domingo, 29 de agosto de 2010

Maconha : legalizar ou não? / produção de texto



SÓ SE APRENDE A ESCREVER, ESCREVENDO! Mão á obra.

A polêmica está no ar, o tema em debate é delicado e requer cuidado e atenção. Porém, se inegavelmente o uso da maconha está atrelado ao de outras drogas mais pesadas e a outros crimes, também pode beneficiar , como medicamento ,pacientes em doença terminal, levando-lhes alívio.

Proposta
- Maconha : legalizar ou não?
Utilize a norma culta em seu texto, posicione-se a respeito do tema, mantenha clareza e coesão.

Ver é reto, olhar é sinuoso. Ver é sintético, olhar é analítico. Ver é imediato, olhar é mediado ...


Texto de apoio

13/02/2009 - 22:42 - ATUALIZADO EM 14/02/2009 - 00:18 - Revista Época

Maconha: é hora de legalizar?

Por que um grupo cada vez maior de políticos e intelectuais – entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – defende a legalização do consumo pessoal de maconha
RUTH DE AQUINO. COM MARTHA MENDONÇA, NELITO FERNANDES, WÁLTER NUNES E RAFAEL PEREIRA


Fumar maconha em casa e na rua deveria ser legal? Legal no sentido de lícito e aceito socialmente, como álcool e tabaco? O debate sobre a legalização do uso pessoal da maconha não é novo. Mas mudaram seus defensores. Agora, não são hippies nem pop stars. São três ex-presidentes latino-americanos, de cabelos brancos e ex-professores universitários, que encabeçam uma comissão de 17 especialistas e personalidades: o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, de 77 anos, e os economistas César Gaviria, da Colômbia, de 61 anos, e Ernesto Zedillo, do México, de 57 anos. Eles propõem que a política mundial de drogas seja revista. Começando pela maconha. Fumada em cigarros, conhecidos como “baseados”, ou inalada com cachimbos ou narguilés, a maconha é um entorpecente produzido a partir das plantas da espécie Cannabis sativa, cuja substância psicoativa – aquela que, na gíria, “dá barato” – se chama cientificamente tetraidrocanabinol, ou THC.

Na Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, reunida na semana passada no Rio de Janeiro, ninguém exalta as virtudes da erva, a não ser suas propriedades terapêuticas para uso medicinal. Os danos à saúde são reconhecidos. As conclusões da comissão seguem a lógica fria dos números e do mercado. Gastam-se bilhões de dólares por ano, mata-se, prende-se, mas o tráfico se sofistica, cria poderes paralelos e se infiltra na polícia e na política. O consumo aumenta em todas as classes sociais. Desde 1998, quando a ONU levantou sua bandeira de “um mundo livre de drogas” – hoje considerada ingenuidade ou equívoco –, mais que triplicou o consumo de maconha e cocaína na América Latina.

Em março, uma reunião ministerial na Áustria discutirá a política de combate às drogas na última década. Espera-se que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, modifique a posição conservadora histórica dos Estados Unidos. A questão racial pode influir, já que, na população carcerária americana, há seis vezes mais negros que brancos. Os EUA gastam US$ 35 bilhões por ano na repressão e, em pouco mais de 30 anos, o número de presos por envolvimento com drogas decuplicou: de 50 mil, passou a meio milhão. A cada quatro prisões no país, uma tem relação com drogas. No site da Casa Branca, Obama se dispõe a apoiar a distribuição gratuita de seringas para proteger os viciados de contaminação por aids. Alguns países já adotam essa política de “redução de danos”, mas, para os EUA, o cumprimento dessa promessa da campanha eleitoral representa uma mudança significativa.

A Colômbia, sede de cartéis do narcotráfico, foi nos últimos anos um laboratório da política de repressão. O ex-presidente Gaviria afirmou, no Rio, que seu país fez de tudo, tentou tudo, até violou direitos humanos na busca de acabar com o tráfico. Mesmo com a extradição ou o extermínio de poderosos chefões, mesmo com o investimento de US$ 6 bilhões dos Estados Unidos no Plano Colômbia, a área de cultivo de coca na região andina permanece com 200 mil hectares. “Não houve efeito no tráfico para os EUA”, diz Gaviria.

Há 200 milhões de usuários regulares de drogas no mundo. Desses, 160 milhões fumam maconha. A erva é antiga – seus registros na China datam de 2723 a.C. –, mas apenas em 1960 a ONU recomendou sua proibição em todo o mundo. O mercado global de drogas ilegais é estimado em US$ 322 bilhões. Está nas mãos de cartéis ou de quadrilhas de bandidos. Outras drogas, como o tabaco e o álcool, matam bem mais que a maconha, mas são lícitas. Seus fabricantes pagam impostos altíssimos. O comércio é regulado e controla-se a qualidade.

Crescem entre estudiosos duas convicções. Primeira: fracassou a política de proibição e repressão policial às drogas. Segunda: somente a autorregulação, com base em prevenção e campanhas de saúde pública, pode reduzir o consumo de substâncias que alteram a consciência. Liderada pelos ex-presidentes, a comissão defende a descriminalização do uso pessoal da maconha em todos os países.

“Temos de começar por algum lugar”, diz FHC. “A maconha, além de ser a droga menos danosa ao organismo, é a mais consumida. Seria leviano incluir drogas mais pesadas, como a cocaína, nessa proposta”.

EXPERIÊNCIA
Os ex-presidentes Ernesto Zedillo, César Gaviria e Fernando Henrique em encontro no Rio, na semana passada. Eles defenderam a revisão das leis contra as drogas e a descriminalização da posse de pequenas quantidades de maconha
O que pode parecer a conservadores uma tremenda ousadia não passa, na verdade, de um gesto simbólico do continente produtor de drogas, a América Latina. Um gesto com os olhos voltados para o Norte, o hemisfério consumidor por excelência. Nos Estados Unidos, ainda se encarceram usuários na maioria dos Estados, e a Europa faz vista grossa ao consumo, mas não muda sua legislação. A comissão latino-americana acha “imperativo retificar a estratégia de guerra às drogas dos últimos 30 anos”.

