quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Redação: A IDADE DO DINHEIRO.



"Ouro, precioso ouro, amarelo e brilhante! Um pouco dele fará dos pretos, brancos; dos tolos,   sábios; Do mal, bem; do vil ,nobre;do velho, jovem; do covarde, valente..." 

Shakespeare - Timão de Atenas



Vivemos numa sociedade crescente materialista e consumista, onde o alto bem-estar atingido em parte considerável do globo tem sido atribuído ao sucesso da sociedade de mercado. Regida pelo capitalismo turbinado ,este percorre o planeta como um cometa celestial, anunciando, aqui e ali, simultaneamente, prosperidade e mau tempo, fruto da sua própria e natural inconstância. Um cometa que, acima de tudo, anuncia o estabelecimento definitivo da Idade do Dinheiro.

A mercantilização de tudo
-A importância de um filme é medida antes de tudo o pelo custo da sua produção e pelo volume de sonante gerado nas bilheterias.
- O sucesso de um indivíduo com talento artístico ou no campo dos esportes é balizado pelos patrocínios publicitários que ele recebe e pelos contratos comerciais que assina.
- Os times esportivos mais competitivos dos dias de hoje ostentam em sua camisetas seus financiadores e mesmo gente comum se presta voluntariamente para servir de anuncio vivo, carregando marcas ou slogans de conhecidas e famosas empresas impressos em camisas ou blusões. Tornam-se, gratuitamente, cartazes e pôsteres ambulantes.
-As artes plásticas, atoladas num hermetismo cada vez mais abstrato e incompreensível, subsistem hoje apenas como linha auxiliar da propaganda e da arte de vender , escondida atrás da palavra merchandising .
-Enquanto isso os clássicos da pintura e da escultura têm sua dimensão estabelecida pelo alto preço com que são arrematados nos leilões: um Rembrandt , um Van Gogh ou um Rodin são respeitados porque valem milhões.
-Na televisão e no rádio, a hora do especulador, com intermináveis cotações das bolsas de valores, com seus sobes e baixas, tem lugar garantido em todos os noticiosos.
Definitivamente o mundo todo virou um imenso bazar. Absolutamente tudo ,hoje, é mercadoria, o dinheiro é a única medida das coisas humanas e das inanimadas.

O deus é Mammon                                                                                                                                                                                                                                          Se algum dia, alguém der prosseguimento à conhecida classificação que divide a evolução da humanidade em Idade do Bronze, Idade do Ferro... terá que convir que definitivamente nós vivemos na Idade do Dinheiro, tendo Mammon, o deus pagão da riqueza, como sua divindade inconfessa. Cabe aos intelectuais engajados reconhecerem o fracasso, seu e de todos aqueles que os antecederam, em verberarem contra o consumo e o predomínio do dinheiro.
Durante séculos, eles, como se fossem sacerdotes , mobilizaram-se, em tempos diversos, para denunciar os perigos do mundo mercantilizado, onde tudo correria ao som do pecaminoso tilintar das moedas. Entre os pensadores clássicos, Aristóteles, por exemplo, na sua classificação das formas de viver exposta “Ética de Nicômaco’, chegou a considerar o negócio como uma atividade indigna do ser humano. Quem se dedicava a ele "era um homem que estava fora da natureza". Posição esta que não foi diferente daquelas dos grandes nomes  da teologia cristã, como São João Crisóstomo, Santo Agostinho ou São Tomás de Aquino, que viam na usura, "a ganância sem causa", praticada pelos mercadores, uma atividade vil, tanto que é que Jesus expulsou do templo tal tipo de gente. Em uma famosa passagem do Evangelho, Jesus chegou a opor o dinheiro a Deus, dizendo: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou vai dedicar-se a um e desprezar o outro - Não podeis servir a Deus e a Mamon!"
Entre os cristãos, a atividade mercantil somente era justificada se fosse acompanhada por um ato de caridade. O comércio seja ele qual fosse para o cristianismo sempre "encerrava certa torpeza".

