A crise de falta d´água em São Paulo tem solução?
A capacidade do Sistema Cantareira, reservatório que atende 9,8 milhões de paulistas – 8,4 milhões só na capital –, chegou a apenas um dígito pela primeira vez na história na última sexta-feira: 9,2%, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Um ano atrás, na mesma data, cerca de 60% do volume do sistema estava disponível. Para evitar a falta de água, a Sabesp iniciou, em março, obras que permitem a captação do chamado volume morto, porção de água que fica no fundo do reservatório, abaixo dos tubos que tiram a água e enviam para as estações de tratamento. Dezessete bombas de captação foram instaladas em março, a um custo de 80 milhões de reais, e, a partir de 15 de maio — segundo a Sabesp —, 200 dos 400 bilhões de litros que compõem o volume morto estarão disponíveis para uso. ( 10/05 /2014)
ALGUMAS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO
Rodízio de água — A possibilidade de um rodízio do abastecimento de água
tem sido descartada pelas autoridades. Na visão dos especialistas, porém, caso
a torneira seque antes que a água do volume morto entre no cano ou a água
extraída dele não seja suficiente para abastecer a região até que as chuvas
encham o reservatório novamente, a medida pode ser inevitável.
Redução da perda de água tratada
— A perda de água tratada em São
Paulo está em torno de 25%. Apesar de ser melhor do que a média brasileira —
cerca de 40% — o índice ainda é considerado bem longe do ideal. Parte dessa
perda se deve a vazamentos de tubulação, que muitas vezes acumulam décadas de
uso, prejudicando o sistema
Mudança de hábitos culturais
— Pensar que São Paulo é uma
região com grande disponibilidade de recursos hídricos é um erro comum entre
seus habitantes. Apesar de o Brasil deter 12% das reservas de água doce do planeta,
a maior parte desses recursos encontra-se na região Norte do país. "A
primeira coisa que a gente tem que fazer para reduzir o consumo de água é mudar
a nossa cultura de abundância.
Despoluição dos rios Tietê e
Pinheiros — Despoluir e utilizar
as águas desses dois rios da região metropolitana não é, até o momento, uma
opção considerada viável pelos especialistas. "Hoje não vejo como utilizar
o Tietê e o Pinheiros. Além da qualidade da água ser ruim, os rios recebem
muita poluição difusa, aquela que é carregada pela chuva que 'lava' a cidade,
contendo às vezes poluentes altamente tóxicos"
Aquífero Guarani — O geólogo uruguaio Danilo Anton propôs o nome
Aquífero Guarani para a grande quantidade de água subterrânea que identificou
na década de 1990, abrangendo partes dos territórios do Uruguai, Argentina,
Paraguai e principalmente Brasil, com uma extensão total de 1.182.000
quilômetros quadrados. Algumas cidades do interior de São Paulo, como Ribeirão
Preto e São Carlos, se beneficiam dessa fonte, mas ela é inviável para os
moradores da metrópole, que está a mais de 200 quilômetros do ponto onde é
possível captar água.
Construção de um novo
reservatório, ou transposição da água de outros rios — Resolver o problema com grandes obras leva tempo e
demanda um investimento alto. "A água está cada vez mais longe, logo, cada
vez mais cara", afirma Antonio Carlos Zuffo.. Ações como tratar o esgoto
da população que vive próximo dos mananciais e proteger as áreas verdes
restantes ao redor deles são essenciais para manter a qualidade da água.
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