Nosso continente continua sendo o maior exportador mundial de cocaína e maconha, mas produz cada vez mais ópio e heroína e debuta na produção de drogas sintéticas. Um maior realismo no combate às drogas, sem preconceito ou visões ideológicas, ajudaria a reduzir danos às pessoas, sociedades e instituições.

Há quem discorde dessa visão, com base em argumentos também poderosos. Com a liberação do consumo da maconha, mais gente experimentaria a droga. Isso aumentaria o número de dependentes e mais gente sofreria de psicoses, esquizofrenia e dos males associados a ela. Mais gente morreria vítima desses males.

“Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada”, afirma Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista que trabalha no Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid). “Legalizá-la significaria torná-la disponível e sujeita a campanhas de publicidade que estimulariam seu consumo”.



Reflexão :
É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver"

Gabriel Garcia Marques

sábado, 28 de agosto de 2010

Pedro Bala e Dora : a poesia na marginalidade.


Capitães da areia.

Os Capitães da Areia são um grupo de meninos de rua. O livro é dividido em três partes. Antes delas, no entanto, via-se uma sequência de reportagens e depoimentos, explicando que os Capitães da Areia é um grupo de menores abandonados e marginalizados, que aterrorizam Salvador. Os únicos que se relacionam com eles sem considerá-los bandidos são Padre José Pedro e a mãe-de-santo, Don'Aninha.

A primeira parte:"Sob a lua, num velho trapiche abandonado" conta algumas histórias quase independentes sobre alguns dos principais Capitães da Areia (o grupo chegava a quase cem, mas tinha líderes). Pedro Bala, o líder, de longos cabelos loiros e uma cicatriz no rosto, uma espécie de pai para os garotos, mesmo sendo tão jovem quanto os outros, e que descobre ser filho de um líder sindical morto durante uma greve; Volta Seca, afilhado de Lampião, tem ódio das autoridades e o desejo de se tornar cangaceiro; Professor, lê e desenha , muito talentoso; Gato, com seu jeito malandro acaba conquistando uma prostituta, Dalva; Sem-Pernas, o garoto coxo serve de espião fingindo-se de órfão desamparado (e numa das casas a que vai é bem acolhido, mas trai a família , mesmo sem querer fazê-lo de verdade); João Grande, o "negro bom" como diz Pedro Bala, segundo em comando; Querido-de-Deus, um capoeirista amigo do grupo, que dá algumas aulas de capoeira para Pedro Bala, João Grande e Gato; e Pirulito, que tem grande fervor religioso. O apogeu da primeira parte é dividido em, quando os meninos se envolvem com um carrossel mambembe que chegou na cidade; e quando a varíola ataca a cidade, matando um deles, mesmo com Padre José Pedro tentando ajudá-los e se indo contra a lei por isso.O homossexualismo é comum no grupo, mesmo que em dado momento Pedro Bala tente impedi-lo de continuar.Todos eles costumam "derrubar negrinhas" no areal,bebem, fumam como se fossem adultos.

A segunda parte :"Noite da Grande Paz, da Grande Paz dos teus olhos",é uma história de amor. A menina Dora torna-se a primeira "Capitã da Areia".Mesmo que inicialmente os garotos tentem tomá-la a força, ela se torna mãe e irmã para todos. Professor e Pedro Bala apaixonam-se por ela, e Dora se apaixona por Pedro . Quando Pedro e ela são capturados (pois em pouco tempo passa a roubar como um dos meninos), eles são muito castigados, respectivamente no Reformatório e no Orfanato. Quando escapam, muito enfraquecidos, se amam pela primeira vez e ela morre de febre, marcando o começo do fim para os principais membros do grupo.

"Canção da Bahia, Canção da Liberdade", a terceira parte, vai nos mostrar a desintegração dos líderes do grupo. Sem-Pernas se mata antes de ser capturado pela polícia -que odeia; Professor parte para o Rio de Janeiro para se tornar um pintor de sucesso, entristecido pela morte de Dora; Gato torna-se uma malandro de verdade, abandonando sua amante Dalva, e passando por ilhéus; Pirulito consegue seguir a vocação religiosa,tornando-se frade; Padre José Pedro finalmente recebe uma paróquia no interior, e vai para lá ajudar os desgarrados do rebanho do Sertão( cangaceiros); Volta Seca torna-se um cangaceiro do grupo de Lampião e mata mais de 60 soldados antes de ser capturado e condenado; João Grande torna-se marinheiro; Querido-de-Deus continua sua vida de capoeirista e malandro; Pedro Bala, cada vez mais fascinado com as histórias de seu pai sindicalista, vai se envolvendo com os doqueiros e finalmente os Capitães de Areia ajudam-no em uma greve. Pedro abandona a liderança do grupo, mas antes os transforma numa espécie de grupo de choque. Assim deixa de ser o líder dos Capitães de Areia e torna-se um líder revolucionário comunista procurado pela polícia em vários estados.

Dica: Dependendo do tema de redação- e naturalmente virá um tema social em alguma prova -utilize argumentos retirados dessa obra. Seja criativo, crítico e mostra sua leitura de mundo e de clássicos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Gabarito das questões UFSCAR.


1-
a) “a obrigatoriedade do diploma do jornalista para quem exerce a profissão”
b) O enunciador mostra-se favorável à decisão do Supremo Tribunal Federal, que acabou com a exigência de curso superior específico para alguém trabalhar com a atividade jornalística. Ele considera essa exigência uma “excrescência”, “herança da ditadura militar”, cujo “ridículo” foi exposto por uma “comparação brilhante
de Gilmar Mendes”, que associou a exigência do diploma de jornalista à pitoresca situação em que “toda e qualquer refeição” devesse ser preparada por pessoas que cursaram “uma faculdade de culinária”.