Sem Palácios de Cristal
Quem, ao longo da História, não imprecou contra o poder do dinheiro, quem não lançou em algum momento da vida pragas e maldições contra o pérfido metal? Os anarquistas do século passado, os militantes socialistas e os pensadores marxistas foram ,talvez, a última e inútil insurgência contra o total predomínio do mundo argentário em oposição à sociedade de mercado.
O comportamento da humanidade decepcionou os reformadores sociais e os teólogos, em vista do que terminou por se impor. Ao contrário dos idealistas que planejavam para as massas Palácios de Cristal, mundos perfeitos onde a miséria desapareceria e a igualdade total finalmente seria alcançada,  universalmente, as multidões mostraram-se apenas interessadas no seu bem-estar material mais comezinho, despido da grandiloquência do messianismo político e dos ideais superiores da igualdade e da fraternidade.
E, para alcançar um bom padrão de vida, entenderam que a melhor forma de melhorar a sua existência era exatamente pela promoção das relações mercantis, em transformar tudo num imenso armazém, em deixar-se arrastar pela simples lógica do dinheiro e pela liberdade que sua posse traz.
Pelo que se pode observar até agora - e o engajamento dos chineses comunistas está aí para provar - a adesão ao mundo do consumo não tem provocado nenhuma infelicidade coletiva como muitos pensadores e teólogos imaginavam que  ocorreria. Ao contrário, adentrar no mundo das compras visivelmente provoca a euforia das multidões.
O choque maior para os intelectuais contestadores e para os sacerdotes inconformados de hoje é de que percebem que o crescente mercantilismo não tornou o homem sorumbático, depressivo - ou ainda se sentindo aviltado - como imaginavam que fatalmente iria ocorrer. Facilmente, verifica-se em qualquer lugar que as pessoas se orgulham e se sentem até honradas em se verem consideradas como mercadoria, em venderem, caso sejam famosas, a sua imagem para um anúncio publicitário qualquer. Ficam felicíssimas em serem consideradas alvos desse tipo de atenção e da popularidade daí decorrente. Tudo isso demonstra o enorme equívoco, a imensa alienação -em que as melhores cabeças de todos os tempos incorreram- ao avaliar romanticamente os reais sentimentos da maioria dos seres humanos.

A vitória do homem comum
A visão mercantilista da vida e das coisas nunca atribuiu aos homens valores superiores, transcendentais. Nunca os viu com olhos de fantasia. Sempre os enxergou como realmente são: um amontoado de pobres diabos carentes de tudo, movidos pelas coisas comezinhas, rasteiras e sem sabor que os cerca no dia-a-dia. Ficam imensamente gratos em poder consumir qualquer coisa, substituindo sem grandes culpas a frequência à igreja por um shopping - center ou uma loja de departamentos. Trocam a compra das indulgências pelas suaves prestações mensais.
Nunca os ideólogos do mercado creditaram ao homem comum, ao homem-massa, algum grande destino redentor ou façanha transformadora do mundo. Nem mesmo acalentaram nele a esperança na imortalidade alcançada, possivelmente depois que os compromissos assumidos estivessem quitados. Igualmente nunca o imaginaram capaz de viver numa sociedade harmônica e solidária, porque nela, provavelmente, morreriam de fastio e tédio .

Quando a última árvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não se come.                                                                              
Greenpeace


PROPOSTA DE REDAÇÃO

Há muito tempo a filosofia do "Tudo tem um preço" tem sido praticada no mundo. Não importa o que seja. Pode ser um bem móvel ou imóvel,  um certificado, uma reportagem na mídia, um minuto do seu tempo e pode até ser você, se assim o permitir. O século XXI tem atestado esse fato com clareza  e  constância. Assim...

O dinheiro é a única medida das coisas humanas e das inanimadas ?

Disserte sobre o tema.Utilize a norma culta, aproximadamente, em 25 linhas.Dê titulo ao seu texto.

gizelda

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Redação prá você: Liberdade : uma prisão sem muros?





