quarta-feira, 28 de março de 2012

Geração Delivery...o mundo como você conhece.

Proposta de redação


Seja jovem, seja feliz, seja magro, seja bem informado, seja alguém de sucesso!Estas são as palavras de ordem do mundo contemporâneo. Se o mundo está difícil para nós, adultos, o que pensar para os adolescentes?
Vivemos numa época em que as mudanças, decorrentes de novas descobertas e invenções, ocorrem num ritmo vertiginoso.
A questão é: o que os jovens estão fazendo com essas novas informações, em que estão sendo beneficiados e/ou perturbados pelas transformações sociais?
Em clínicas e fora delas há queixas de adolescentes que se sentem perdidos, apáticos ou ansiosos quanto ao seu futuro. Os pais parecem ainda mais perdidos do que eles.

 O que significa, então, adolescer no mundo atual?




A geração dos pais e a geração dos filhos : da obrigação  à permissão.


TEXTO DE APOIO
A geração delivery é o universo do já pronto, do descartável, do já pensado, da rápida entrega e do rápido consumo... E, de preferência, com pouco esforço! Como consequência, ouvimos queixas de pais e de professores que seus filhos/alunos não se esforçam, não querem estudar, não se responsabilizam, não se comprometem É neste novo paradigma, o do botão, que a jovem “geração delivery" está se formando. "Ele estuda dessa forma, distrai-se nesse esquema, vê televisão ligado a vários canais ao mesmo tempo através da TV Cabo, em três línguas diferentes. O computador tem cinco janelas ativas trabalhando simultaneamente, eles estão”on-line" em todos os sentidos. Enquanto acedem aos amigos virtuais, numa orelha têm o telefone, na outra o celular..." Eles estão o tempo todo a estabelecer contatos múltiplos, "rápidos porém superficiais, com o mundo todo, literalmente falando. Tudo ocorre por meio de soluções imediatas, não há tempo para esperar, as decisões e as soluções vêm completamente sem elaboração". O mesmo se passa nos vínculos afetivos onde é a geração do "ficar com", que implica apenas o momento, "tudo rápido, até intenso, mas superficial".

Geração do "gadget" tecnológico e da cultura "trash" (tudo é descartável), são os "fast-kids" a quem não é exigido pensar muito ou imaginar muito pois está tudo prontinho para o "input". Os educadores, ao contrário, estão estressados de tanto trabalhar! Qual a repercussão dessa dinâmica social na qualidade das aprendizagens?Certamente, já devem estar deduzindo...A aprendizagem é entendida como complexa. Dentre os múltiplos fatores que interferem no ato de aprender estão os aspectos ligados ao desejo de aprender e a mobilidade que o aprendiz desenvolveu e que ele coloca a serviço dessa jornada. Muitos de nós já ouvimos alguém afirmar: “Estude para ser alguém na vida!”. Essa é uma das verdades-parciais que temos de ‘ressignificar’. Essa afirmativa era verdadeira quando frequentar a escola bastava como um diferencial na vida da pessoa. O diploma era até pendurado na parede. Hoje os nossos jovens, apesar de terem tirado a média requerida pela escola, constatam que na vida do trabalho a média é outra. Ser alguém na vida quer dizer: saber pensar e fazer alguma coisa de uma forma bastante particular. Apesar da universalidade do conhecimento, o mercado de trabalho pede “conhecedores”que transitem entre as dimensões do geral e do específico; das peculiaridades de uma camada social ou de uma determinada comunidade ao conhecimento cientificamente organizado. Dentre as qualidades que o mercado de trabalho tem exigido dos cidadãos, a mais solicitada é a possibilidade de resolver problemas de forma competente, ética e responsabilidade, é não somente querer fazer, mas fazer, decidir com rapidez e trazer soluções para as diversidades que se apresentam no mundo real e globalizado..