2-
a) O verbo “poder” está flexionado no plural concordando com o sujeito composto “o jornalismo e a liberdade de expressão”. A forma “pensados” está no masculino plural porque concorda com substantivos de gêneros diferentes (“jornalismo” é masculino e “liberdade” é feminino, prevalecendo o masculino na concordância nominal).
b) O exemplo do chef, transposto para o jornalismo, pode ser assim traduzido: Um excelente jornalista certamente poderá ser formado numa faculdade de jornalismo, o que não legitima o estado a exigir que toda e qualquer matéria seja escrita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área.


3-
a) No texto da revista Veja, reconhece-se uma evidente referência à corrente ultra-romântica, também conhecida como geração byroniana daquele movimento literário, que marcou presença nas décadas de 1850 e 1860. Os representantes dessa 2ª- fase da poesia romântica brasileira produziram obras de teor mórbido,em que se acentuam o gosto pelo tédio, a solidão noturna, a insatisfação amorosa e o culto da noite,
temáticas incitadas pelo mal do século.
b) Os versos “Quanta glória pressinto em meu futuro! / Que aurora de porvir e que manhã! / Eu perdera chorando essas coroas / Se eu morresse amanhã!”, do poema de Álvares de Azevedo, podem ser vistos como ilustração do “fim precoce” dos autores românticos, enfatizado por Manoel Carlos em seu texto. A estrofecitada exemplifica, por um recurso fantasioso de autocontemplação, a angústia desses poetas perante a
ideia da morte.

4-
a) Os dois textos exploram a mesma temática: a mudança das coisas. Essa ideia é explicitada nos seguintes trechos: “Muda-se o ser, muda-se a confiança; / Todo o mundo é composto de mudança” (Texto I); “elas [as pessoas] vão sempre mudando” (Texto II). No entanto, convém explicitar que esse tema é tratado de forma
diferenciada em cada um dos textos. O eu lírico do poema camoniano vê com pessimismo as mudanças que se operam no mundo, porque constata que elas são geradoras de um mal cuja dor não pode ser superada(“Do mal ficam as mágoas na lembrança”) e ainda considera que a ocorrência do bem, apenas hipotética (“se algum houve”), pode trazer mais sofrimento ao deixar “saudades”. Já o narrador de Grande sertão:veredas vê as mudanças com mais otimismo, ao qualificá-las como algo “importante e bonito”.
b) Depois de sua reflexão a respeito das mudanças a que a vida humana está submetida, Riobaldo, o narrador de Grande sertão: veredas, passa a tecer comentários sobre Deus e o diabo: “E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro!” Isso significa reconhecer que Deus e o diabo exploram estratégias opostas
em seu esforço de dirigir (e mudar) a vida humana. Enquanto o diabo age “às brutas”, isto é, de forma mais violenta e explícita, Deus atua “na lei do mansinho”, o que sugere maior sutileza. A ação divina se dá por
intermédio de milagres nem sempre reconhecidos pelo ser humano; daí dizer que “Deus é traiçoeiro” — adjetivo destituído do sentido negativo habitual e revestido de carga positiva, associado à bondade na condução do destino humano.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Gosta da UFSCAR ? -Resolva questões da prova 2010...



MESMO COM A PRESENÇA DA UFSCAR ENTRE AS UNIVERSIDADES QUE IRÃO CONSIDERAR AS PROVAS DO ENEM, OS SEUS EXERCÍOS DE LINGUA PORTUGUESA SÃO ÓTIMOS PARA TESTAR SEUS CONHECIMENTOS.
Ufscar – 2010- Língua Portuguesa.

Leia o texto para responder às questões abaixo:

O Supremo Tribunal Federal varreu da legislação brasileira mais uma herança da ditadura militar: a obrigatoriedade do diploma de jornalista para quem exerce a profissão. Ao defender o fim dessa excrescência, o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, disse que ela atentava contra a liberdade de expressão garantida pela Constituição Federal a todos os cidadãos. “Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada”, afirmou o ministro. Além de ferir o direito constitucional, já que impedia pessoas formadas apenas em outra área de manifestar seu conhecimento e pensamento por meio da atividade jornalística, a exigência teve o seu ridículo exposto por uma comparação brilhante de Gilmar Mendes: “Um excelente chef de cozinha certamente poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima o estado a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”.(Veja, 24.06.2009.)

1-Com relação ao assunto tratado,
a) transcreva a frase do texto que o sintetiza.
b) indique o posicionamento do autor em relação a ele e transcreva uma palavra, expressão ou frase que exemplifique sua resposta.


2-Com base nas falas de Gilmar Mendes,
a) o que justifica na perífrase verbal — podem ser pensados — a flexão do verbo poder e o plural masculino do particípio do verbo pensar?
b) reescreva o fragmento textual referente ao exemplo do chef de cozinha, transpondo-o para a questão do jornalismo.


Leia o texto de Manoel Carlos.

Envelhecer já foi um milagre, um sonho e também uma sentença cruel. Nossos poetas românticos, por exemplo, almejavam a vida curta, cravejada de muita tosse, e olhos fundos, aureolados de acentuadas olheiras. E, quando a vida se estendia, sentiam-se traídos pelo Destino, envergonhados diante da posteridade.
Consta mesmo que um deles, aos 22 anos, preocupado com a hora final que tardava a soar, declarava-se com 20 anos — a fim de ampliar a chance de ser colhido ainda na juventude. Acabou não desapontando ninguém,nem a si próprio. Foi ceifado aos 23 anos.
Não fosse o fim precoce de seus autores, a maior parte da poesia romântica não teria sido escrita. A maiore a melhor, porque em toda a obra de Álvares de Azevedo poucos poemas se comparam à beleza de Se Eu Morresse Amanhã. O poeta deu o último suspiro aos 20 anos.
(Veja, 15.07.2009.)

3-a) Identifique a vertente da literatura romântica brasileira referida no texto e aponte duas de suas características.
b) Leia o poema de Álvares de Azevedo, transcreva um fragmento e explique por que ele exemplifica as considerações
sobre a literatura romântica brasileira apresentadas por Manoel Carlos.

Se Eu Morresse Amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!


4-Leia os textos I e II.

Texto I

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.


Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
(...)
(Camões)


Texto II
O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro — dá gosto! A força dele, quando quer — moço! — me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho — assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza.
(Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.)

a) Comparando os textos I e II, identifique a ideia comum a ambos e transcreva uma informação de cada um deles para justificar a sua resposta.
b) No texto II, explique como se fazem presentes o diabo e Deus, explicitando a relação de sentido estabelecida.


Dicas :
Questões dissertativas demandam respostas completas.Lembre-se de que essa prova é de Língua Portuguesa. Clareza, coerência,correção são itens essenciais para a qualidade dela.
NÃO TENHA PREGUIÇA. Não assinale o texto, crie uma resposta escrita integral.Acostume-se a fazer o melhor.

GABARITO será postado no domingo - 22/08.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A voz do silêncio : VIDAS SECAS.


Sinopse

Contextualizando :

1-Autor : Graciliano Ramos.

2-Tempo literário : Modernismo ( Geração de 30)

Características : linearidade narrativa.

Tipificação social.

Realidade social (elementos históricos)

Liberdade lingüística.

Regionalismo



3- A obra : Vidas Secas - 1938


Estrutura: 13 capítulos.

Fragmentada/ desmontável .

Cíclica.

Tema : O flagelo da seca ( a impotência humana)


Título :

Físico : material, a aridez, a falta de água,a miséria.

Psicológico : a ausência de sonhos, de planos,de horizonte, de amanhã.


Foco narrativo
: 3° PESSOA ( onisciência múltipla seletiva / prismática)

Presença marcante do Discurso Indireto Livre.

Tempo :

Cronológico :intervalo entre dois períodos de seca.
Psicológico ( interior): monótono e triste , marca a vivencia pecaria das personagens ( angustia, solidão, medo, opressão)

Espaço : o sertão de Alagoas, a paisagem árida e desoladora .

Estilo : compatível com o tema ,áspero, conciso, duro, seco ( machadiano)

Linguagem : enxuta, econômica, períodos curtos, essencialmente substantivados.
Regional;
Ausência de diálogos ( o silêncio);
Grunhidos, onomatopéias ( zoomorfismo).

Personagens : um “ bando” de gente ( bichos?) sem afeto e sem comunicação.

Fabiano :fatalista, complexado, humilhado , “um bicho”.

Sinhá Vitória : positiva ( dentro dos seus limites), tem sonhos femininos, manifesta-se ( grunhe)

Os filhos :

O mais velho :quer ser amado, sente irresistível atração pela palavra “inferno”.

O mais novo :sonha ser “ importante” como o pai, um vaqueiro.

Baleia :personificada.
Raciocina e age.
Capítulo IX – sua morte – o episódio mais comovente de todo o texto.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Por que / Por quê / Porque ou Porquê...

O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto. 

  Por que O por que tem dois empregos diferenciados: Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”: 
 Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão) Não sei por que não quero ir. (por qual motivo) 
 Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais. Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)

  Por quê Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”. Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê? Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro. 

  Porque É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”. Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois) Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)

  Porquê É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral. Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo) Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão) Brasil Escola

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Redação : Ciência e Religião são compatíveis?




Eis aqui um tema para treinar a escrita.O desenvolvimento acelerado da ciência, em especial a medicina, tem colocado em pauta vários questionamentos sobre os limites do ser humano perante a religião. Como você avalia essa questão?
Escreva...


Ciência e religião: são compatíveis? Como conciliar ciência e religião?
"Ciência e religião deixaram de ser encaradas como incompatíveis."— The Daily Telegraph, Londres, 26 de maio de 1999.


Explanando esse enfoque dualístico, o físico Freeman Dyson disse: "Ciência e religião são duas janelas por onde as pessoas perscrutam a imensidão do Universo."


"A ciência lida com o mensurável; a religião, com o imensurável", escreveu William Rees-Mogg. Ele disse: "A ciência não pode provar nem refutar a existência de Deus, assim como não pode provar ou refutar qualquer proposição moral ou estética. Não há nenhuma razão científica para amar o próximo ou respeitar a vida humana . . . Afirmar que aquilo que não pode ser comprovado cientificamente não existe é um erro primário, que eliminaria quase tudo o que mais prezamos na vida — não só Deus ou o espírito humano, mas o amor, a poesia e a música." O conhecimento científico adquirido graças a tal sede de saber, longe de refutar a existência de Deus, apenas serviu para confirmar que vivemos num mundo espantosamente complexo, intrincado e assombroso. Muitas pessoas de reflexão acham plausível concluir que as leis físicas e as reações químicas, bem como o DNA e a incrível variedade da vida, apontam para um Criador. Não há prova irrefutável em contrário.
TANTO a ciência como a religião, nas suas formas mais nobres, têm como objetivo a busca da verdade. A ciência desvenda um mundo em que há espantosa ordem e harmonia, um Universo com claras evidências de projeto inteligente. A religião verdadeira dá significado a essas descobertas, ao ensinar que a mente do Criador está por trás do projeto manifesto no mundo físico.

"A religião aumenta minha admiração pela ciência", diz o biólogo molecular Francis Collins. Ele continua: "Quando alguma coisa nova é revelada sobre o genoma, experimento um sentimento maravilhoso de satisfação ao perceber que a humanidade agora sabe alguma coisa que só Deus sabia antes. É uma sensação incrível e emocionante, que me aproxima de Deus e torna a ciência ainda mais gratificante para mim."

O que ajudará alguém a conciliar a ciência com a religião? .A busca continua ...
Aceite os limites: Nossa busca por respostas sobre os infinitos, Universo, espaço e tempo não tem fim. O biólogo Lewis Thomas disse: "Essa busca nunca terá fim, pois somos uma espécie dotada de insaciável curiosidade: sempre explorando novos horizontes, investigando e procurando entender as coisas. Jamais teremos todas as respostas. Não consigo imaginar chegarmos a um ponto em que todos suspirarão aliviados e dirão: ‘Agora entendemos tudo.’ Jamais atingiremos esse estágio."

