quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ENEM - Rodeios : crueldade sem limites.( redação)



1-
Morte de bezerro em Barretos vai parar no MP

Necrópsia constatou que animal sofreu lesão nas vértebras e, por isso, ficou tetraplégico. Diante da situação, foi sacrificado. Em Rio Preto, sete vacas são mortas durante incêndio em propriedade rural e outros animais estão sofrendo com queimaduras e sem pastagens para alimentação.

A morte de um bezerro na sexta-feira depois de uma prova na 56ª Festa do Peão de Barretos e a de sete vacas queimadas durante um incêndio em Rio Preto gerou repúdio entre entidades de proteção aos animais.
O caso de Barretos foi encaminhado à Polícia Civil e ao Ministério PúblicoSegundo Maria Cristina  dos Santos, presidente da Arpa (Associação Rio-pretense de Proteção aos Animais), a morte do bezerro comprova que a modalidade, conhecida como bulldog, provoca   maus tratos aos animais. 
“As festas de peão são bancadas por empresários poderosos. Por isso, as associações de proteção aos animais nunca  vencerão  essa luta contra a crueldade com animais”, disse ela.  
O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, cuja mobilização conseguiu extinguir a prova do laço no Brasil há quatro anos, vai acionar a Justiça para tentar proibir a prova de  bulldog. Nessa modalidade, o peão tem de derrubar o bezerro com as mãos, sem equipamentos.
No caso de Barretos, o bezerro ficou imóvel após ser derrubado pelo competidor. Como o animal não se levantava, precisou ser carregado para fora da arena. Um exame constatou que o bezerro sofreu  lesão nas vértebras e, por isso, ficou tetraplégico. Diante da situação, o animal foi sacrificado. 
.
Punição
A assessoria de imprensa da Festa  do Peão de Barretos informou que a ANB (Associação Nacional de Bulldog) e o Centro de Estudos do Comportamento Animal  estão analisando se o competidor infringiu as regras da prova. O laudo com a análise do acidente deve ser divulgado em 48 horas. Só depois é que a organização  irá tomar as providências cabíveis.
Luciano Moura
Agência BOM DIA

2-
Os maus-tratos de animais são práticas muito comuns na história da humanidade e perduram até os dias de hoje. Não é raro nos depararmos com situações evidentes de maus-tratos contra animais domésticos ou domesticados. Lojas que abrigam animais em gaiolas minúsculas, sem qualquer condição de higiene, cães presos em correntes curtas o dia todo, proprietários que batem covardemente em seus animais ou os alimentam de forma precária, levando o animal à inanição, cavalos usados na tração de carroças que são açoitados e em visível estado de subnutrição.
Mas há aquelas situações em que sabemos que o animal está sofrendo, só que a caracterização de maus-tratos é subjetiva. Por exemplo, seu vizinho deixa o cão preso o dia todo num quintal pequeno, sem abrigo, sozinho, latindo sem parar. Para a maioria das pessoas, isso pode ser caracterizado como 'maus-tratos', mas pode ser perfeitamente normal para o dono do animal.
De acordo com Marco Ciampi, presidente da Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca Brasil), o princípio básico nas relações homem-animal deve ser o de: 'caber ao homem prover condições adequadas para a manutenção das necessidades - físicas, psicológicas e comportamentais - do animal. Quando não se é capaz de garantir a segurança do animal, este não deve ser mantido pelo homem'.
Os exemplos de maus-tratos seguem uma lista longa, que inclui: o sacrifício de animais em rituais religiosos, seu uso em rodeios, circos e touradas, práticas folclóricas bárbaras, como a farra do boi, ou até aprisioná-los em zoológicos. E várias associações também sugerem a extinção de uma prática comum em centros de zoonose espalhados pelo Brasil, as famosas carrocinhas. Muitos adotam a injeção letal para matar os animais que não tem para onde ir. Em alguns estados, isso está mudando. Em São Paulo, por exemplo, foi sancionada uma lei em abril de 2008 que proíbe a eutanásia de animais em todos os municípios. Caberá, então, às prefeituras promover ações de castrações e adoção de animais. A lei vale também para animais considerados ferozes como os pit bulls.
A legislação no Brasil protege os animais desde 1934, data do decreto 24.645, de junho daquele ano.Mais recentemente, a lei federal de crimes ambientais nº 9605 de 16/02 de 1998 reforçou o decreto de 1934 e especificou várias violações e penalidades para aqueles que praticam crimes contra os animais.
Segundo o artigo 32 desta lei, maus-tratos de animais são classificados como qualquer ato de abuso e maus-tratos. Ferir ou mutilar animais domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos também é crime de maus-tratos que tem como pena a detenção de três meses a um ano e multa. 