Se por um lado nossas crianças e jovens da geração delivery têm tido uma dinâmica social voltada ao tudo pronto e de rápida entrega, por outro a sociedade exige um cidadão com instrumentos para identificar o conhecimento, interagir com ele e reconstruí-lo.
Dar-se bem na vida, estudar, aprender, escolarizar-se e tirar um diploma, são conceitos que têm sido revistos. Os professores, diante dessa nova realidade, têm tido de repensar o desempenho de seu papel profissional, sua forma de trabalhar e de se relacionar com seus alunos e com o conhecimento. Se as facilidades da tecnologia e as dificuldades do corre-corre do dia-a-dia conspiram contra a construção do sujeito apto a atender as exigências dos novos tempos, que a escola e os educadores de modo geral, estejam atentos a essa realidade e às reais necessidades de seus alunos e familiares.
Não podemos esquecer que educar é ser formador de cidadãos instrumentalizados para viver com responsabilidade os desafios dessa nova era.
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Os adultos dizem que no seu tempo não era assim, que era tudo mais difícil, que seus pais não os compreendiam, que era preciso “pegar cedo no batente”, que logo deixaram a casa dos pais e foram cuidar da própria vida. Então, parece que realmente hoje está tudo mais fácil.

No entanto, o que vemos são jovens com pouca iniciativa, angustiados diante da escolha profissional, deprimidos, estressados, com dificuldade para sair da casa dos pais e definir seu próprio caminho. Evidentemente, isso não pode ser generalizado, mas é espantoso o número de meninos e meninas nesta situação.
Analisemos, então, algumas destas “facilidades” do mundo moderno – sexo, por exemplo. Realmente, falar sobre sexo, hoje, é muito mais fácil do que antigamente. Discute-se sexo na escola, em casa, na televisão. É mais fácil fazer sexo, também. Existe a pílula anticoncepcional e uma maior tolerância dos pais com relação à prática sexual dos filhos.
Por outro lado, o sexo, hoje, está associado ao perigo da Aids. Morte e sexualidade caminham juntas. À insegurança das primeiras experiências sexuais juntou-se o medo da contaminação. Além disso, sabendo dos riscos de uma gravidez precoce, alguns pais, aflitos (e com razão!), se antecipam aos pedidos dos filhos, levando a pobre menina de doze anos ao ginecologista, assim que ela diz que “ficou” com aquele menino. Ou comprando caixas de camisinhas para o moleque que mal saiu das fraldas! Isso apavora qualquer criança, principalmente numa fase da vida em que a privacidade é tão prezada.
Aliás, esta é outra questão: há privacidade no mundo contemporâneo? De tudo se fala abertamente. Pais comentam com os filhos sobre sua vida sexual. Se são separados, contam aos filhos sobre seus namoros, paqueras, com quem “ficaram”. Não parece que as coisas estão um pouco invertidas? Não é (ou era) esse justamente o papel dos pais, escutar as aventuras dos filhos?
Será que ser amigo é ser confidente? Atendo uma garota que me diz que ela e a mãe são muito amigas, que a mãe lhe conta tudo, não tem segredos para com ela. Só que ela não conta tudo à mãe. Primeiro, porque não sobra espaço para ela, pois sente que suas histórias “são um lixo” comparadas com as grandes histórias da mãe. E depois, porque a mãe faz tantas coisas de adolescente, que ela se pergunta quem deve dar conselhos a quem.


Cybelle Weinberg, psicopedagoga, usa este desabafo real para dizer que "ser adolescente, hoje, é muito mais difícil do que o foi em épocas passadas". Por quê? Porque hoje é tudo mais fácil. Aparentemente, talvez.

 "Geração Delivery - Adolescer no mundo atual", coordenado por Cybelle Weinberg. Foi recentemente publicado no Brasil (Sá Editora) e dá conta da preocupação de psicólogos, médicos, psiquiatras, pedagogos e professores com os nossos adolescentes.

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