A verdade religiosa também é infinita. Paulo, um dos escritores da Bíblia, afirmou: "Agora vemos em espelho e de maneira confusa . . . O meu conhecimento é limitado." — 1 Coríntios 13:12; Bíblia Sagrada, Edição Pastoral.
Mas o conhecimento parcial ou limitado sobre questões científicas e religiosas não nos impede de chegar a conclusões coerentes com base nos fatos que conhecemos. Não precisamos de conhecimento detalhado sobre a origem do Sol para termos certeza absoluta de que ele se levantará amanhã.

Deixe que os fatos falem por si: Na nossa busca de respostas, precisamos ser guiados por princípios sólidos. A menos que nos guiemos pelas evidências mais idôneas, podemos ser facilmente desencaminhados na nossa busca da verdade científica ou religiosa. Falando de modo realista, nenhum de nós tem condições de avaliar todo o conhecimento e conceitos científicos que hoje enchem enormes bibliotecas. Por outro lado, a Bíblia é um compêndio de ensinamentos espirituais, de fácil manuseio. A Bíblia é comprovada por fatos estabelecidos.

Concernente ao conhecimento em geral — tanto na ciência como na religião —, é preciso um esforço sincero para distinguir entre fato e especulação, entre realidade e engano. Conforme alertou o escritor bíblico Paulo, precisamos rejeitar as "contradições do falsamente chamado ‘conhecimento’ ". (1 Timóteo 6:20) Para conciliar a ciência e a Bíblia, precisamos deixar que os fatos falem por si, evitando conjecturas e especulações, e examinar como cada fato apóia e amplia outro.

Só para citar um exemplo, quando entendemos que a Bíblia usa o termo "dia" para representar vários períodos, compreendemos que os seis dias criativos em Gênesis não entram em conflito com a conclusão científica de que a Terra tem cerca de quatro bilhões e meio de anos. Segundo a Bíblia, a Terra já existia por um período não especificado antes de começarem os dias criativos. (Veja o subtítulo "Será que cada dia criativo teve a duração de 24 horas?") Mesmo que uma revisão de conceitos científicos atribua uma idade diferente para o nosso planeta, as declarações bíblicas ainda são verazes. Longe de contradizer a Bíblia, a ciência, nesse e em muitos outros casos, na verdade fornece amplas informações suplementares sobre o Universo físico, tanto no presente como no passado.

Fé, não credulidade: A Bíblia nos fornece conhecimento de Deus e dos seus propósitos que não encontramos em outra fonte. Que razões temos para confiar nela? A própria Bíblia nos convida a testar a sua exatidão. Analise sua autenticidade histórica, praticidade, integridade e a candura dos escritores. Se a pessoa investigar a exatidão da Bíblia, incluindo declarações de natureza científica, e, ainda mais, o cumprimento infalível de centenas de profecias no decorrer das eras até o presente, poderá adquirir forte fé nela como a Palavra de Deus. A fé na Bíblia não é credulidade, mas uma confiança fundamentada na exatidão de suas declarações.

Dê o devido valor à ciência e às crenças religiosas: As Testemunhas de Jeová convidam pessoas de mente aberta, dos círculos científico e religioso, a buscar a verdade em ambos os campos. Nas suas congregações, elas promovem saudável respeito pela ciência e suas descobertas comprovadas, bem como profunda convicção de que a verdade religiosa pode ser encontrada somente na Bíblia, que fornece amplas e claras evidências de ser a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo disse: "Quando recebestes a palavra de Deus, que ouvistes de nós, vós a aceitastes, não como a palavra de homens, mas, pelo que verazmente é, como a palavra de Deus." — 1 Tessalonicenses 2:13.

Evidentemente, assim como ocorre com a ciência, falsidades e práticas prejudiciais se infiltraram na religião. De forma que existe a religião verdadeira e a falsa. Isso explica por que muitos abandonaram as instituições religiosas tradicionais para se tornar membros da congregação cristã das Testemunhas de Jeová. Eles se decepcionaram com o fato de sua religião anterior preferir ater-se a tradições humanas e mitos, desconsiderando as verdades descobertas ou reveladas.

Além do mais, os cristãos verdadeiros encontram real significado e objetivo na vida, resultantes de um conhecimento profundo do Criador (conforme revelado na Bíblia) e do Seu propósito para com a humanidade e o planeta em que vivemos. As Testemunhas de Jeová encontraram na Bíblia respostas satisfatórias e abalizadas a perguntas como: Por que existimos? Qual o futuro da humanidade? Elas terão o maior prazer em transmitir-lhe essas informações.
Será que cada dia criativo teve a duração de 24 horas?

Segundo alguns fundamentalistas, a explicação da Pré-História está no criacionismo, não na evolução. Para eles, toda a criação física ocorreu em seis dias de 24 horas, entre 6.000 e 10.000 anos atrás. Mas com isso promovem um ensino não-bíblico que tem feito com que muitos ridicularizem a Bíblia. Cito aqui um blog que se encontra entre os blogs que recomendo (mas não compartilho das crenças dele e não defendo o criacionismo) e que promove o fundamentalismo criacionista.

Será que um dia na Bíblia sempre tem a duração de 24 horas literais? Gênesis 2:4 fala do "dia em que Jeová Deus fez a terra e o céu". Esse único dia abrangeu todos os seis dias criativos mencionados em Gênesis, capítulo 1. A Bíblia emprega o termo "dia" para referir-se a um período determinado, que pode ser de mil anos ou de muitos milhares de anos de duração. Cada um dos dias criativos mencionados na Bíblia pode ter tido a duração de milhares de anos. Além disso, a Terra já existia antes de começarem os dias criativos. (Gênesis 1:1) Nesse ponto, portanto, o relato bíblico é compatível com a ciência verdadeira. — 2 Pedro 3:8.
Sobre as asserções de que cada dia criativo teria durado apenas 24 horas literais, o biólogo molecular Francis Collins comenta: "Nada na história moderna abalou tanto o conceito da religião como o criacionismo."
O biólogo molecular Francis Collins explica como a fé e a espiritualidade ajudam a preencher o vazio deixado pela ciência: "Não espero que a religião seja capaz de seqüenciar o genoma humano, da mesma forma que não espero que a ciência me revele o conhecimento do sobrenatural. Mas para questões que são de grande relevância e interesse, como ‘Por que existimos?’ ou ‘Por que o homem busca a espiritualidade?’, acho que a ciência deixa a desejar. Muitas superstições surgiram e com o tempo desapareceram. A fé permanece viva, o que sugere que ela se baseia em realidade."