A mesma lei prevê que o abandono do animal é crime. Aquelas pessoas que abandonam ninhadas ou mesmo seus cães idosos, cegos ou doentes, estão ferindo a lei. Idem para a prática de experimentos científicos que incorram no sofrimento do animal. Ao se deparar com situações onde o animal está visivelmente sofrendo, é possível denunciar usando esta legislação.



3-Farra do boi
O estado de Santa Catarina é conhecido por promover um dos piores espetáculos de crueldade contra animais, a Farra do Boi, que ocorre na Semana Santa. Nela, as pessoas se divertem ao colocar o animal para correr pelas ruas, e lhe distribuindo pauladas, esfaqueamentos e outros atos de terror.

A Arca Brasil recebeu denúncias de que a prática não está mais restrita somente àquela época do ano. Pelo contrário, tem acontecido com certa freqüência. Roberto Borges, gerente nacional de organização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) esteve quatro dias em Santa Catarina investigando este tipo de 'diversão'. Ele preparou um relatório sobre o assunto, entregue à coordenação nacional em Brasília (DF), para que medidas urgentes sejam tomadas contra esta prática.
Algumas organizações não-governamentais, como a Arca Brasil, chegam a cogitar a organização de um boicote turístico nacional e internacional à Santa Catarina, para servir como forma de pressão e combate à farra do boi naquele estado.

4 -Rodeios
Muitos defensores dos rodeios argumentam que os animais utilizados não são submetidos a maus-tratos. Por mais cuidados que eles possam receber, eles estão sendo perseguidos e expostos à tortura. 
Veja o que acontece nas principais competições de um rodeio: 

·       Laçada de bezerro: animal de apenas 40 dias é perseguido em velocidade pelo cavaleiro, sendo laçado e derrubado ao chão. O resultado de ser atirado violentamente ao chão pode causar a ruptura da medula espinhal, ocasionando morte instantânea, ou a ruptura de diversos órgãos internos, levando o animal a uma morte lenta e dolorosa.
·       Laço em dupla/'team roping': dois cowboys saem em disparada, sendo que um deve laçar a cabeça do animal e o outro as pernas traseiras. Em seguida os peões esticam o boi entre si, resultando em ligamentos e tendões distendidos, além de músculos machucados.
·       Bulldog: dois cavaleiros, em velocidade, ladeiam o animal que é derrubado por um deles, segurando pelos chifres e torcendo seu pescoço.

