quarta-feira, 29 de junho de 2011

Para a Narração é preciso talento e ousadia.


NARRAÇÃO

Qualquer  acontecimento do qual participamos, direta ou indiretamente, acarreta uma sucessão de  fatos  passíveis de serem narrados. Logo, o fato é a matéria da narração   (personagens  e circunstâncias).
Leve-se em conta  que,  quando o episódio  é  real, a narração fundamenta-se  em pesquisas;  quando o episódio  é fictício , o narrador deve utilizar  a imaginação.

Costuma-se  fazer uma série  de perguntas e as respostas a elas acaba estabelecendo o que é essencial em um fato narrado.
Exemplificando :

O QUÊ? - o(s) fato(s) que determina(n) a história;
QUEM? - a personagem ou personagens;
COMO? - o enredo, o modo como se tecem os fatos;
ONDE? - o lugar ou lugares da ocorrência
QUANDO? - o momento ou momentos em que se passam os fatos;
POR QUÊ? - a causa do acontecimento.
CONCLUSÃO: ???? A SURPRESA.

Observe como se aplicam no texto de Manuel Bandeira esses elementos:

Tragédia brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar urna surra, um tiro, urna facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.


Quando vamos redigir uma história, a primeira decisão que se deve tomar é se vamos ou não fazer parte da narrativa. Tanto é possível contar uma história que ocorreu com outras pessoas, como narrar fatos acontecidos conosco. Essa decisão determinará o tipo de narrador a ser utilizado na  composição.  Basicamente,  há  dois tipos:

Narrador
1. Narrador em 1ª pessoa: é aquele que participa da ação, ou seja, que se inclui na narrativa. Trata-se do narrador-personagem.  
2. Narrador em  3ª pessoa: é aquele que não participa da ação, ou seja, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador.

Personagens
O(s) protagonista(s)  e/ou  o(s)  antagonista(s): são  os personagens principais .

Se o personagem principal narrar sua própria história , ele assumirá  o foco narrativo ( 1ª pessoa). O narrador, porém , pode ser  um mero observador, fora da trama, imparcial, que a estará narrando  como se contasse  um filme (3ª pessoa).  Há também  o narrador onisciente (  sabe tudo, interfere  na história, dialoga com o leitor).

O Enredo                                                                                                                                     O enredo, ou trama, ou intriga, é o “esqueleto” da narrativa, aquilo que dá sustentação à história, ou seja, é o desenrolar dos acontecimentos. Geralmente, o enredo está centrado num conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa; podemos ter um conflito entre o homem e o meio natural (como ocorre em alguns romances modernistas), entre o homem e o meio social, até chegarmos a narrativas que colocam o homem contra si próprio (como ocorre em romances introspectivos).

O Ambiente                                                                                                  O ambiente é o espaço por onde circulam personagens e se desenrola o enredo. Em alguns casos, é de importância tão fundamental que se transforma em personagem, como no caso do colégio interno em O Ateneu .

O tempo
da ocorrência do fato é, freqüentemente, determinado pelo jogo verbal, por isso é fundamental manter  a sequência verbal correta do texto.


O DESFECHO DA NARRAÇÃO:

Sem dúvida é preciso  talento e criatividade para criar um texto narrativo, mas o desfecho pode significar a diferença entre uma história comum e uma grande história, isto é: um texto com final surpreendente ou com anti-clímax é tudo que se espera de uma autoria brilhante na arte de escrever.

Pode-se criar um texto de suspense, de terror, de humor, um romance, algo sobrenatural, e outros mas jamais  perder a COERÊNCIA, absolutamente essencial em qualquer história.

Estrutura:
- Introdução: Apresenta as personagens, localizando-as no tempo e no espaço.
- Desenvolvimento: Através das ações das personagens, constrói-se a trama e o suspense que culmina no clímax.
- Conclusão: Existem várias maneiras de se concluir uma narração. Esclarecer a trama é apenas uma delas.

Recursos:
Verbos de ação, discursos direto, indireto e indireto livre.

                                                                                              Gizelda 

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