GABARITO DO AUTO DA BARCA DO INFERNO:
1-A 2-E 3-D 4-B 5-E 6-A

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Teste seu conhecimento : A barca do Inferno.


DICAS:
Para auxiliá-lo há uma postagem anterior da sinopse do "Auto da BARCA DO INFERNO".
O GABARITO SERÁ PUBLICADO NA PRÓXIMA POSTAGEM.

TESTES DE MÚLTIPLA ESCOLHA :

1- Considerando a peça como um todo, indique a alternativa que melhor se adapta à proposta do teatro vicentino.

a) Preso aos valores cristãos, Gil Vicente tem como objetivo alcançar a consciência do homem, lembrando-lhe que tem uma alma para salvar.
b) As figuras do Anjo e do Diabo, apesar de alegóricas, não estabelecem a divisão maniqueísta do mundo entre o Bem e o Mal.
c) As personagens comparecem nesta peça de Gil Vicente com o perfil que apresentavam na terra, porém apenas o Onzeneiro e o Parvo portam os instrumentos de sua culpa.
d) Gil Vicente traça um quadro crítico da sociedade portuguesa da época, porém poupa, por questões ideológicas e políticas, a Igreja e a Nobreza. e) Entre as características próprias da dramaturgia de Gil Vicente, destaca-se o fato de ele seguir rigorosamente as normas do teatro clássico.

2-Leia com atenção o fragmento do Auto da Barco do Inferno, de Gil Vicente:
Parvo - Hou, homens dos breviários,
Rapinastis coelhorum
Et pernis perdigotorum
E mijais nos campanários.

É incorreto afirmar sobre o texto:

a) Nesta fala, o Parvo está denunciando a corrupção dos homens da lei.
b) Ao misturar um falso latim com palavrões, Gil Vicente demonstra a natureza popular de seu teatro e de seus canais de expressão
c) As falas do Parvo, como esta, sempre são repletas de gracejos e de palavrões, com intenção satírica
d) O latim que aparece na passagem é exemplo de imitação paródica dessa língua
e) Ao parvo é atribuído o direito de ajudar o Diabo no seu julgamento,uma vez que o Anjo não se digna a ouvi-lo

3- Assinale a alternativa incorreta:

a)o Corregedor por ser achar superior ao Diabo, começa a discutir com ele, achando que só porque era um juiz prestigiado não teria que ir para o inferno
b)Vendo que o Judeu era uma péssima pessoa, o Diabo ordenou-lhe logo que entrasse em sua barca, para não perderem tanto tempo com uma discussão tola. ( No final do auto , o judeu irá, com seu bode, atracado à barca)
c)Um Fidalgo, que chega acompanhado de um Pajem, que leva a cauda de sua roupa e também uma cadeira, para seu encosto, é o primeiro a embarcar. O Diabo o recepciona, interessado em arrebanhar o maior número de pessoas possíveis Mas, o Fidalgo, sarcástico , tenta escapar , dizendo que a barca era horrível
d) Em tom coloquial e com intenção marcadamente doutrinária, escrita em medida nova , a obra deixa clara, em algumas passagens ,a fusão do latim com o espanhol.
e)Nesse auto, Gil Vicente, usando de características medievais ( em especial a força da Igreja) e antropocêntricas ( o homem julga seu semelhante), os mortos julgados são destinados à barcas do Inferno e da Glória, liderados respectivamente pelo Diabo e pelo Anjo.

4-Gil Vicente escreveu o Auto da Barca do Inferno em 1517, no momento em que eclodia na Alemanha a Reforma Protestante, com a crítica veemente de Lutero ao mau clero dominante na igreja. Nesta obra, há a figura do frade, severamente censurado como um sacerdote negligente. Indique a alternativa cujo conteúdo NÃO se presta a caracterizar, na referida peça, os erros cometidos pelo religioso.

A) Não cumprir os votos de celibato, mantendo a concubina Florença.
B ) Praticar a avareza como cúmplice do fidalgo, e a exploração da prostituição em parceria com a alcoviteira.
C) Praticar esgrima e usar armamentos de guerra, proibidos aos clérigos.
D) Transformar a religião em manifestação formal, ao automatizar os ritos litúrgicos.
E) Entregar-se a práticas mundanas, como a dança.


5-Assinale a incorreta :O Auto da Barca do Inferno ...

a) é uma peça alegórica. O cais e as barcas são a alegoria da morte; a barca do inferno é alegoria da condenação da alma; a barca do céu, a da salvação.
b)é texto onde as personagens de Gil Vicente são sempre típificadas, isto é, não são indivíduos singulares nem possuem traços psicológicos complexos
c) é como a maioria das peças de Gil Vicente: desenvolve-se por uma sucessão de cenas relativamente independentes, sem formar propriamente um enredo
d) não tem preocupação de fixar traços psicológicos e sim de fixar tipos sociais, tendo em vista que a maior parte dos personagens não têm nome de batismo, sendo designados pela profissão ou tipo humano que representam.
e) julga entre outros o Frade ( Frei Babriel): como todos os representantes do clero focalizados por Gil Vicente, ele é alegre, cantante, bom dançarino e mau-caráter, porém , por ser elemento da hierarquia eclesiástica terá permissão para embarcar com o Anjo.