Algumas das ferramentas usadas em rodeio

·       Agulhadas elétricas, pedaço de madeira afiado, ungüentos cáusticos.
·       Sedem ou sedenho: artefato de couro ou crina, amarrado ao redor do corpo do animal (sobre o pênis ou saco escrotal), que é puxado com força no momento em que o bicho sai à arena. Além do estímulo doloroso, pode também provocar rupturas viscerais, fraturas ósseas, hemorragias subcutâneas, viscerais e internas. Dependendo do tipo de manobra e do tempo em que o animal fique exposto a tais fatores pode-se evoluir até a morte.
·       Objetos pontiagudos: pregos, pedras, alfinetes e arames em forma de anzol são colocados nos sedenhos ou sob a sela do animal.
·       Peiteira e sino: consiste em uma corda ou faixa de couro amarrada e retesada ao redor do corpo, logo atrás da axila. O sino pendurado na peiteira estressa o animal pelo barulho que produz à medida em que ele pula.
·       Esporas: às vezes pontiagudas, são aplicadas pelo peão tanto na região do baixo-ventre do animal como em seu pescoço, provocando lesões e perfuração do globo ocular.
·       Choques elétricos e mecânicos: aplicados nas partes sensíveis do animal antes da entrada à arena.
·       Golpes e marretadas: na cabeça do animal, seguido de choque elétrico, costumam produzir convulsões e são o método mais usado quando o animal já está velho ou cansado.

5-Touradas

A tourada é uma prática antiga. Há afrescos de touradas no Palácio de Cnossos, em Crte, na Grécia, que datam de, possivelmente, entre 2700 a.C. e 1450 a.C. Sobrevive nos países Ibéricos (Espanha e Portugal) e em alguns lugares da França e do México até hoje. 

Consiste em torturar touros e cavalos (que são usados para investir contra os touros), ao perfurá-los com instrumentos que parecem arpões, chamados aguilhões, para que os animais sangrem até a morte. É extremamente violenta e por isso, a maioria das sociedades que ainda praticam touradas são contra a atividade. 

Na arena, onde a angústia e o medo são crescentes, junta-se o sofrimento físico por ser conduzidos com aguilhões e à paulada. Entre outros métodos de preparação para o confronto entre o toureiro e o animal, serram-se os chifres dos bois a sangue frio. 

Depois da tourada, cada animal regressa aos curros, horrivelmente ferido, com um sofrimento agonizante, onde, uma vez mais a sangue frio, sua carne e os tecidos musculares são cortados para arrancar os ferros com os seus arpões, cravados durante a tourada. Todos os procedimentos realizados sem nenhum tipo de anestesia.
Só em Portugal, estima-se que cerca de 5 mil touros e 300 cavalos sofram com estas práticas anualmente. Existe naquele país um movimento chamado “Cidades Anti-Touradas”.

6-
Gritos da multidão.
Que papel ia representar? Que se pedia ao seu ódio?
Hesitante, um tipo magro, doirado,entrou no redondel. Olhou-o a frio. Que força traria no rosto mirrado, nas mãos amarelas para se atrever assim a transpor a barreira?(...)
Mas o homem que visou, que atacou de frente, cheio de lealdade, inesperadamente transfigurou-se na confusão de uma nuvem vermelha...(...)
Avançou...Deu, como sempre na miragem enganadora. Iludido, outra vez. Parou. Não acabaria aquele martírio?(...)
Quando chegaria ao fim semelhante tormento?(...)
Quê! Pois poderia morrer ali, no próprio sítio de sua humilhação??! Os homens tinham dessas generosidades?!(...)
Calmamente, num domínio perfeito de si, Miura fitou a lâmina por inteira. Depois, numa arremetida que parecia ainda de luta e era de submissão, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.
(excerto do conto “Miura”- A tourada vista pelo touro)


És, pois,dono como eu deste livro, e, ao cumprimentar-te à entrada dele, nem pretendo sugerir-te que o leias com a luz da imaginação acesa, nem atrair o teu olhar para a penumbra da sua simbologia.Isso não é comigo,porque nenhuma árvore explica seus frutos, embora goste que lhos comam. 
( Miguel Torga -Bichos )


  PROPOSTA:
Não é raro nos depararmos com situação evidentes de maus-tratos a animais domésticos ou outros. Lojas que abrigam animais em gaiolas minúsculas, sem qualquer condição de higiene, cães presos em correntes curtas o dia todo, proprietários que batem covardemente em seus animais ou os alimentam de forma precária, levando o animal à inanição, cavalos usados na tração de carroças que são açoitados e em visível estado de subnutrição... Estes são  alguns exemplos típicos. Porém,

... os rodeios beiram a barbárie. Crueldade sem limite.

