Em pleno século XXI ler José de Alencar é complicado.Descritivo por excelência, prolixo,escreve em 100 páginas algo que poderia ser bem escrito em 50, mas...o vestibular está aí, ele foi selecionado e temos que tirar proveito disso.Você tem o direito de não gostar, mas não tem escolha no quesito aprender.
A primeira providência é você se mudar para o contexto histórico da obra e entender que - pós Independência , o Brasil era muito pobre de identidade nacional, portanto criar algo que tivesse " a nossa cara" poderia ser um começo para uma literatura própria
.Alencar era um nacionalista, portanto exaltou a paisagem brasileira - ainda que interiorana- nessa obra. A ingenuidade da história e das personagens casou-se perfeitamente com os tópicos do Romantismo, movimento literário da época.Não é a melhor obra de Alencar que foi um indianista contumaz.
É gostoso ler Til ? Definitivamente, não. ( minha opinião , claro! )Mas, é necessário, porque - COM CERTEZA - essa obra vai estar entre as questões de língua portuguesa Fuvest /Unicamp 2013.
TIL (SINOPSE)
Contextualização ;
O Autor : José de Alencar
Tempo literário : Romantismo (
prosa/ 1836/século XIX)
Definição da
identidade nacional
-Pós-
Independência
Características
gerais
-Nacionalismo
: paisagismo/ indianismo.
-Sentimentalismo
-Subjetivismo
-Liberdade
de criação
-Individualismo
-Literatura
da burguesia.
Til
. romance regionalista /
a vida campesina.
Estrutura :
31
capítulos curtos.
Foco narrativo:
A
narração do romance é feita em terceira pessoa. O narrador é onisciente; ele
conhece, sabe todos os pensamentos e planos dos personagens e os revela ao
leitor. Não é um personagem e nem um simples espectador.
Espaço:
O
local é Santa Bárbara, próximo a Campinas no estado de São Paulo, mas o romance
faz referência também à cidade de Itu; à Vila de Piracicaba e à fazenda do
Limoeiro. A floresta, assim como o bar à beira da estrada ,o Bacorinho e o
lugar chamado Ave-Maria são recursos particulares dentro do romance.
Tempo : No ano de publicação da obra, o Brasil estava às voltas
com a aprovação da Lei do Ventre Livre, que garantia a liberdade a filhos de
escravos nascidos no Brasil.
Estilo : intensamente
poético,descritivo por excelência, adjetivação excessiva.
Enredo: Til é o apelido de
Berta, moça “pequena, esbelta, ligeira, buliçosa” que se envolve nas mais
intricadas tramas, sempre buscando ajudar os que precisam. Trata-se do ideal de
heroína: doce, meiga, caridosa, mas também de coragem e impetuosidade únicas na
literatura brasileira. Capaz de enfrentar jagunços, Berta não mede esforços ao
buscar a realização de seus intentos. Violências, mistérios e triângulos
amorosos constituem esta complicada e bela história.
Personagens
Berta,
Inhá ou Til - personagem central , criada por nhá Tudinha, filha bastarda
do fazendeiro Luís Galvão com uma pobre moça da vila ,Besita. Berta é uma adolescente muito bonita,
graciosa, com movimentos espontâneos e encantadores, atrai para si o amor e
carinho de todos, é caridosa e não se afasta das criaturas mais repulsivas e
desprezadas da região (como Jão Fera, o louco Brás, e Zana). E’ chamada de Inhá
por Miguel, e de Til por Brás .
Miguel - irmão de criação
de Berta, filho de nhá Tudinha, mostra-se desde o principio apaixonado por
Inhá. Esta porém não percebe que o ama e faz de tudo para aproximá-lo se sua
amiga Linda. Sendo pobre, Miguel não poderia casar-se com Linda, mas estuda,
ascende socialmente e pode unir-se a Linda .
Linda
-
filha de Luis Galvão e D. Ermelinda,
educada aos moldes da corte, faz amizade com jovens simples como Berta e Miguel, apaixonando-se
pelo último.
Afonso, irmão de Linda, possui o mesmo espírito
alegre e conquistador do pai Luis, apaixona-se por Berta (sem saber ser esta
sua irmã de sangue).
Luis Galvão - dono da Fazenda Palmas, muito
jovial e alegre, na juventude foi homem
de muitas aventuras amorosas e enrascadas – numa dessas desonrou Besita recém-
casada com Barroso a qual ficou grávida de Berta . Era protegido por uma
“espécie de capanga”, Jão Fera.
Jão Fera ou Bugre - terrível homem, de
feições assustadoras e fama de matador (que na verdade é), segundo uma
interpretação do livro podemos considerar que a vida o tornou assim (foi cheio
de desilusões e sofrimentos). Era apaixonado por Besita, porém apesar de seu
desejo a tinha como “santa” e queria apenas sua felicidade pois sabia que ela
não o amaria como ele. Assim quando Luis Galvao se recusou a casar com ela, ele
rompeu a “amizade” que os unia, protegia Besita , porém ela foi assassinada ,
ele passou a cuidar de Berta e prometeu vingar sua amada.
Brás - sobrinho de Luis Galvão, sofria de ataques
epiléticos e era retardado mental.
Apaixonou-se por Berta que propôs-se a ensinar-lhe o abecedário e
orações. Numa das lições, ele se encanta pelo acento (~) til e só conseguiu memorizá-lo
quando Berta teve a ideia de chamar-se Til .A partir daí,a menina foi-lhe foi
ensinando as letras com associações a coisas ou pessoas conhecidas.
Zana – negra que trabalhava para Besita
.Presenciou toda a historia de Berta e do assassinato de sua mãe. O silêncio
sobre os fatos levou-a à loucura.
Barroso ou Ribeiro – casou-se com
Besita, mas na noite de núpcias abandonou-a para resolver negócios relacionados
a uma herança que recebera. Ficou longe durante muito tempo, quando voltou a
sua casa viu sua esposa com um bebê, planejou
vingança ( a morte de Luis, Besita e sua filha), matou a esposa, mas foi
impedido de matar o Berta por Jão Fera.
D. Ermelinda – esposa de Luis
Galvão, muito elegante e educada, não muito bela. Ao descobrir sobre o passado
de seu marido se entristeceu, mas quando ele confessou, deu-lhe apoio para
reconhecer Berta como filha.
Como
é comum em romances românticos, em Til as personagens são idealizadas
– a heroína da trama, Berta, é gentil, delicada , linda e ainda
dotada de valores sublimes como a generosidade com os desafortunados ; coragem para enfrentar os perigos.
Como
um dos objetivos do autor é mostrar características da vida no
interior de São Paulo, ele coloca no enredo linguagem típica,; diálogos entre
capangas e trabalhadores da fazenda; passagens em que descreve a natureza
da região; mostra diferenças entre a vida rustica e caipira do
interior e a dos centros mais refinados como o meio urbano do Rio de
Janeiro.