6-- Esta questão refere-se às obras Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, e Morte e Vida Severina , de João Cabral de Melo Neto. Leia as alternativas abaixo e assinale a correta:

a) As duas obras apresentam uma crítica á sociedade de suas épocas: a de Gil Vicente, a partir das almas que representam classes sociais e profissionais de Portugal; e a de João Cabral, a partir das personagens representativas de tipos sociais do Nordeste.
b)As duas obras apresentam construções poéticas diametralmente opostas, uma vez que a primeira é escrita em versos decassílabos e a segunda em versos redondilhos.
c)As duas obras apresentam aspectos em comum, como o julgamento e a condenação, isto é,em ambas as personagens são julgadas e condenadas à morte.
d)As duas obras apresentam um julgamento ocorrendo na consciência de cada personagem. Entretanto na primeira obra, a execução da justiça é somente realizada pelo Diabo,e , em Morte e Vida... pela miserabilidade da vida.
e) As duas obras apresentam estrutura de auto; assimilam, portanto, tradições populares e constroem a realidade por meio da crítica. Como autos, possuem representações teatrais que contem vários atos.

sábado, 7 de agosto de 2010

O enigma está em Bentinho...não em Capitu.


D.Casmurro.(Sinopse)


Contexto :

Autor : Machado de Assis
Tempo Literário : Século XIX
Realismo ( psicológico)
Interiorização/Introspecção;
O homem pelo caráter.


Fases Literárias do autor :

1- Romantismo
2- Realismo ( maturidade emocional e intelectual)


Características gerais da obra machadiana:

Metalinguagem;

Digressão;

Ironia / humor amargo;

Pessimismo;

Concisão/clareza;

Estilo apurado


A obra : D. Casmurro ( 1900)

Estrutura ; 148 capítulos curtos.

O título : a ironia e a ambigüidade contidas no título ( Dom?!...)

Foco narrativo : 1° pessoa ( inseguro/ emocionalmente conturbado/ ambíguo/ fugidio)

Tempo : Cronológico – Brasil , Segundo Império – século XIX
Psicológico – pausado,lento , reflexivo, em flash back.


Espaço : Exterior- O Rio de Janeiro ( bairros e ruas em escassas descrições)
Ambiente : duas casas – Engenho Novo ( a do presente narrado)
Matacavalos ( a da memória)

Tema: a suspeita de adultério gerado por um ciúme doentio, distorcido e autodestrutivo.


Personagens :

Bento Santiago : o narrador ardiloso que busca no leitor a cumplicidade para o libelo de acusação que cria sutilmente. Um “voyeur “ do passado. (Bento Sant + Iago)

Capitolina /Capitu: o alvo do narrador, construída milimetricamente para receber a culpa que ele quer lhe atribuir. ( Capitólio- capita- cabeça).

Escobar : o “ melhor” amigo, personagem sem grande profundidade psicológica.Parte de um “suposto” triângulo amoroso.

Ezequiel : filho de Bento (?) e Capitu – pejorativamente chamado “ o filho do homem’.

D. Glória : a mãe de Bento – autoritária, dominadora, religiosa, oriunda do patriarcalismo rural, reflexo de uma sociedade burguesa..” Uma santa”.

José Dias – o agregado ( o homem livre / o clientelismo / “ viver de favores”)

Tio Cosme e Tia Justina : irmão e prima de D.Glória.


Alguns capítulos destacados:

A ópera : capítulo 9

Olhos de Ressaca – capítulos 32 e 132

Um soneto : capítulo 55

O retrato : capítulo 83


Os olhos de Capitu segundo ...

José Dias : de cigana oblíqua e dissimulada.

Bentinho : de ressaca ( crescidos e sombrios)

Em circunstancias especiais (segundo o narrador )

Olhos no chão/ fitavam e desfitavam, dizendo coisas infinitas ( bentinho e Capitu adolescentes na inscrição do muro)


Cautelosos ( quando trocou olhares com Escobar)

Embuçados (ao voltar do enterro de Escobar)

Vermelhos ( logo após a morte de Escobar)

Grandes e abertos ( fitando o cadáver)

Olhos pensativos ( segundo José dias ao, finalmente , aceitá-la )

Recolheu os olhos e meteu-os m si com as pupilas vagas e surdas ( quando Capitu soube de sua ida ao seminário).

Olhos apertados ( Capitu refletindo)

Olhos ternos e suplices ( Capitu após as brigas )

Olhos diretos, claros e lúcidos ( para a sogra)


“ O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui.(...) Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.” ( Capítulo 2)


O Soneto inconcluso ( capítulo 55)

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
*
*
*

*
*
*
*

*
*
*

*
*
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!

E conclui :

“ Trabalhei em vão, busquei, catei, esperei, não viram os versos (...) Pois, senhores, nada me consola daquele soneto que não fiz.”

As duas pontas da existência estão configuradas no soneto,- os primeiro e ultimo versos-, assim como estão configuradas em duas casas – Engenho Novo e Matacavalos- sem que Bentinho conseguisse atá-las .



OBS : Ninguém lê Machado de Assis para provas e vestibulares.A gente o lê para a vida,pela correção, pela elegância, pelo estilo, pelo desafio de aprender, porque ELE É IMPAR.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Como se escreve um editorial?


O editorial

O editorial é um texto da responsabilidade da direção do jornal, que deverá acompanhar cada número da publicação, e que se debruça sobre os acontecimentos mais marcantes da atualidade ou dessa edição do periódico, comentando, analisando, exortando – em suma, fazendo opinião; não uma opinião qualquer, mas a opinião do jornal. E é esta característica que distingue o editorial dos restantes textos de opinião do jornal

Utilizado na imprensa escrita, especialmente em jornais e revistas, o editorial tem por objetivo informar, não se obriga a ser neutro, nem indiferente.
Portanto, a objetividade e imparcialidade não são características do editorial, uma vez que o redator se dispõe a relatar fatos sob sua subjetividade, evidenciando a posição do canal de comunicação , uma vez que o editorial não é assinado.

Diante disso, fica claro que o editorial não é apenas um texto de informação, mas também de opinião .Ambos, fato e opinião, fundem-se,são informativos e interpretativos. Pelas características apontadas , podemos dizer que o editorial é um texto: dissertativo, pois desenvolve argumentos baseados em uma ideia central; crítico, já que expõe um ponto de vista; informativo, porque relata um acontecimento.