Leia a coletânea acima, e redija um texto dissertativo em norma culta.


                                                                        Gizelda

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Você conhece "O Cortiço "? Testes de múltipla escolha.

Texto 1 De cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a todos, numa solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a polícia entrasse ali pela primeira vez. Enquanto se tratava de uma simples luta entre dois rivais, estava direito! ‘Jogassem lá as cristas, que o mais homem ficaria com a mulher!’ mas agora tratava-se de defender a estalagem, a comuna, onde cada um tinha a zelar por alguém ou alguma coisa querida.
(AZEVEDO, Aluísio, O cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 139.)

Texto 2
O cortiço é um romance de muitas personagens. A intenção evidente é a de mostrar que todas, com suas particularidades, fazem parte de uma grande coletividade, de um grande corpo social que se corrói e se constrói simultaneamente.
(FERREIRA, Luiz Antônio. Roteiro de leitura: O cortiço de Aluísio Azevedo. São Paulo: Ática, 1997. p. 42.)

Sobre os textos, assinale a alternativa correta.
a) No Texto 1, por ser ele uma construção literária realista, há o predomínio da linguagem referencial, direta e objetiva; no Texto 2, por ser ele um estudo analítico do romance, há o predomínio da linguagem estética, permeada de subentendidos.
b) A afirmação contida no Texto 2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo que também se observa no Texto 1, o que justifica o prevalecimento de um termo coletivo como título do romance.
c) Tanto no Texto 1 quanto no Texto 2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço, sendo este considerado um lugar de harmonia e justiça.
d) No Texto 1 prevalece a desagregação e corrosão da grande coletividade a que se refere o Texto 2.
e) O que se afirma no Texto 2 vai contra a idéia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre os seus moradores.

2. (UEL) A questão refere-se aos trechos a seguir.

“Justamente por essa ocasião vendeu-se também um sobrado que ficava à direita da venda, separado desta apenas por aquelas vinte braças; e de sorte que todo o flanco esquerdo do prédio, coisa de uns vinte e tantos metros, despejava para o terreno do vendeiro as suas nove janelas de peitoril. Comprou-o um tal Miranda, negociante português, estabelecido na rua do Hospício com uma loja de fazendas por atacado.”
“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes piores e mais grossas do que serpentes miravam por toda parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo
.”
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 23; 33.)

Com base nos fragmentos citados e nos conhecimentos sobre o romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, considere as afirmações a seguir:

I. A descrição do cortiço, feita através de uma linguagem metafórica, indica que, no romance, esse espaço coletivo adquire vida orgânica, revelando-se um “ser” cuja força de crescimento assemelha-se ao poderio de raízes em desenvolvimento constante que ameaçam tudo abalar.
II. A inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao fato de que sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma construção imponente, não possuía uma estrutura capaz de suportar o crescimento desenfreado do vizinho, que ameaçava derrubar sua habitação.
III. Não obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de aparência física dos ambientes, os moradores de um e outro espaço não se distinguem totalmente, haja vista que seus comportamentos se assemelham em vários aspectos, como, por exemplo, os de João Romão e Miranda.
IV. Os dois ambientes descritos marcam uma oposição entre o coletivo (o cortiço) e o individual (o sobrado) e, por extensão, remetem também à estratificação presente no contexto do Rio de Janeiro do final do século XIX.

Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

3. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.

I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc. 
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio. 
IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos. 

Está(ão) correta(s) 
a) todas.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.


