazar - em Portugal Mussolini - na Itália, Peron - na Argentina

Clímax da obra
O primeiro poema intitulado Sentimento do Mundo  resume bem toda a ideia e a visão que o autor expõe ao longo de toda a obra. Sentimento do Mundo faz uma crítica aos tempos de guerras (evidenciados com os movimentos da Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial, Estado Novo de Getúlio Vargas, Fascismo e Nazismo) e sobre o poder de destruição do homem.

Tenho apenas duas mãos 
e o sentimento do mundo 
mas estou cheio de escravos 
minhas lembranças escorrem 
e o corpo transige 
na confluência do amor.
 ("Sentimento do mundo)

 Congresso Internacional do Medo revela isso com toda a força.
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.


 Com José e Mãos Dadas forma uma tríade de poemas essencialmente políticos, reveladores do engajamento de Drummond na luta pela liberdade.
A consciência do momento histórico produz a indagação sobre o sentido da vida para a qual o poeta só encontra uma resposta pessimista: "sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas"
O poema usa uma expressão bem corriqueira "morreremos de medo" num contexto bem político, com sentido de covardia coletiva, pois não há uma predisposição do povo para enfrentar os ditadores. Pelo contrário, eles tinham o apoio popular.


Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, 
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente.


Relação de poemas (28)


Sentimento de Mundo Confidência do Itabirano 
Poema da Necessidade
Canção da Moça-Fantasma de Belo Horizonte
Tristeza do Império
Operário no Mar (prosa)
Menino Chorando na Noite
Morro da Babilônia
Congresso Internacional do Medo
Os Mortos de Sobrecasaca
Privilégio do Mar
Inocentes do Leblon
Canção do Berço
Indecisão de Méier
Bolero de Ravel
La Possession du Monde
Ode no Cinquentenário do Poeta Brasileiro
Os Ombros Suportam o Mundo
Mãos Dadas

Dentaduras Duplas
Revelação do Subúrbio
A Noite Dissolve os Homens
Madrigal Lúgubre
Lembrança do Mundo Antigo
Elegia 1938
Mundo Grande
Noturno à Janela do Apartamento

OBS : embora todos os poemas de Drummond sejam significativamente especiais, os assinalados em negrito correspondem aos mais divulgados e solicitados em provas.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Viagens na minha terra /sinopse





CONTEXTO:

1-O autor : Almeida Garrett

2-Tempo Literário: Primeiro momento do Romantismo em Portugal-                                                                O Romance Histórico.As invasões napoleônicas; a mudança do regime político: absolutismo /  liberalismo. Em época de intenso nacionalismo, essa literatura resgata valores do passado histórico português.  Recupera os heróis medievais, oriundos de uma época de grande significação para o país, misturando-os com a ficção romântica  cheia de imaginação e sofrimento.

3-Características:
Nacionalismo, historicismo e medievalismo:
Engrandecimento dos valores e  dos heróis nacionais, seu passado histórico, em especial o período medieval.

4-Bibliografia


-Camões (1825)
- Dona Branca (1826)
- Adozinda (1828)
- Catão (1828)
- Romanceiro (1843)
- Cancioneiro Geral (1843)
- Frei Luís de Sousa (1844)
- Flores sem Fruto (1844)
- D’o Arco de Santana (1845)                                                                                                                                          -Viagens na Minha Terra (1846 )
- Folhas Caídas (1853)


5- A obra: romance histórico ( ?) / Viagens na minha terra.

Gênero textual: na verdade temos um romance híbrido, composto de relatos autobiográficos, anotações da viagem que o autor realiza, crônica histórica e social, reflexões literárias e filosóficas, além de novela sentimental.

Foco Narrativo: em primeira pessoa, como narrador participante (relata seu ponto de vista, opiniões, suas experiências ao visitar pontos históricos das cidades portuguesas como Igrejas, ruínas, túmulos de personalidades famosas e santos, entre outros).
Estrutura : 49 capítulos

Tempo :   cronológico,( 6 dias) com uso de flashback , feito através de digressões.                              Presente e passado históricos do país.

Enredo : Uma viagem de Lisboa a Santarém ( intensa descrição da paisagem), cenário onde se desenrola uma novela / o trágico amor de Joaninha dos Rouxinóis e Carlos.

Título: “Viagens”
 - viagem geográfica–narração das paisagens do interior de Portugal.
 - viagem histórica- ao passado do país, a história de Portugal,
 - viagem sentimental: o romance de Carlos e Joaninha
  - viagem crítica: reflexões sobre o país e sua história.

O possessivo "minha":-O sentimento de posse ;a relação de intimidade; carácter subjetivo do discurso.

O substantivo "terra": a ligação telúrica do autor com a Pátria;o nacionalismo.

Personagens: 
Joaninha (dos olhos verdes)-graciosa e frágil. Extremamente sentimental, enlouquece por não suportar as crueldades sociais, vindo a falecer no final da história. Ingênua e pura simboliza a vida campesina sem a corrupção urbana. - a mulher anjo.
Carlos (primo de Joaninha): é um homem submetido a valores sociais  pela inconstância .É um suicida moral, porque perde seus ideais, tornando-se materialista e politiqueiro. O fracasso de Carlos é o retrato do que acontece com o país. O homem social.
Georgina–mulher de personalidade forte, enérgica, abnegada. ( noiva inglesa de Carlos)
D.Dinis - amargo e rígido, tornou-se franciscano para expiar seus  erros.( pai de Carlos)
Francisca - avó de Joaninha, velha e cega, representa Portugal. Simboliza  a imprudência com a qual o liberalismo foi assumido pelos Portugueses.

6-Simbologia :
Carlos e D. Dinis
Pai e filho representam D. Quixote (espiritualismo) e Sancho Pança (materialismo) em fases diferentes de suas vidas. Frei Dinis é, inicialmente, materialista. Somente diante do remorso pelo pecado cometido espiritualiza-se, tornando-se um frade austero. Carlos, ao contrário, luta pelos ideais do liberalismo e, depois de descobrir que é filho do frade, foge e se torna barão (materialista). Por isso, Helder Macedo afirma que estes personagens são “espelhos, imagens inversas um do outro”.

Joaninha e Georgina
Representam o ideal moral positivo. Segundo Helder Macedo, Joaninha seria a essência do bem inerente às sociedades tradicionais – o arquétipo de Portugal – e Georgina, a essência do bem inerente às “sociedades modernas – arquétipo do progresso no século XIX que era a Inglaterra do liberalismo triunfante”.

7-Considerações gerais:
Viagens na minha terra foi publicado entre anos  1843 e 1846, na Revista Universal Lisbonense.
O primeiro plano da narrativa é a viagem – real e simbólica – que Garrett faz até o vale de Santarém; o segundo é a novela “A Menina dos Rouxinóis”, que passa a ser contada a partir do capítulo X.
 Metalinguagem, digressão, crítica política e social, reflexão, sentimentalismo são algumas das características presentes no texto, representando o primeiro momento do Romantismo em Portugal, no qual Viagens na minha terra é inserido com propriedade como romance nacionalista.