No entanto, contrariando o fato do editorial levar em consideração a opinião do jornal como um todo, muitos editoriais de revista mostram apreciações feitas por autores que assinam o texto , em especial quando são pessoas abalizadas no assunto que está sendo desenvolvido.

Editorial da Folha de São Paulo 24/03/2010

SANTO DAIME

Era previsível que as mortes trágicas do cartunista Glauco e de seu filho Raoni reanimassem a controvérsia sobre o uso do chá alucinógeno ayahuasca, também conhecido como hoasca ou daime. Glauco fundou uma das igrejas que usa a bebida em rituais. Seu assassino confesso frequentava cerimônias, mas, ao que se sabe, teria ingerido o chá pela última vez semanas antes de cometer o crime.Há que evitar, em primeiro lugar, a polarização entre a apologia da huasca e sua demonização. Assim como não há evidência científica dos poderes curativos e transcendentais que seguidores lhe atribuem, tampouco as há para apoiar o pressuposto de críticos acerbos de que o chá cause dependência, faça mal à saúde ou desencadeie ações violentas.
A bebida contém potentes compostos psicoativos diluídos em água. Eles são obtidos de duas plantas, o cipó jagube (Banisteriopsis caapi) e a erva chacrona (Psychotria viridis).
A ingestão tem efeitos sobre o metabolismo de importantes neurotransmissores, como a serotonina. Estimula o surgimento de visões, que os seguidores do Santo Daime chamam de “mirações”. É uma droga, sob qualquer definição, como o álcool ou o tabaco -e seu uso deve submeter-se a normas.
A utilização do chá no contexto religioso é autorizada pelo Estado desde 1987. Questionamentos redundaram sempre na confirmação da legitimidade do consumo ritual. A mais recente ratificação se deu em janeiro, com a Resolução n.º 1 do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas.
O Conad faz uma série de recomendações -de um cadastro das igrejas à obrigatoriedade de os líderes religiosos realizarem entrevistas com candidatos a participar dos cultos. Incentiva, também, a realização de pesquisas sobre os efeitos da ayahuasca.
São providências sensatas e preferíveis à repressão ou à proscrição de seitas que acolhem desajustados e desequilibrados entre seus fiéis -como pedem alguns, de maneira oportunista.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

De olho no ENEM...Fique ligado!


PROPOSTA DE REDAÇÃO :

O mundo da superexposição

O Brasil é o país em as redes sociais são mais populares. Uma pesquisa da Nielsen, realizada em abril, aponta que 86% dos internautas brasileiros são adeptos e passam, em média, cinco horas por semana em sites deste tipo.

O uso de redes sociais, porém, requer uma série de cuidados nem sempre tomados pelas pessoas. A etiqueta e as práticas recomendadas para o mundo virtual ainda não estão totalmente consolidadas e vão se estabelecendo enquanto esse universo toma-se cada vez mais parte da vida das pessoas, avalia Marcelo Coutinho, professor da FGV-EAESP e especialista em redes sociais.

Segundo ele, a grande maioria ainda não se deu conta da imensa diferença que há entre dizer, mostrar e apontar no mundo virtual e no mundo real. “Não posso dizer qual o nível adequado de exposição. Alguns acham que nós brasileiros nos expomos muito na praia, com roupas de banho pequenas, mas isso é um referencial cultural. A questão é que as pessoas ainda não se deram conta de que um comportamento fora da internet é testemunhado por uma ou algumas pessoas e desaparece. Na internet, fica registrado para sempre.”

Na opinião do especialista, essa é a questão central. Muita gente ainda não percebeu que qualquer ação na internet deixa um rastro passível de ser armazenado. “Isso altera a importância social do material publicado”, afirma Coutinho.
“O indivíduo se sente confortável para dizer o que pensa ou passar informações pessoais nas redes sociais porque pensa estar entre amigos. Mas nem sempre é essa a realidade”, avalia Marinês Gomes, coordenadora do Movimento Internet Segura e Gerente de Segurança da Microsoft Brasil.

Alguns riscos são óbvios: há criminosos no ciberespaço tal como no mundo real. Por isso, diz Coutinho, não divulgue nenhuma informação na rede que você não escreveria em um cartaz e colaria ao corpo para andar na avenida Paulista. “Essa é uma boa referência que as pessoas devem ter quando vão publicar alguma coisa. O nível de exposição é semelhante.”

Outra dica aparentemente básica, mas que muitos não seguem à risca, é não aceitar o convite de amizade de pessoas desconhecidas, mesmo que elas sejam amigas de amigos. “Prefiro receber uma reclamação de alguém que tentou se conectar comigo sem sucesso do que aceitar desconhecidos. Se for o caso, eu peço desculpas e adiciono a pessoa depois”, afirma Marinês, sobre sua postura no Facebook. A gerente de segurança da Microsoft desaconselha também a publicação de imagens e informações que permitam a identificação dos lugares visitados com freqüência.

Passado na rede
Talvez passe despercebido que as atitudes de hoje poderão ser conhecidas no futuro, facilmente por meio da web. Diferentemente do que ocorria antigamente, o comportamento de um adolescente poderá ser facilmente descoberto sem muita dificuldade pelo seu contratante no futuro. Ou pior, por alguém mal-intencionado.

“Essa é talvez a primeira geração que vai viver a experiência de ver todas as loucuras do colégio e faculdade registradas para sempre em um espaço razoavelmente acessível. Isso é um problema, inclusive em termos de fotografia. Imagine altos executivos perseguidos por uma foto de certo porre, em um desses jogos universitários, divulgada na adolescência.”

Por este e outros motivos, o Movimento Internet Segura, entre outros, trabalha para conscientizar crianças e jovens sobre a privacidade e o cuidado adequado com a divulgação de informações na rede mundial, diz Marinês.

Mas o que observamos é apenas o começo. Enquanto a cultura do relacionamento virtual é estabelecida, as pessoas vão descobrindo como se comportar. Não sem dor para alguns.


Terra on line 25/06 /2010