Texto para as questões 4 e 5 :
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)

4. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo oferece, de maneira figurada, um retrato de nosso país, no final do século XIX. Põe em evidência a competição dos mais fortes, entre si, e estes, esmagando as camadas de baixo, compostas de brancos pobres, mestiços e escravos africanos. No ambiente de degradação de um cortiço, o autor expõe um quadro tenso de misérias materiais e humanas. No fragmento, há várias outras características do Naturalismo. Aponte a alternativa em que as duas características apresentadas são corretas:

a) Exploração do comportamento anormal e dos instintos baixos; enfoque da vida e dos fatos sociais contemporâneos ao escritor.
b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o meio ambiente.
c) Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos fatos; crítica aos valores burgueses e predileção pelos mais pobres.
d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde com a idéia de Deus; utilização de preciosismos vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a enunciação e os fatos enunciados.
e) Exploração de um tema em que o ser humano é aviltado pelo mais forte; predominância de elementos anticientíficos, para ajustar a narração ao ambiente degradante dos personagens.


5. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção aos dois trechos a seguir:

Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero.
(...)
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias que configuram imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio Azevedo apresenta características psicológicas de comportamento comunitário. Aponte a alternativa que explicita o que os dois trechos têm em comum:

a) Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e preocupação de poucos em relação à tragédia comum, no segundo trecho.
b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no segundo trecho.
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem se é ajudado, no segundo trecho.
d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa por apatia, no segundo trecho.
e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos por todos”, no segundo trecho.

6. (UFLA) Relacione os trechos da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, às características realistas/naturalistas seguintes que predominam nesses trechos e, a seguir, marque a alternativa CORRETA:

1. Detalhismo.
2. Crítica ao capitalismo selvagem.
3. Força do sexo.
( ) “(...) possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estepe cheio de palha.”
( ) “(...) era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras.”
( ) “E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer (...) Era um pobre diabo caminhando para os setenta anos, antipático, muito macilento.”

a) 2, 1, 3
b) 1, 3, 2
c) 3, 2, 1
d) 2, 3, 1
e) 1, 2, 3




Gabarito em nova postagem.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Artigo de opinião : é fácil e gostoso de escrever.


O artigo de opinião é um gênero jornalístico argumentativo escrito, publicado em jornais,revistas e internet, e sempre assinado. A assinatura identifica o autor, o responsável pela opinião.


A produção de um artigo de opinião pressupõe a existência de uma situação social de comunicação na qual estão envolvidos pelo menos um jornal ou uma revista, seu editor, um articulista por este convidado e leitores interessados em conhecer a opinião do referido articulista sobre determinados assuntos.

Os articulistas são em geral pessoas que não fazem parte do quadro de funcionários do jornal, mas especialistas no assunto que está sendo discutido, ou homens públicos que são convidados para escrever a sua opinião, não necessariamente a mesma do jornal. Eles representam áreas de atuação,como, por exemplo, a médica, a jurídica, a política, a sindical e outras, das quais são porta-vozes.

São homens reconhecidos por sua competência social ou profissional e, por isso mesmo, grandes formadores de opinião. São exemplos de articulistas Antônio Ermírio de Moraes, que representa parte do empresariado; José Sarney, uma certa posição política; e Ives Gandra da Silva Martins,advogado tributarista, porta-voz de parte do meio jurídico.

Esse reconhecimento é confirmado pelo jornal, que vê os articulistas como formadores de opinião e abre um espaço para que mostrem sua posição sobre um assunto, e pelo leitor, que os identifica como autoridades no tema tratado.

Como o artigo de opinião não é a divulgação de um fato, mas uma resposta ao que já se disse sobre ele, os articulistas tomam aquilo que já foi dito como objeto de crítica, de questionamento ou de concordância. Eles emitem seu ponto de vista e incorporam ao seu discurso a fala das outras pessoas que já se pronunciaram a respeito do tema, valorizando-a ou desqualificando-a. Dessa maneira, é como se eles se movimentassem em seus textos, ora se aproximando do que alguém já disse sobre o assunto e acolhendo-o, ora se afastando da opinião dos outros e contestando-a. No artigo, portanto, estão presentes diferentes vozes.