PROPOSTA DE REDAÇÃO
                                 

O dicionário define “liberdade” como:
  • a qualidade ou estado de ser livre; e
  • a ausência de necessidade, coerção, ou restrição na escolha ou ação.

Texto 1-                                                                                                                                                                                                       Existe uma situação contraditória na vida humana e se apresenta a todas as pessoas com intensidades distintas, mas com clareza incontestável: a necessidade de ser livre e a dificuldade de sê-lo de maneira, se não absoluta, pelo menos satisfatória. A liberdade absoluta só é possível enquanto pura potência, enquanto é apenas possibilidade. Eu posso fazer qualquer escolha? Sim, sem dúvida. Mas, a partir do momento que escolho um bem, abro mão de outros tantos e limito, assim, minha liberdade ao bem escolhido. Essa limitação é necessária para que a liberdade seja efetiva. Se  quero a liberdade absoluta, terei que renunciar a qualquer tipo de escolha, de realização. Sendo assim, acabarei sem nada.

Texto 2-                                                                                                                                                                                               A primeira grande teoria filosófica da liberdade é exposta por Aristóteles em sua  obra Ética a Nicômaco e, com variantes, permanece através dos séculos, chegando  até o século XX, quando foi retomada por Sartre. Nessa concepção, a liberdade se  opõe ao que é condicionado externamente (necessidade) e ao que acontece sem  escolha deliberada (contingência). Diz Aristóteles que é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de não agir. A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma ou para ser autodeterminada. É pensada, também, como ausência de constrangimentos externos e internos, isto é, como uma capacidade que não encontra obstáculos para se realizar, nem é forçada por coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por nada e por ninguém.
Assim, na concepção aristotélica, a liberdade é o princípio para escolher entre alternativas possíveis, realizando-se como decisão e ato voluntário.                                                                                                     

Texto 3-                                                                                                                                                    
Segundo Filósofo Merleau-Ponty:
Escolhemos nosso mundo e nosso mundo nos escolhe… Concretamente tomada, a liberdade é sempre o encontro de nosso interior com o exterior, degradando-se, sem nunca tornar-se nula, à medida que diminui a tolerância dos dados corporais e institucionais de nossa vida. Há um campo de liberdade e uma “liberdade condicionada”, porque tenho possibilidades próximas e distantes…
A escolha de vida que fazemos tem sempre lugar sobre a base de situações dadas e possibilidades abertas. Minha liberdade pode desviar minha vida do sentido espontâneo que teria, mas o faz deslizando sobre este sentido, esposando-o inicialmente para depois afastar-se dele, e não por uma criação absoluta… Sou uma estrutura psicológica e histórica. Recebi uma maneira de existir, um estilo de existência. Todas as minhas ações e meus pensamentos estão em relação com essa estrutura.
No entanto, sou livre, não apesar disto ou aquém dessas motivações, mas por meio delas, são elas que me fazem comunicar com minha vida, com o mundo e com minha liberdade.

Texto 4                                                                                                                                                
  Realmente, só pelo fato de ser consciente das causas que inspiram minhas ações, estas causas já são objetos transcendentes para minha consciência; elas estão fora. Em vão tentaria apreendê-las. Escapo delas pela minha própria existência. Estou condenado a existir para sempre além da minha essência, além das causas e motivos dos meus atos. Estou condenado a ser livre. Isso quer dizer que nenhum limite para minha liberdade pode ser estabelecido, exceto a própria liberdade, ou, se você preferir; que nós não somos livres para deixar de ser livres                                                                          ( Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada)

Proposta :
Para Descartes, age com mais liberdade quem  melhor compreende as alternativas em escolha. Quanto mais claramente uma alternativa apareça como a verdadeira, mais facilmente se escolhe essa alternativa. Entretanto, pela coletânea acima, você pode perceber que o assunto propõe uma discussão mais ampla. Afinal,

Liberdade : uma prisão sem muros?

Redija um TEXTO DISSERTATIVO de aproximadamente 30 linhas. Utilize norma culta.

                                                                          Profª Gizelda