Todo esse movimento é feito tendo em vista o leitor, porque é para convencê-lo ou persuadi-lo que os articulistas escrevem. Para tanto, procuram engajá-lo na posição de aliado, antecipar suas possíveis objeções e levá-las em conta, incluindo-as em seu texto. Buscam também, na posição de articulistas que representam setores sociais, colocar seu ponto de vista como sendo “a verdade”.

O tom é o da persuasão.

O artigo de opinião é marcado por essa situação de produção, revelada, entre outras coisas, por marcas linguísticas que anunciam a posição dos articulistas (por exemplo, “penso que”, “do nosso ponto de vista”), introduzem os argumentos (“porque”, “pois”), trazem para o texto diferentes vozes (“alguns dizem que”, “as pesquisas apontam”, “os economistas argumentam que”), introduzem a conclusão (“portanto”, “logo”).

Resumindo:

Artigo de Opinião

Quem escreve: Um articulista que é autoridade em um assunto e é convidado por um jornal para dar sua opinião sobre algo polêmico que foi noticiado pelo jornal.

Para quem escreve: Para leitores interessados em saber sua opinião sobre a questão que causou polêmica.

Por que escreve: Para convencer seus leitores de que sua posição é a mais correta, argumentando sobre ela.

Onde circula o texto, habitualmente: Em jornais impressos ou virtuais e em revistas.

O que não pode faltar: A questão polêmica, as vozes que debatem a questão, a posição que o autor toma diante da polêmica, os argumentos que utiliza, a conclusão que fecha seu artigo.



Modelo de artigo de opinião.

FERNANDA TORRES

Eleições: o dom de iludir

O candidato é um ator em eterno teste; uma condição vexatória e desconfortável.

O que leva alguém a se candidatar à Presidência? A ser tão bisbilhotado, ofendido, pesquisado e aviltado? Que papel grandioso é esse cujo ensaio, estreia e temporada custam o fígado do próprio intérprete?

A política é um palco letal, o Coliseu romano da atualidade. Um lugar de ódios milenares, mágoas irreparáveis, conciliações imperdoáveis e, também, do temível ridículo. Eu seria incapaz de atuar sob tamanha pressão.

Não se trata apenas de dar conta de Rei Lear: tem que voar no jatinho, fazer a carreata, comer dobradinha, andar de mula e enfrentar a tempestade do Crato ao Pampa gritando “Uiva vento!” pelos palanques.

Tem que ter sangue de barata, paciência de Jó, cara de pau e vontade de elefante.

Outro dia me mandaram um link na internet onde a Dilma Rousseff se embananava toda para responder a uma simples questão: “Que livro a senhora está lendo?”

Qualquer um que cultive o prazer de ler sabe que um ser humano que está em plena campanha presidencial não tem cabeça nem tempo para se dedicar à leitura.

Talvez a “Arte da Guerra”, de Sun Tzu, entre um programa do Ratinho e outro, seja o único exemplar que resista ao tranco, por seu conteúdo bélico de autoajuda milenar.

Mas admitir que não está lendo porcaria nenhuma é encarar as manchetes do dia seguinte afirmando que fulano, ou fulana de tal, é um energúmeno, um(a) ignorante não afeito às letras.

Por isso Dilma se contorce, tentando se lembrar do último livro que leu, o que só consegue com a ajuda dos assessores. A duras penas acerta o título e a mais duras ainda arrisca um resumo dele. A pergunta corriqueira, quem diria, a colocou em um mato sem cachorro.

Se a tivessem arguído a respeito da política de juros, da dívida pública ou até mesmo de um espinhoso tema como o aborto, ela estaria apta a responder. Bastou uma perguntinha pessoal para que Dilma se afastasse brechtianamente da ciranda da candidata e caísse em si mesma, perdendo o fio do personagem.

O candidato é um ator em eterno teste. Uma condição vexatória e terrivelmente desconfortável.

José Serra escolheu o perfil do conciliador boa-praça, se manteve bem no personagem até que perdeu a paciência na rádio CBN diante da prensa de Míriam Leitão. Míriam, aliás, tem sido dos ossos mais duros de roer para os que estão na corrida presidencial.

Serra soltou um desabafo irritado a respeito do que pensava da relação entre a Presidência e o Banco Central. Depois, teve que remar forte para recuperar a imagem que passou semanas construindo, justificando de forma sincera que o horário matutino lhe havia puxado o tapete.

Qualquer razão idiota, como pular da cama cedo, pode colocar tudo a perder; da mesma forma que um celular que toca no meio de um espetáculo pode fazer Macbeth desencarnar de vez da alma de um ator.

A verdade e a franqueza são armas de destruição em massa na política, é necessário saber ocultá-las com desenvoltura e, muitíssimas vezes, mentir com convicção.

Marina Silva não titubeia, ela é a terceira via, pode dizer o que pensa. Apesar de ter sido ministra, ela não passa pelo comprometimento político dos dois outros adversários, pertencentes a partidos que já ocuparam o Planalto e fizeram alianças muitas vezes incompreensíveis para poder governar.

Marina está dentro e fora do jogo, uma posição importante e confortável.

Glorinha Beautmüller, fonoaudióloga e preparadora vocal de inúmeros atores e políticos, é uma figura lendária, dona de intuição aguçada, métodos nada ortodoxos e técnica que visa ancorar a palavra ao corpo e aos sentidos do palestrante.

Profissional ímpar, ela já botou de quatro modelos com ambições a atriz, para que perdessem a pose enquanto recitavam um texto, e aconselhou com veemência que Cláudia Jimenez falasse pela vagina na sua estreia no teatro profissional como uma das prostitutas de “A Ópera do Malandro”. Ao que Claudia, com seu talento e humor de sempre, respondeu, aplicada: “Eu estou tentando, Glorinha, estou tentando!”

Uma vez, a maga foi chamada às pressas a Brasília para atender um político repentinamente afônico e necessitado de discursar. Segura, não pestanejou no diagnóstico: “Meu filho, você está rouco desse jeito porque você mente demais!”

Hoje, o político ideal deve reunir o carisma de Sílvio Santos, a classe de Paulo Autran, a astúcia de Alexandre, o Grande, a retórica de Ruy Barbosa, o empreendedorismo de Antônio Ermírio, a responsabilidade do doutor Paulo Niemeyer, o desapego de Buda, a razão de Confúcio, a bondade de Cristo e ainda sair vivo da arena quando soltarem os leões famintos atrás da sua carne. Essa pessoa não existe. O político, portanto, tem que ter o dom de iludir.

Folha de S.Paulo / 29/05/2010

Proposta :

Selecione em um jornal – atualizado- um assunto/ fato em pauta nos editoriais e escreva um artigo de opinião sobre o tema escolhido.


OBS IMPORTANTE : Lembre-se de que o corretor não adivinha o que você quer dizer, assim como você não terá espaço ilimitado : seja claro e sucinto.

domingo, 4 de setembro de 2011

Unicamp : exercício de redação.

Pesquisa realizada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em parceria com a UFPR constatou que na Ilha do Mel há uma população de cães e gatos sem dono que:

1) proliferam descontroladamente;
2) atacam as aves quando estão com fome e prejudicam a fauna nativa, afetando a biodiversidade;
3) ao defecar infectam a areia, transmitindo doenças para moradores e turistas;

Para resolver esses problemas, foram sugeridas as seguintes providências:
1) palestras educativas;
2) esterilização de cães e gatos;
3) vacinação dos animais domésticos;
4) cadastramento dos animais domésticos;
5) controle de entrada de animais na Ilha;

Junte as informações acima num texto de 12 a 15 linhas, a ser publicado num jornal para esclarecimento dos moradores da ilha.
Dê título ao texto.